O facto de estarmos a chegar ao final do Verão não é desculpa para não aproveitar este guia completo para seguir a Rota das Aldeias do Xisto. Para conhecer, uma a uma, as localidades que não pode deixar visitar nas regiões da Serra da Lousã, Serra do Açor, Zézere e Tejo-Ocreza. O Centro de Portugal, tão fustigado, mais uma vez, pelos incêndios florestais, merece o apoio de todos. E, para isso, o que pode ser melhor do que uma visita? Faça as malas e aproveite!
SERRA DA LOUSÃ

Aigra Nova
Filipe Paiva
Aigra Nova
A única aldeia com uma “maternidade de árvores” consegue surpreender o visitante que percorra as suas ruas
A aldeia é de malha urbana simples, correspondendo a um acesso que, no início, se divide em três pequenas ruas que a atravessam e se encontram na saída pelo acesso do lado oposto. O material de construção predominante é o xisto, estando algumas construções rebocadas. As padieiras das portas são, em geral, de madeira de carvalho ou castanho.
Todas as casas erigidas com blocos de xisto obedeceram a regras de construção, de modo a se afirmarem resistentes às intempéries e ao passar do tempo. Dispostas em aglomerados, incluem dois pisos: o piso assobrado, ou primeiro andar, e o rés do chão, geralmente térreo, que deveria albergar o gado. Contudo, também desta regra surgiu a exceção e construíram-se nas imediações de cada povoação vários grupos de currais, ou cortes. Cada um ou mais destes edifícios era propriedade da respetiva casa da comunidade, consoante o património e poderio do proprietário, em cabeças de gado. O segundo piso funcionava também como loja, uma área de arrumos, onde estariam armazenados os cereais, a talha com o azeite, a salgadeira com a carne de porco, as alfaias agrícolas e, por vezes, tinham ainda uma pequena adega com pipas e dornas de fazer o vinho.
É uma aldeia viva: há hortas, há gado e há muitas novas atividades capazes de surpreender o visitante.
A ver
Maternidade de árvores
Espaço de educação ambiental, no Núcleo da Maternidade de Árvores do Ecomuseu Tradições do Xisto é possível conhecer e participar no processo de reprodução de espécies autóctones (plantas, arbustos e árvores). Para além de ficarem a conhecer o Núcleo, os visitantes podem integrar programas de educação ambiental, fazer apadrinhamentos e contribuir para campanhas de plantação de árvores.
Loja Aldeias do Xisto
Além de vender os produtos tradicionais e locais, com o selo das Aldeias do Xisto, tem também um serviço de bar e de refeições ligeiras.
A origem do nome
O nome Aigra Nova terá surgido após uma designação como “aigra fundeira” respeitante a quinta ou a um novo campo de cultivo instalado, quando comparado com a existência de outra aigra (Aigra Velha). Localmente, o nome é tido como originário a partir de acrum que tem o sentido de áspero, amargo, duro, difícil, em referência às condições de trabalho e vida no local.
Natureza
Do património natural riquíssimo que envolve a região, destacam-se os Penedos de Góis e o Parque Florestal da Oitava, habitat de aves em vias de extinção e de mamíferos, como veados e corços, que dificilmente se encontram noutras zonas do País.
História
Pouco se encontra registado sobre a história desta aldeia mas, pelo “Cadastro da população do Reino (1527)”, sabemos que já no séc. XVI existia no termo da villa de Goys a então denominada hegra fumdeyral, onde viviam quatro moradores. A designação parece indicar que, naquela época, já existiria um “campo” ou “quinta” que aqui era cultivado.

Aigra velha
Divulgação
Aigra Velha
Pequena aldeia, com elementos antigos, permite o acesso a uma zona natural de grande beleza, que merece ser descoberta devagar e a caminhar
O conjunto das construções, sendo pequeno, tem uma malha urbana complexa, em virtude das relações familiares e comunitárias que se estabeleceram entre os diferentes proprietários. Estas apenas possuem o nível térreo e organizaram-se num arranjo defensivo contra as intempéries meteorológicas, os intrusos e os animais selvagens (lobos), permitindo comunicação e circulação entre os diferentes espaços, mas mantendo a privacidade de cada família. Encontramos semelhante organização no núcleo primitivo da Aldeia do Xisto de Figueira (Proença-a-Nova).
Cada cozinha tinha um esconderijo, entre a cozinha e os currais, que servia para esconder alimentos considerados excedentes pelos fiscais do Estado Novo, que vinham às aldeias do Interior confiscar os seus mantimentos. Cada casa tinha uma gateira, um buraco na parede para a passagem dos gatos. Estes animais eram muito estimados, pois serviam para liquidar os roedores que se alimentavam de cereais e, dentro dos armários, do vestuário das pessoas. Havia também, em cada cozinha, um caniço, estrutura localizada acima da lareira/fogão, que servia para fumar as castanhas no outono, conservando-as durante o inverno.
À medida que nos afastamos da aldeia, podemos ver os terrenos praticamente sem vegetação. Só aqui é possível ver isto. São terrenos de pastagem que são no verão queimados para rebentar vegetação nova. Há algumas décadas, a serra estava toda assim e os aldeões tinham que caminhar muito para conseguir arranjar lenha.
O material de construção predominante é o xisto, acompanhado por escassos elementos de quartzito. Esta pequena aldeia forma um conjunto que também integra – numa relação de proximidade e de funcionalidade – as outras Aldeias do Xisto do concelho de Góis.
