Com um número recorde de candidaturas, incluindo 15 portugueses, a segunda edição do Cascais Ópera decorre até 4 de maio. Para já, entre 23 a 30 de abril, começam as ‘eliminatórias’, com os 40 concorrentes selecionados, no Centro Cultural de Cascais.
A grande final de 4 de maio será no Grande Auditório da Gulbenkian. O JL falou com o seu diretor, Adriano Jordão, sobre um festival em crescimento.
Quais são as principais diferenças em relação ao ano passado?
São várias. Este ano recebemos um recorde de 340 candidaturas, de 49 países. Só da Coreia do Sul, foram 66 candidatos, da China, 44. Por outro lado, nota-se que a presença portuguesa é grande, com 15 candidatos, tantos quanto os dos Estados Unidos. E já sabemos que haverá portugueses a passar à fase presencial, em que só ficam pouco mais de 40 candidatos. É muito importante ver que Portugal está muito presente e ao mais alto nível da competição.
E o júri?
É extraordinário. O ano passado nós tínhamos o diretor da Ópera de Viena, este ano temos o diretor do Festival de Glyndebourne , que é talvez o mais importante festival de ópera do mundo. Temos um fantástico presidente de júri, que é o Sergei Leiferkus, obviamente uma peça essencial para o sucesso. Ganhámos maior projeção internacional, tornámo-nos membros de uma rede muito importante Ópera Latino-América e fomos convidados ao Festival Amazonas de Música, em Manaus.
E estruturalmente há alguma mudança?
As finais decorrem na Gulbenkian, porque o São Carlos, que é o nosso espaço natural, como o único teatro de ópera do país, está em obras. A alternativa da Fundação Gulbenkian é sintomática da relevância que esta iniciativa tomou. Além disso teremos um concerto com 12 semifinalistas, no palácio da Citadela, em Cascais.
Parece ser um festival em pleno crescimento. A que isso se deve?
Em primeiro lugar, Cascais tem um peso muito grande a nível internacional, é uma marca muito importante. Por outro lado, os jovens vão a concurso, não só para ganhar, mas também para serem conhecidos, terem oportunidades. Apresentam-se para pessoas que podem ser decisivas nas suas carreiras. Além disso, houve imensa solidariedade entre os jovens, e isso tocou-me muito. Lembro-me que na minha adolescência, quando eu era concorrente, os ambientes dos concursos eram demasiado competitivos. Aqui não vejo isso.
O que é que um festival destes pode fazer pela música portuguesa?
Dou-lhe um exemplo. A Teresa Rebordão não foi premiada no ano passado, mas acabou por ganhar mais do que isso. Foi escolhida pelo diretor da Ópera de Viena, que fazia parte do júri, para integrar o estúdio da Ópera em Viena. Também aconteceu algo parecido com o Cláudio Anjos, que nem sequer chegou à final, mas foi selecionado para o elenco de uma peça que esteve no São Carlos.
Então, sendo assim, com este crescimento todo, qual será o maior desafio desta edição do Cascais Ópera?
Tentar manter-nos ao mesmo nível. Tudo afigura que sim. Temos um fantástico presidente de júri, que é o Serguém Leifertkus, obviamente uma peça essencial para o sucesso. Por exemplo, a carreira extraordinária do Leifertkus e pelos contactos internacionais é o que ele nos abre.