A judoca Catarina Costa teve, hoje, um desempenho de grande nível na sua estreia em Jogos Olímpicos, em Tóquio2020, alcançando um meritório quinto lugar, que lhe confere um diploma, atribuídos até ao oitavo posto.
A Catarina é um perfeito exemplo de resiliência, talento e superação. Durante anos acompanhei a sua evolução no Estádio Universitário de Coimbra, nos mais diversos horários, aproveitando os intervalos das aulas na Faculdade de Medicina para treinar, em várias sessões diárias. Sem queixumes, sempre com um sorriso e uma determinação contagiante.
Representando a Associação Académica de Coimbra, e treinada pelo ex-judoca João Neto, também licenciado na cidade dos estudantes, a Catarina personifica a magia do estudante de Coimbra e o encanto da Académica, uma imagem de marca que se foi esbatendo no tempo, vivendo muitas vezes mais do passado do que do presente.
A Catarina mostra-nos como um atleta de eleição pode aliar a sua competitividade a uma carreira académica igualmente de excelência. Sem necessidade de emigrar. Coincidentemente, há precisamente, há três anos a Catarina sagrou-se, na cidade que a acolheu, campeã Europeia Universitária de Judos nos Jogos Europeus Universitários Coimbra 2018.
A carreira da Catarina é longa, consistente e nem sempre foi coroada de sucesso. Um caminho que os atletas têm que percorrer e que muitos desconhecem. Está de parabéns a Federação Portuguesa de Judo e a Catarina em especial: têm lutado para, nos momentos certos, estarem preparados para aproveitarem as oportunidades.
Fica o sinal claro de que tudo se torna mais fácil quando se trabalha com objetivos. Sem “inventar” ou saltar etapas. Um alerta à fácil ‘fanfarronice’ das medalhas ou ao julgar como falhanço qualquer resultado que não seja de pódio. Nem um nem outro são aconselháveis. A Catarina chegou aos Jogos como 8.ª atleta do ranking, ou seja, conseguiu no momento desportivo mais importante dos últimos cinco anos obter aquele que é o seu melhor resultado desportivo absoluto. Será essa capacidade de superação e transcendência que devemos avaliar. E valorizar. Que na Missão de Portugal em Tóquio2020 tenhamos muitos exemplos destes.
Mário Santos pertence à direção da Federação Internacional de Canoagem e integra o júri daquele desporto nos Jogos de Tóquio 2020. Foi chefe da missão portuguesa aos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e presidente da Federação Portuguesa de Canoagem. Durante estes Jogos vai partilhar o seu olhar com os leitores da VISÃO