A aldeia apenas é dotada dos equipamentos mínimos, alguns no espaço público, outros privados.
A ver
Forno e alambique da Família Claro
Equipamentos particulares, pertencentes à família Claro, utilizados para a confeção de produtos (pão e aguardente de mel) de consumo próprio. Ambos os equipamentos foram recentemente restaurados ao abrigo do projeto ECO-ARQ.
Tanque
Aqui armazena-se a prevenção contra um eventual incêndio.
Fonte
No início da Quelha da Bica, uma fonte canta, permanentemente, notas de água fresca que flui para o encontro, lá em baixo no fundo vale, com a ribeira da Pena.
Natureza
Do património natural riquíssimo que envolve estas aldeias destacam-se os Penedos de Góis, ex-líbris da região, e o parque florestal da oitava, habitat de aves em vias de extinção e de mamíferos, como os veados e corços, que dificilmente se encontram noutras zonas do País.
Onde fica
Aigra Velha fica a 14 km de Góis. É servida pela EN342 (passando por Comareira e Aigra Nova), da qual dista 6 km, e pela EN2 (passando por Pena), da qual dista 7 km, dois dos quais num troço em terra batida, transitável com as devidas precauções de condução.
A origem do nome
O nome Aigra Velha terá surgido após uma designação como aigra cimeira respeitante a quinta ou a um campo de cultivo que foi instalado em altitude superior, quando comparado com a existência de outra aigra (Aigra Nova).

Pena
Um castanheiro secular guarda a entrada desta aldeia de construção exemplar
Uma única rua e várias pequenas quelhas tecem a malha urbana de Pena. Os materiais de construção predominantes são o xisto e o quartzito. Algumas fachadas estão rebocadas e pintadas com cores tradicionais. Uma ou outra casa, construídas na segunda metade do séc. XX não conseguem perturbar a harmonia arquitetónica da aldeia.
Todas as casas erigidas com blocos de xisto obedeceram a regras de construção, de modo a se afirmarem resistentes às intempéries e ao passar do tempo.
A povoação já deveria existir no séc. XVI, dado que no “Cadastro da população do Reino (1527)” consta no termo da villa de Goys a existência da então denominada pena onde viviam cinco moradores.
As primeiras formas de povoamento que se conhecem no concelho de Góis datam do período Neolítico ou Bronze I, como testemunham os diversos vestígios e achados arqueológicos, encontrados a norte deste território.
A ver
Alminha
É o único elemento de vocação religiosa.
Moinho de água
Na margem esquerda da ribeira da Pena (particular).
Alambique
Na rua que atravessa a aldeia (particular).
Levada de água
Ao longo da margem esquerda da ribeira da Pena.
Fontanário
No centro da aldeia.
Natureza
Incluída no Sítio de Importância Comunitária Serra da Lousã, da Rede Natura 2000. Um castanheiro monumental espera-nos junto à ponte sobre a ribeira da Pena, nas margens da qual, para montante e jusante, abunda o azereiro.
A ribeira de Pena nasce e alimenta-se deste vale encaixado a oeste dos Penedos de Góis.
Onde fica
Localizada no flanco norte da serra da Lousã, junto aos Penedos de Góis, alcandorada sobre o vale escavado pela ribeira da Pena, encontra-se a escassos 5 km da EN2 e a um total de 12 km de Góis.
A origem do nome
Pena é topónimo que tem origem latina em penna, variante de pinna, que significa penha, isto é, penhasco ou rochedo, situação característica da envolvente à aldeia, que se situa junto à crista quartzítica dos Penedos de Góis. Entre os vários afloramentos rochosos, destaca-se o denominado Penedo da Abelha, sobranceiro à aldeia, na margem direita da ribeira de Pena. Também poderia significar local de construção de pequeno castelo ou pequena estrutura defensiva.

casal novo
Divulgação
Casal Novo
Da eira da aldeia pode observar-se a Lousã e o seu castelo
À passagem pelo estradão, quase que nos escapa a presença do Casal Novo. A aldeia desenvolve-se na dobra da encosta, em declive acentuado, orientando-se a norte, e a envolvente arbórea da aldeia não permite perceber o seu perfil. A malha urbana corresponde, quase exclusivamente, ao eixo criado pelo caminho que atravessa a aldeia no sentido ascendente-descendente e que a liga ao Santuário de Nª Srª da Piedade. Duas ou três vielas perpendiculares, e umas quantas entradas laterais, quebram o contínuo de construções que, de um e do outro lado, se encavalitam umas nas outras. O material de construção predominante é o xisto, muito escuro e em aparelho tosco. A esmagadora maioria das fachadas não tem qualquer reboco.
MEMÓRIA
“No dia em que o último habitante se meteu ao caminho, já de malas aviadas, avistou as camionetas que chegaram para abrir a estrada e ligar a luz, objetivos por que sempre lutara dezenas de anos” - in Serras de Portugal (1994)
A ver
Das construções tradicionais e de utilização coletiva apenas restam a fonte, o respetivo tanque e a eira, que é atualmente utilizada como miradouro, tirando partido do panorama que se alcança sobre a planura da Lousã. Na linha do horizonte avista-se até a serra de Montemuro.
História
Foi em 1885 que se registou a maior população residente nesta aldeia: 65 habitantes. Desde 1981 que a aldeia não regista qualquer habitante permanente. De então para cá, quase todas as casas passaram ao estatuto de segunda habitação.
