
Maionese, iogurte, leite, pizza, óleo vegetal, chocolate, bolos… Champô, verniz, creme hidratante, bâton… Camisas, meias, cortinados, lençóis… Medicamentos. A canábis está presente numa gama cada vez maior de produtos, ao mesmo tempo que vai sendo aprovada para fins medicinais, com mais ou menos restrições, em vários pontos do globo – a contabilização já vai em 41 países, dos quais 25 são europeus, Portugal incluído.
Mas se os medicamentos podem ser provenientes da famosa variedade da planta conhecida por marijuana – com alto teor psicoativo por via de elevadas concentrações de THC (até 30%), o canabinoide alucinogénio e expressamente proibido fora do contexto medicinal regulado pelo Infarmed, os restantes produtos são obtidos a partir de uma variante inofensiva de canábis denominada cânhamo industrial. As plantações de cânhamo obedecem a regras de fiscalização apertada, precisamente por se poderem confundir com as de marijuana, mas são legais em toda a União Europeia, desde que o nível de THC não ultrapasse os 0,2 por cento.
O tema de capa desta semana tem pano para mangas. Lentamente, acompanhando a tendência europeia, começam a surgir em Portugal produtores com vontade de apostar nesta versão da planta, ao mesmo tempo que o País se posiciona na linha da frente no negócio milionário da canábis medicinal.
Quercus sob suspeita
Quem parece não andar bem de finanças é a Quercus, histórica associação ambientalista em Portugal. Para lá da petição lançada esta semana contra a venda de terrenos da organização a uma zona de caça, o jornalista Luís Ribeiro revela-nos que o Ministério Público abriu uma investigação à atual direção por suspeitas de gestão danosa. É o intensificar de uma tempestade com origem em lutas internas que põe em cheque o futuro da Quercus.
Kapuscinski: A verdade da mentira
Onde fica a fronteira entre os factos e a indiscutível veia literária do jornalista polaco Ryszard Kapuscinski? A jornalista Vânia Maia traça o perfil deste que é por muitos considerado “o repórter do século XX”, agora que chega a Portugal a biografia Kapuscinski, Uma Vida (Assírio & Alvim), da autoria do também jornalista polaco Artur Domoslawski, e se estreia a adaptação cinematográfica do livro Mais Um Dia de Vida (Tinta-da-China), sobre os tempos em Kapuscinski foi correspondente em Angola.
Santana vai à luta
Saiu de surpresa do PSD, cansado de ser ovacionado pelos discursos e ignorado quanto às propostas, e foram poucos os que o acompanharam. Os que deixou para trás, com exceção da histórica Conceição Monteiro, desvalorizam a Aliança, por desconfiarem de que o novo partido não vai ser mais do que um “one man show” ou o PSL (Partido do Santana Lopes), como dizem sarcasticamente. Mas ele vai novamente à luta e até conta com um aliado de peso no Porto – é o que ficamos a saber pela pena do Octávio Lousada Oliveira.
Descubra as diferenças
Uma das críticas ao Orçamento do Estado de 2019 que mais vezes têm sido repetidas pelo PSD é a de ser uma mera repetição da versão de2009: um orçamento expansionista que deu o tiro de partida a um período de graves desequilíbrios orçamentais e pressões dos mercados, o qual culminaria com a chegada da Troika. O jornalista Nuno Aguiar analisou os dois documentos e identifica o que os aproxima – mas tambémdá a conhecer o que os afasta.
Os afetos de Luísa Sobral
“Acho que é impossível alguma voz no mundo ficar melhor com a minha do que a do meu irmão. Temos 20 anos de treino disto!”, diz a irmã de Salvador Sobral, Luísa, numa entrevista em que o jornalista Pedro Dias de Almeida a conduz pelos afetos que ligam os 11 temas do seu novo disco, Rosa, todos cantados em português. Está um bocadinho neste vídeo.
Alargar as vistas
É provável que ainda não tenha ouvido falar da Poente. Depois de ler a VISÃO Se7e, ficará a conhecer a história desta marca de óculos portuguesa, que Bernardo Romão lançou há pouco mais de um ano. A coleção inclui nove modelos em acetato, feitos à mão, na fábrica da Sociel, em Gondomar. Mas a jornalista Susana Lopes Faustino também nos fala de outras sete marcas de óculos nacionais, com exemplares cheios de cor e personalidade, no tema de capa do nosso suplemento.
Rica opinião
António Lobo Antunes: “No jornal havia sempre uma página cheia de retratos com cruzes em cima, ou seja pessoas que moravam debaixo da terra, num lugar ao lado da Igreja. Não, a sério, o que seria a morte?”
Capicua: “Hilariante foi ter de gravar a minha própria voz a cantar a letra e a melodia do tema, para enviar ao Camané! Passar pela vergonha de registar a minha cana rachada, cantarolando um fado para o gravador do telemóvel, e pela humilhação de enviar a gravação ao mestre foi pior do que mil tralhos na via pública!”
Ricardo Araújo Pereira: “O que cria os Bolsonaros é o sr. Bolsonaro chegar um dia a casa ligeiramente tocado, porque esteve na farra com os amigos, e olhar para a sra. Bolsonaro como já não olhava há algum tempo, e de repente estão os dois na cama e nove meses depois nasce o Jair, portanto é óbvio que o que cria os Bolsonaros é o vinho verde.”
Boas leituras e até para a semana.