Qual o balanço que faz da Aveiro Capital Portuguesa da Cultura? Correspondeu às expectativas?
José Ribau Esteves: Fazemos um balanço muito positivo, embora essa questão das expetativas seja algo subjetiva. A assunção desta responsabilidade teve como base a derrota da nossa candidatura a Capital Europeia da Cultura, que democraticamente aceitámos. Em dezembro de 2022, no mesmo dia em que essa decisão foi tomada pelo júri, atribuindo o título a Évora, acordámos a distribuição do título de CPC pelos três municípios finalistas.
Foi uma boa solução?
Sim, quando nos aproximamos do nosso momento de encerramento, no final do ano, há um sorriso aberto que damos a todos aqueles que contribuíram para este trabalho. Foi marcante, muito positivo, muito diverso nos seus mais de 700 eventos que decorreram. Houve uma imensa capacidade de criar, produzir, atrair mais públicos. Funcionou também como uma operação de marketing territorial de Aveiro cidade. Os indicadores que mostram que 2024 vai ser o melhor ano turístico de Aveiro de todos os tempos
Reteve algum momento especial na memória?
O que fica na minha vida é de facto o ano todo, muito intenso e diverso. Mas na memória fotográfica surge-me o concerto de abertura oficial, com a Marta Pereira da Costa, ou o espetáculo de ano novo com 80 mil pessoas, os convidados de honra, o Dia da Marinha… Aveiro deixou um bom contributo para a vida cultural da região e do país. Passamos o testemunho a Braga com o desejo que faça ainda melhor.
O que mais ‘permanecerá’?
Nós sempre fizemos a aposta da CPC como um instrumento para subir um patamar na nossa capacidade de criar, produzir, promover e usar a cultura como elemento da marca territorial. Em 2025, não vamos ter tantos eventos como em 2024, mas vamos ter muitos em continuidade e investir mais em qualidade. Ou seja, vamos ter menos eventos, mas vamos aumentar o orçamento para cada um deles. Há também a dimensão patrimonial, a parte do edificado. Inaugurámos a nossa casa de música, onde passou a estar alojada a Orquestra da Filarmonia das Beiras. Temos muitos outros projetos que vão ver a luz em 2025, como o Museu de Arte Cerâmica Contemporânea, o museu de Aveiro Santa Joana que vai ter uma grande obra reabilitação, o Museu da Terra que vai crescer.
Acha que o conceito de Capital Portuguesa da Cultura deve continuar para além de 2027?
Entendo como muito útil e já partilhei este meu testemunho com a ministra da Cultura. Tudo aquilo que foi o trabalho de planeamento, conceção, desenvolvimento de redes. Há um vasto conjunto de motivos que me leva a dizer ao governo: deem seguimento a este projeto.