Natureza
Na floresta envolvente à aldeia escondem-se esquivos veados e corços. A ribeira das Hortas, em pouco mais do que 2 km de comprimento, apanha água a cerca de 900 m de altitude e descarrega-a aos 200 m na ribeira de S. João. Faz um percurso vertiginoso num vale profundo. As suas águas quase que não têm tempo para contemplar a aldeia. Mas leva as saudades dela para o Ceira e para o Mondego.
A origem do nome
Casal é um termo do português arcaico que, na Idade Média, correspondia a um aglomerado de duas ou três casas em meio rural. O segundo elemento, Novo, indica-nos ser esta uma povoação de fundação mais recente, quando comparada com outras que lhe são mais próximas (Chiqueiro e Talasnal).
candal
Candal
Exemplo típico de apropriação do território pelo Homem: todas as casas foram erguidas de forma a assegurar a melhor exposição solar
Na bacia hidrográfica da ribeira de S. João encaixa, entre outros, este anfiteatro onde se alojou o Candal e a sua ribeira. Está aninhada na serra da Lousã, numa colina voltada a sul. Estrategicamente colocada junto à Estrada Nacional, que liga Lousã a Castanheira de Pera, esta aldeia está habituada a receber visitantes. Estes são recompensados por subir as suas ruas inclinadas, pois, chegados ao miradouro, uma belíssima vista sobre o vale se apresenta, refrescada pela ribeira do Candal. E quando voltam a descer, a Loja Aldeias do Xisto aguarda-os.
Beneficiado pela acessibilidade privilegiada que lhe proporciona a Estrada Nacional, Candal é muitas vezes considerada a mais desenvolvida das aldeias serranas e uma das mais visitadas. Aos seus habitantes de sempre é comum juntarem-se ocupantes de férias e fins de semana que aqui acorrem em busca de ar puro e boa companhia.
A malha urbana é irregular e complexa. A aldeia desenvolve-se em encostas que se confrontam e sobre as quais o casario se desenvolve como que em anfiteatro. O único elemento estruturante é a EN236 que a bordeja na parte inferior. O material de construção predominante é o xisto, com fachadas sem reboco, evidenciando um aparelho tosco. A banda de casas junto à estrada evidencia sinais exteriores de maior modernidade, com fachadas rebocadas e pintadas de cores garridas, mas que respeitam o traço e a volumetria dominante na aldeia.
As habitações e os edifícios que albergavam o gado doméstico são as construções mais significativas. Mas nesta aldeia é o aspeto do conjunto arquitetónico que a torna verdadeiramente singular, com os contornos pouco uniformes dos edifícios e as construções justapostas ou mesmo sobrepostas a contribuírem para uma paisagem de rica diversidade.
Para lá dos edifícios habitacionais e dos que albergavam o gado doméstico, o Candal não possui significativas construções. Mas as que existem têm a sua história e a sua importância.
A ver
Antiga escola primária
Construída na década de 1920 graças às remessas de divisas enviadas pelos candalenses emigrados nos EUA.
Chafariz do Candal
Implantado na berma da EN236 e datado de 1941, tem poema que o enobrece.
Alminha
É a única construção religiosa que existe na aldeia. Encontra-se no largo da aldeia e foi mandada construir por uma família de candalenses como pagamento de uma promessa.
Moinhos
Cinco moinhos hidráulicos, construídos na década de 1920, ao longo da margem direita da ribeira de Candal, aproveitavam a força da água para acionar o mecanismo que moía os grãos de cereal produzidos nas pequenas leiras da aldeia.
Lagar de azeite
Construído em 1919, foi, recentemente, alvo de intervenção de recuperação, estando o seu mecanismo operacional.
Natureza
Sobreiros e castanheiros crescem próximo das habitações, espécies arbóreas permitidas pelas antigas gentes da serra, valorizadas pela sua cortiça, madeira e frutos, e azereiros e azevinhos refugiam-se em alguns troços das linhas de água próximas da aldeia. Podemos encontrar veados na envolvente da aldeia.
A origem do nome
O nome Candal poderá estar associado à arte de trabalhar a pedra. Os canteiros – os homens que trabalham a pedra – e os pedreiros – que com elas erguem muros e casas –, cantavam enquanto desenvolviam o seu trabalho. “Cantar a pedra” poderá ter evoluído para “candar” e depois para Candal, o local onde se canta a pedra.
História
Em 1911, viviam na aldeia 129 pessoas. Na década de 1920, inicia-se a emigração para os EUA, mas, mesmo assim, em 1940, atingiu o máximo de 201 habitantes. Por esta altura, a aldeia contava com dois rebanhos de cabras e ovelhas, num total de 1200 cabeças. Em 1976, começaram a ser adquiridas as primeiras habitações para recuperação e para funcionarem como segunda residência.

talasnal
Marcos Borga (MB)
Talasnal
Descobrir esta aldeia significa mergulhar no mundo mágico da serra da Lousã e embrenhar-se numa vegetação luxuriante por onde espreitam veados, corços, javalis e muitas outras espécies
Está é, desde há muito, a Aldeia do Xisto da serra da Lousã que tem dado mais visibilidade e carisma ao conjunto. Pela sua dimensão e disposição, mas também pelos muitos pormenores das recuperações das suas casas. E também pela forma como a aldeia nos seduz pela boca.
A fonte e o tanque emitem a melodia que acompanha a nossa visita. As casas decoram-se com os ramos das videiras.
