Da Casa da Arquitetura, em Matosinhos, ao Centro Cultural Graça Morais, em Bragança, passando pelo Lugar do Desenho, da Fundação Júlio Resende, em Gondomar, pelo Museu Amadeo Souza-Cardoso, em Amarante, ou pelo Museu Nadir Afonso, em Chaves, a “Rede de Arte Contemporânea a Norte” vai ligar 13 museus e centros culturais da região. É um projeto financiado por fundos europeus, com cerca de 250 mil euros, que pretende “articular” as instituições e as suas coleções, que no total abarcam 11 mil obras em 11 cidades, para lhes “dar mais visibilidade”, promovendo uma “divulgação conjunta e um conhecimento mútuo”, como adianta ao JL Laura Castro, historiadora ensaísta, profª e investigadora da Escola das Artes da Un. Católica, ex presidente do TEP e atual diretora Regional da Cultura do Norte, que dinamiza a iniciativa em conjunto com municípios, associações, fundações privadas. Uma aposta a pensar no turismo, sobretudo da Galiza, e no poder de atração da cultura.
Jornal de Letras: O que liga as 13 instituições que integram a Rede de Arte Contemporânea a Norte?
Laura Castro: As afinidades passam por possuírem coleções relevantes de arte contemporânea e terem uma programação nessa área. Além de serem de referência nesse tecido cultural, em muitos casos são museus e centros culturais instalados em edifícios projetados ou recuperados por grandes arquitetos portugueses, como Siza Vieira, Eduardo Souto Moura, Alcino Soutinho, José Carlos Loureiro.
E a rede integra um conjunto de coleções muito significativo.
Claro. São boas coleções, de Graça Morais, em Bragança, de Júlio Resende, em Gondomar, ou de Amadeo Souza-Cardoso em Amarante, além do Museu de Serralves, uma referência. Mas também há uma coleção internacional fantástica no Centro Internacional de Escultura de Santo Tirso, ao ar livre, ou em Vila Nova de Cerveira, que foi constituindo um grande acervo a partir das bienais. E há ainda o Centro Oliva, em S. João da Madeira, com uma grande singularidade, ou as coleções únicas do Centro Internacional José de Guimarães. A Casa da Arquitetura e a Casa do Design também são muito particulares, tal como o importante Museu do Surrealismo, em Famalicão, e o Instituto Marques da Silva. Seja em termos de artistas, de correntes artísticas ou de dinâmicas de programação, há uma diversidade muito interessante e pontos de referência da arte contemporânea no Norte.
Qual o objetivo da rede?
A ideia foi desenvolver um projeto que pusesse esses museus e centros em contacto, permitindo um conhecimento mútuo e criando conteúdos culturais, vocacionados para a divulgação turística. Entretanto, em maio de 2021 foi criada a Rede de Arte Contemporânea, um projeto a nível nacional que será operacionalizado pela Direção-Geral das Artes e um pouco à semelhança do que foi feito com a Rede de Museus ou de Cineteatros. E este projeto no Norte surge quase como uma experiência-piloto.
Que projetos vão ser dinamizados?
Por exemplo, vamos usar a plataforma Google Arts & Culture, que chega a muita gente, para apresentar pequenas exposições do acervo de cada um dos espaços e simultaneamente ter um site dos 13 lugares, que articulará com o do Turismo do Porto e Norte de Portugal, um apoio muito importante.