O talento português está espalhado pelo mundo e disso ninguém tem dúvida. Poderia falar do mundo do futebol e apoiar-me nos muitos exemplos. No entanto, prefiro falar do mérito de outros portugueses.
Um exemplo recente é o de Joana Vasconcelos que por estes dias pontuou na Semana de Moda de Paris a convite da Dior.
Joana é sem dúvida um nome incontornável, que levou a sua Noiva e o seu Cacilheiro à Bienal de Veneza, que mostrou as suas Valquírias em Londres, Paris ou Macau, que instalou o seu Bule no Luxemburgo. Poderia citar muitas outros sucessos desta artista, mas prefiro olhar para outros exemplos de portugueses que diariamente são embaixadores de Portugal, sem que para isso tenham cargo institucional.
É o caso da atriz Daniela Ruah, do ator Pepe Rapazote, de Marcelino Sambé que é bailarino principal da Royal Ballet de Londres, do mágico Gonçalo Sousa, que aos 20 e poucos anos é um dos jovens talentos a atuar no Magic Castle, em Hollywood. Na ciência, na gestão também há exemplos, que embora menos expostos, muitos deles anónimos no país de origem, ocupam lugares de destaque em multinacionais como, por exemplo, McDonald’s, Engie ou L’Oreal. De igual modo, na academia e na investigação, onde Nuno Maulide, professor premiado e diretor do Instituto de Química Orgânica da Universidade de Viena, é talvez um dos mais conhecidos.
Vem tudo isto a propósito do mérito, de emigração e do quanto Portugal mudou nos últimos anos. No filme “A Gaiola Dourada” presta-se homenagem aos portugueses que tiveram de emigrar (nos anos 60) e foram trabalhar para as limpezas, para as obras. Nutro o maior respeito por cada um deles, tenho óptimos exemplos na família, diria que na sua procura por um futuro, foram visionários e levaram a cultura e o calor do povo português. Mas hoje, a “conversa do coitadinho, da gastronomia tradicional e do folclore” está posta de lado. Os portugueses competem taco a taco com os nomes maiores e são esses portugueses que temos de ter como referência cá dentro.
É urgente que se olhe para o mérito dos nossos que estão lá fora e se trabalhe para que se forme igual cá dentro e se dê oportunidades para que por cá continuem. Afinal, como diz um grande amigo: temos todas as condições para ser a Suíça do sul da Europa. Haja a coragem para fazer diferente!
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