A ruela principal acompanha o declive da encosta, num percurso íngreme. Dela derivam quelhas e becos, que criam um ambiente de descoberta que todos gostam de explorar à espera da surpresa de um novo recanto.
Aqui reina a Natureza, sensível, que pede respeito. Mas que permite inúmeras possibilidades de lazer e de desportos ativos. Aqui sente-se o pulsar da terra e a sua comunhão com os homens quando se avistam ao longe as aldeias. Parecem ter nascido do solo xistoso, naturalmente, como as árvores.
A malha urbana é complexa, distribuindo-se o casario por uma encosta mais orientada a sul (a maioria) e por outra mais orientada a norte. O material de construção predominante é o xisto, de tons escuros, e a quase totalidade das fachadas dos edifícios não possui qualquer reboco.
Descobrir esta aldeia representa mergulhar no mundo mágico da serra da Lousã e embrenhar-se numa vegetação luxuriante por onde espreitam veados, corços, javalis e muitas outras espécies.
A ver
Alminha
Na ruela principal, num nicho envolvido por moldura de madeira.
Lagares de azeite
Existiram dois lagares de azeite na aldeia. Um está em ruína. O outro, particular, foi recentemente recuperado. São os testemunhos do muito “ouro verde” que por aqui se produzia.
A comprar
Talasnicos
O matrimónio entre o mel e a castanha é um casal perfeito em termos de doçaria conventual. O nome de batismo dado a esta criação é uma homenagem à aldeia onde germinou a ideia deste bolinho e se testaram os primeiros ensaios. Foram mãos de fada a moldar este sabor que os deuses inspiraram. A sua autora foi Mirita Meira Santos.
Retalhinhos
É a mais recente criação de confeitaria inspirada pelo Talasnal. Estes pastéis, à base de castanha e amêndoa, foram criados por Maria José, proprietária da Casa da Urze e do Retalhinho.
Natureza
A serra da Lousã conjuga de forma única a vertente cultural e humana das Aldeias do Xisto, com a natureza e as possibilidades de lazer que a sua paisagem proporciona. É casa de veados, javalis e corços que espreitam por entre sobreiros, castanheiros, carvalhos e, claro, pinheiros.
É atravessada por inúmeros trilhos pedestres/BTT e por caminhos que nos levam ao St. António da Neve, ao Alto do Trevim, ao Castelo da Lousã, à Sra. da Piedade e às praias fluviais.
História
Atingiu o auge de população residente em 1911, com 129 habitantes. Possuiu escola e dois lagares de azeite. A escola foi o orgulho da população, que se quotizou para a construir. Depois, quando ficou pronta, faltaram os professores, e, quando eles vieram, faltaram os alunos, até que, em 1975, foi encerrada quando apenas duas crianças a frequentavam. Em 1981, já só existiam dois habitantes permanentes. Atualmente, todos os primitivos habitantes já partiram. As casas foram transformadas em segunda habitação, em unidades de alojamento ou estabelecimentos comerciais.

Chiqueiro
Divulgação
Chiqueiro
Apenas as campainhas dos rebanhos contrariam a sensação de que por aqui o tempo parou há muito
A aldeia é delimitada por duas pequenas linhas de água e dissimulada pela frondosa vegetação que a envolve. Possui malha urbana simples, basicamente organizada por duas ruelas íngremes ladeadas pelo casario. O material de construção predominante é um xisto escuro, e, à exceção da capela, nenhum outro edifício é rebocado. A envolvente florestal e a fauna que a povoa tornam-na num ponto de partida de eleição para caminhadas de descoberta.
As aldeias de Casal Novo, Talasnal e Chiqueiro são bastante semelhantes do ponto de vista arquitetónico, podendo encontrar-se, essencialmente, dois tipos de casas. As com apenas rés do chão e cobertura em colmo, que serviam para currais e as casas de habitação com dois pisos, sendo o superior, acessível por uma escada em xisto, uma só divisão para alojamento, muitas vezes com forno de pão ao canto. As paredes eram de xisto com massa de argila e palha, e a estrutura feita em madeira de castanho ou pinho.
A ver
Capela da Senhora da Guia
Esta capela era partilhada pelos habitantes do Casal Novo e do Talasnal. É uma construção em xisto de planta retangular, rebocada e pintada nas esquinas com faixa em azul-espanta-espíritos.
Inscrição religiosa
Na fachada de uma casa junto à capela, vê-se uma pequena inscrição gravada. São visíveis as letras “I H S”, que correspondem ao trigrama e símbolo que foi utilizado pela Companhia de Jesus.
História
Teve a sua maior população residente em 1940, com 45 habitantes. Desde 1991 que mantém dois habitantes.
Natureza
Aos azevinhos existentes à entrada da aldeia, juntam-se os soutos na sua envolvente, criando uma moldura arbórea cujas cores e tons variam ao ritmo das estações do ano.
A avifauna florestal e os grandes mamíferos – veado, corço, javali – são aqui abundantes e facilmente observáveis. Daqui partem duas pequenas linhas de água ao encontro da ribeira da Vergada, que corre, encosta abaixo, passando ao lado do Talasnal, a caminho da ribeira de S. João.
A origem do nome
De chico – que tem o significado de porco – mais eiró, significa curral de porcos, pocilga ou lugar imundo. Deduz-se que a aldeia possuiu um número significativo de imóveis e construções rústicas vocacionadas para cortes de animais, provavelmente pertencentes ou ocupados por pastores transumantes que, da serra da Estrela, vinham pastorear os seus gados para a serra da Lousã.

Comareira
Filipe Paiva
Comareira
Singela mas cheia de encantos, é ponto comum de paragem para quem visita as praias fluviais
É a mais pequena aldeia da rede. Integra o conjunto das quatro Aldeias do Xisto do concelho de Góis e é abrangida pela dinâmica criada em torno do Ecomuseu das Tradições do Xisto. A aldeia é um pequeno grupo de construções, para habitantes e gado doméstico. Soalheira todo o dia, a Comareira é feita de casas aninhadas umas nas outras, avistando a paisagem que se estende até perder de vista. Os habitantes orgulham-se de dizer que este é um ponto estratégico para os visitantes das Aldeias do Xisto que se interessem pelas praias fluviais desta região ou pelo Parque Florestal da Oitava.
Xisto e quartzito são os materiais de construção predominantes, embora algumas fachadas dos edifícios estejam revestidas com um característico reboco crespo.
Todas as casas erigidas com blocos de xisto obedeceram a regras de construção, de modo a serem resistentes às intempéries e ao passar do tempo. Dispostas em aglomerados concentrados, têm dois pisos: o piso assobrado, ou primeiro andar, e o rés do chão, geralmente térreo, que deveria albergar o gado. Construíram-se também nas imediações de cada povoação vários grupos de currais. Estes edifícios eram propriedade da respetiva casa da comunidade. O segundo piso funcionava também como loja, área de arrumos onde estariam armazenados os cereais, a talha com o azeite, a salgadeira com a carne, as alfaias agrícolas e a adega.
Natureza
Tem uma topografia bastante irregular onde predominam as serras, os montes, os vales, bastante encaixados. Estas tipologias, associadas a uma climatização própria, permitiram o aparecimento de uma fauna e flora muito próprias desta região.
Do património natural riquíssimo destacam-se os Penedos de Góis, ex-líbris da região, e o Parque Florestal da Oitava, habitat de aves em vias de extinção e de mamíferos, como os veados e corços, que dificilmente se encontram noutras zonas do País.
História
As primeiras formas de povoamento que se conhecem no concelho de Góis datam do período Neolítico ou Bronze I, como testemunham os diversos vestígios e achados arqueológicos, encontrados a norte deste território.
A origem do nome
Muito provavelmente, terá a sua raiz em cômoro, combro ou cômbaro – com o significado de pequeno socalco de terra – de onde terá derivado para combareira, termo que ainda ecoa na memória dos habitantes, o qual terá evoluído para Comareira.
Cerdeira
Cerdeira
Aqui mora a tranquilidade. Percorrer a aldeia é um exercício físico e sensorial
Ao entrarmos na Cerdeira, descendo até ao pequeno regato, deparamos com o perfil desalinhado das construções. O tom dominante do xisto sobrepõe-se ao verde das encostas, ao azul do céu ou ao branco das nuvens.
Os edifícios foram implantados sobre um morro rochoso, não ocupando as escassas áreas mais planas que dedicaram à agricultura. Uma obra de engenharia rodeou a aldeia com uma escadaria de socalcos, que seguram a terra que as chuvas e a erosão levavam encosta abaixo. A implantação e a arquitetura das construções parece que obedeceu a um plano que teve como objetivo maravilhar os visitantes no séc. XXI.
A Cerdeira é um local mágico. Logo à entrada, uma pequena ponte convida-nos a conhecer um punhado de casas que espreitam por entre a folhagem. Parece que atravessamos um portal para um mundo fantástico. Tudo parece perfeito neste cenário romântico. O chão de ardósia guia-nos por um caminho até uma fonte no meio de uma frondosa vegetação.
Entre encostas declivosas, rasgadas por linhas de água que se precipitam lá do cimo, a Cerdeira aninha-se na mais bucólica envolvente. Esta é uma aldeia que a arte e a criatividade ajudaram a refundar. Aliás, em certos momentos do ano, esta aldeia é animada por encontros temáticos que juntam arte e botânica.
A Cerdeira é hoje um local de criação, através de residências artísticas internacionais, da realização de workshops de formação e de pequenas experiências criativas. Um lugar para retiros de artistas, de bem-estar, tirando partido da sua riqueza natural, do silêncio e das infraestruturas desenvolvidas para isso: os alojamentos, a Casa das Artes, os ateliers, a biblioteca, a galeria, o forno comunitário, o Café da Videira.
A aldeia dispõe de uma ruela, declivosa, que liga o seu topo à ribeira que corre no fundo do vale. As construções dispõem-se irregularmente ao longo dela, com pequenos recantos entre elas.
O material de construção predominante é um xisto escuro e nenhuma fachada se encontra rebocada.
Os edifícios da Cerdeira guardam, depois de recuperadas, as memórias e a arquitetura de outros tempos. A tradicional pedra de xisto é usada tanto nas habitações como nos currais para animais, e ganha reflexos muito especiais quando o sol atravessa o ar húmido da serra. Ao crescer sobre o terreno inclinado, o casario foi-se implantando de frente para o astro-rei e os caminhos esculpiram-se nos afloramentos rochosos sem distinção clara entre o público e o privado, resultando em ambientes intimistas, como autênticas gravuras.
A ALDEIA QUE DEU UM FILME
O nosso mundo pode acabar de muitas maneiras. Para os três últimos habitantes primitivos da Cerdeira, o fim do mundo aconteceu na década de 1970, após uma discussão sobre a partilha de um bem escasso: a água. Augusto Constantino teve o azar de esboçar com o sacho um golpe ameaçador, mas que bastou para acabar com a vida na aldeia. O realizador português João Mário Grilo, em 1992, adapta a história para argumento do seu filme O Fim do Mundo, de 64 minutos, ficcionando o fim desse ciclo naquele lugar.
A ver
Fonte
Construída, em 1938, pela Câmara Municipal da Lousã, no caminho pedonal de acesso à aldeia. Com água de nascente.
Alminha
Corresponde a um nicho na fachada de uma casa particular. No seu interior, há uma tábua pintada que é um ex-voto dedicado ao Senhor dos Aflitos.
Casa das Artes e Ofícios
Foi reconstruída ao abrigo do programa ECO-ARQ, segundo critérios de ecorreabilitação: emprego de materiais e técnicas de construção locais, com baixa emissão de CO2 (pedra de xisto e argamassa de barro, madeira de castanheiro e placas de granulado de cortiça como isolamento térmico). Hoje alberga iniciativas de turismo criativo e artístico.
História
No início do séc. XIX, apenas o Candal e a Cerdeira escaparam ao saque do exército napoleónico. Em 1885, a população das sete aldeias (as cinco Aldeias do Xisto, mais Catarredor e Vaqueirinho) corresponderia a 8,7% do total da freguesia da Lousã (5 340 habitantes). Teve seis moinhos hidráulicos e dois rebanhos, com um total de 800 cabeças. O Plano de Fomento Florestal do Estado Novo, do início da década de 1940, arborizou as áreas de pastoreio e ditou o declínio desta e das outras aldeias.
Referem os censos que o maior número de habitantes se registou em 1940: eram 79.
Natureza
Parece um presépio disposto na encosta da serra voltada a sul e a poente, um teatro entrecortado pelo sulco serpenteante da ribeira da Cerdeira, que transporta as águas das encostas da serra da Lousã.
A origem do nome
Cerdeira ou Sardeira, em português antigo, identifica a árvore que, hoje em dia, é mais vulgarmente designada por cerejeira.
Gondramaz
Um poema de Miguel Torga dá as boas-vindas a quem chega a este lugar mágico de vistas espetaculares
A aldeia estrutura-se a partir de uma rua principal que se sobrepõe à linha de festo, até ao limite em que o declive permitiu construções. Desta rua, sai uma rede de ruelas estreitas e sinuosas que apetece percorrer com curiosidade.
As boas-vindas são-nos dadas com um poema de Miguel Torga, que se encontra numa placa metálica na área de receção da aldeia.
Gondramaz distingue-se pela tonalidade específica do xisto, que nos envolve da cabeça aos pés. Até o chão que se pisa é exemplo da melhor arte de trabalhar artesanalmente a pedra. Esta é, aliás, terra de artesãos cujas mãos hábeis criam figuras carismáticas que são marca da serra e que levam consigo o nome do mestre e da aldeia além-fronteiras.
Situada na vertente ocidental da serra da Lousã, a paisagem que envolve Gondramaz é uma obra de arte da Natureza. Há nas ruas desta aldeia uma fina acústica que nos desperta todos os sentidos. Dentro das suas ruas, a voz das pessoas torna-se mais nítida e convidativa.
Com uma notável aplicação em xisto, o pavimento permite mesmo a deslocação de pessoas com mobilidade reduzida.
Numa das mais bem sucedidas intervenções de requalificação da Rede das Aldeias do Xisto, não é de estranhar o surgimento de novos habitantes e o ambiente animado que aqui se vive em cada fim de semana. As provas de BTT que arrancam a partir daqui trazem praticantes e uma movimentação que os habitantes já não estranham.
O material de construção predominante é o xisto e a grande maioria das fachadas não se apresenta rebocada. Em Gondramaz preservou-se o genuíno espírito de aldeia num aglomerado muito agregado que mantém uma leitura tradicional.
A ver
Capela de Nª Srª da Conceição
Templo de feição singela que guarda imagens de Nª Srª da Conceição e de Nª Srª das Candeias.
Alminha
Incorporada na fachada de uma casa particular.
Lavadouro e Fontanário
O Lavadouro, que está localizado no centro da aldeia, bem como o Fontanário, que disponibiliza água canalizada, são os únicos equipamentos coletivos da aldeia.
História
Não muito longe da aldeia do Gondramaz foi edificada a cidade de Conímbriga, que influenciava este espaço geográfico. Tendo presente a provável origem do seu nome – villa Gundramaci corresponderia a “quinta de Gundramaco”, nome próprio de origem germânica –, o nascimento da aldeia poderá estar relacionado com a presença visigótica na região.
Natureza
A envolvente florestal imediata da aldeia é dominada por castanheiros, a que se juntam carvalhos e alguns azevinhos, que saltam à vista pelo verdejar das suas folhas e tonalidades de fogo no outono.
Os veados percorrem, discretamente, as encostas que rodeiam a aldeia.
A Veronica micrantha, uma pequena e rara planta, refugia-se nas bermas dos trilhos. E o azereiro marca presença nesta aldeia, acantonando–se junto da ribeira de Alheda.

Ferraria de S. João
Ferraria de S. João
A fixação de novos proprietários com novas ideias, que lhe mudaram o destino, é um caso exemplar de uma aldeia do séc. XXI
Os novos habitantes que ao longo dos anos se têm fixado, gerindo os seus negócios ou simplesmente por opção de vida, têm mudado a face da aldeia e estimulado uma nova energia entre as pessoas.
A Ferraria abriu-se ao mundo sem deixar de ser o que é. As intervenções na aldeia, tanto por parte da Rede das Aldeias do Xisto como dos agentes locais e do município, assentam no que de mais identitário e genuíno aquele local é e tem para oferecer.
Na Ferraria de São João, convivem a ruralidade e o turismo ativo. A aldeia possui um conjunto de aspetos que a distinguem das demais: um magnífico sobreiral, um numeroso conjunto de currais tradicionais, um Caminho do Xisto, um Centro de BTT, um FunTrail para os mais pequenos e muitos trilhos para descobrir.
Alcandorada numa crista quartzítica no extremo sul da serra da Lousã, aqui descobre-se como o xisto e o quartzo se casam numa união perfeita. O material de construção predominante é o quartzito, embora algumas fachadas dos edifícios se encontrem rebocadas e pintadas de branco.
A malha urbana possui um núcleo central, mais denso, construções alinhadas ao longo das ruas do aglomerado e um numeroso conjunto de currais, agrupados num dos extremos da aldeia.
O cenário de fundo perfeito para emoldurar o ex-líbris da aldeia: um grupo de currais comunitários na orla de um imenso e mágico montado de sobreiros. Um dos projetos mais visíveis e de maior sucesso da Associação de Moradores, revitalizada pelos novos habitantes, é a adoção de sobreiros.
As estruturas urbanas existentes na aldeia são um exemplo da sua vivência rural, predominando a agricultura e a pastorícia de subsistência.
A origem do nome
O nome “Ferraria” estará ligado à existência, no passado, de uma pequena exploração de ferro. “São João” refere-se ou à serra de São João, que enquadra a aldeia, ou à existência – na encosta, um pouco acima da povoação – de uma capela dedicada a São João. Ali perto está a Ermida de São João do Deserto.
A ver
Capela de São João
Pequeno templo de linhas sóbrias, sem elementos decorativos no exterior.
Alminha
Nicho encastrado no muro que ladeia a rua que desce para o centro da povoação, com a inscrição em cimento MS 1969. Possui pintura sobre chapa metálica representando as almas no Purgatório.
Alminha na saída norte
Com a inscrição gravada em pedra calcária JT 1925. Ainda possui a chapa metálica sobre a qual existira pintura.
Currais
O conjunto de currais corresponderá a um dos mais numerosos que, em bom estado de conservação, ainda existe em Portugal.
A aldeia possuiu um rebanho comunitário que ascendia a mais de mil cabeças. Era nestes currais que cada proprietário guardava seu o gado.
Eira
Junto a uma das ruas do centro da aldeia ainda existe uma eira, em bom estado de conservação, cujo pavimento é em lajes de calcário, material mais fácil de ser aparelhado do que o quartzito que ocorre no local.
Adote um sobreiro
Na Ferraria de São João existe um Sobreiral centenário que já teve mais de 200 árvores. Um espaço único e fantástico para um piquenique ou uma sesta em dias de verão. A Associação de Moradores tem vindo a adquirir sobreiros ao sr. José Vaz (que tinha quase 100), com o intuito de os preservar e manter o espaço como público e para usufruto de todos em momentos de lazer. Os sobreiros foram adquiridos pelos moradores de Ferraria de São João, com o objetivo de defender uma espécie protegida por lei e o património cultural da aldeia. Como forma de financiar não só a aquisição, mas principalmente a sua manutenção e gestão – que implica cortes sanitários, limpezas de vegetação, beneficiação do espaço –, foi lançado um programa de adoção de sobreiros.
Benefícios para o adotante:
– Personalizar o seu sobreiro com 3 símbolos
– Período de adoção: 9 anos
– Direito de opção sobre 50% do valor da venda da cortiça do sobreiro
(durante esse período)
– Usufruto da sombra do sobreiro
– Oferta de mensalidades de associado
– Participação na atividade anual dos adotantes
– Contributo para a gestão do sobreiral
– Diploma de adoção
As árvores foram divididas nas tipologias pequeno, médio e grande, tendo em conta o tamanho e a idade, sendo que o valor da adoção corresponde a €40, €60 e 80 euros.
Como adoptar? Basta enviar um email para associacaofsj@gmail.com

Casal de S. Simão
Divulgação
Casal de S. Simão
Uma rua que reúne um mundo
Nesta aldeia há um novo sentir coletivo, feito de pessoas que recuperaram as casas com as suas próprias mãos. São novos aldeões que vieram da cidade e que trouxeram nova vida a estas paragens. Todos os fins de semana, e sempre que podem, juntam-se todos nas casas uns dos outros e entreajudam-se nas refeições, nas obras, no convívio. “Que venha quem vier por bem”, parecem dizer-nos.
E o apelo é irresistível…
Esta é uma pequena aldeia de praticamente uma só rua. Situa-se num dos flancos da crista quartzítica que dá origem às Fragas de São Simão e possui o templo mais antigo do concelho de Figueiró dos Vinhos.
A aldeia estende-se ao longo de uma cumeada quase paralela ao curso da ribeira de Alge. A entrada fica no extremo mais elevado e a povoação termina onde os declives tornaram difícil a continuidade dos arruamentos.
O material predominante é o quartzito, decorrente da implantação do povoado na lateral de uma crista deste material. O aparelho de pedra das fachadas encontra-se exposto em quase todas elas, o que atribui uma identidade muito própria à aldeia. A malha urbana é simples e linear, estruturada ao longo da única rua da terra.
A ver
Ponte de São Simão
Pensa-se que a base construtiva é do período do domínio romano.
O tráfego automóvel provocou alterações significativas no seu tabuleiro, que lhe alteraram a configuração primitiva.
Casa particular
Uma casa, porventura uma das mais antigas da aldeia, tem gravada na face exterior da padieira a data de 1701.
Fontanário
A água provém de uma nascente situada na encosta do outro lado do vale. Está datado de 1939.
Ermida de São Simão
Vem do séc. XV e localiza-se à entrada da aldeia, quase no topo do Monte de S. Simão.
É dedicada a este santo, que está no altar-mor, e a S. Judas Tadeu. Recebeu como ampliação, em 1678, a sala para a receção de esmolas. A ermida possui uma inscrição gótica (séc. XV) com o seguinte teor “Esta capela mandou fazer João Vicente, Prior de Aguda, criado do Conde D. Fernando e foi acabada na era de 1458”. Tem um vão gótico, estilo que domina na parte mais antiga do templo. No portal tem gravada a data 1698, mas o vão do lado sul possui gravada na pedra de fecho do arco a data 1675.
Eira e forno
Tal como os inúmeros pequenos socalcos que envolvem a aldeia, testemunham um passado de atividade agrícola e de práticas de autossubsistência.
História
Local de lendas e de superstições, o recôndito Casal de S. Simão era local de pecuária e de pesca, contando também, já no séc. XIX, com múltiplos lagares de azeite e moinhos de vento, aproveitando a sua posição cimeira. Em 1860, viviam na aldeia cinco famílias.
O mestre pintor José Malhoa imortalizou a sua beleza natural num quadro intitulado O Baptismo de Cristo, visível no altar-mor da Igreja Matriz de Figueiró dos Vinhos. Os anos 50 a 70 trouxeram a desertificação da aldeia, que só sofreu um ímpeto de recuperação a partir dos anos 90. Hoje é uma das aldeias mais vivas e hospitaleiras.
Natureza
Rica em fauna – aves como a águia-real já nidificavam na região no séc. XIX – e em flora — com castanheiros frondosos, carvalhos e azevinhos –, o Casal de S. Simão tem o melhor de dois mundos: uma vista panorâmica sobre as colinas em redor, e uma praia fluvial junto à impressionante fraga que rasga os rochedos. Por aqui, a cegonha-negra esconde o seu ninho, a garça-cinzenta faz os seus voos discretos e o guarda-rios os seus voos rasantes sobre águas cristalinas.

Aldeia das Dez
Lucília Monteiro
Aldeia das Dez
Um miradouro quase perfeito para as serras, com um património arquitetónico ímpar
Uma aldeia risonha e encantadora, sobranceira ao rio Alvoco. Toda ela parece um demorado miradouro, com vista privilegiada para as serras envolventes e com um convite irresistível: respirar o seu ar puro e tentar conhecer a sua vasta história. As vistas da aldeia-miradouro conquistam qualquer visitante apreciador das deslumbrantes paisagens da serra da Estrela. Aqui, cada casa, cada rua e cada largo é um miradouro.
Construída predominantemente em granito, a Aldeia das Dez detém um património construído impressionante, com destaque para a Igreja Matriz, cujo interior está decorado com sumptuosa talha dourada.
Na aldeia moraram muitos entalhadores e douradores, que beneficiaram a aldeia com as suas obras. A talha dourada da Igreja Matriz é disso exemplo, juntamente com esculturas e pinturas que embelezam o interior do edifício. Mas os encantos da aldeia vão para lá disso: também se encontram nas pessoas e na paisagem.
Quem não resiste a um bom doce, também pode encontrar bolos tradicionais da aldeia, os coscoréis e cavacas confecionadas à moda da Aldeia das Dez. Aproveite e prove também uma compota ou um licor de medronho, cujo fruto é abundante na zona.
No que toca a património, o da Aldeia das Dez é impressionante e são as casas o que mais se destaca. A Casa do S (ou Casa da Voluta) é um exemplo. Edifício do século XVII de arquitetura popular, conta com dois pisos em estrutura de alvenaria irregular. Digna de visita é também a escola primária. É um edifício característico do “Plano dos Centenários”, do tempo do Estado Novo.
O património religioso também está bastante presente na Aldeia das Dez. Além da Igreja Matriz, que data do século XVIII, há também a Igreja de Santa Maria Madalena, que foi construída em 1758. Dotada de frontaria neoclássica, no seu interior exibe-se um retábulo com a imagem de Santa Maria Madalena. Mais modesta, mas não menos bela, é a Capela de Nossa Senhora das Dores, também erigida no século XVIII.
A Aldeia das Dez é também a aldeia das fontes. São quatro, desde a Fonte do Povo, construída em 1892 e adornada com azulejos com poemas do dr. Vasco Campos, até à Fonte do Soito Meirinho, localizada à entrada da aldeia.
Se quiser fazer uma caminhada, pode utilizar a calçada romana que se localiza a 3 km de Aldeia das Dez, no Caminho das Tapadas e no Areal.
O Cruzeiro do Largo da Fonte, construído em 1661 e restaurado em 1960, também é algo que vale a pena visitar.
MEMÓRIA
No dia 15 de abril de 1953 despenhou-se um caça da Força Aérea Portuguesa em Aldeia das Dez. Era a segunda vez, em poucos dias, que o piloto efetuava exercícios aéreos sobre a aldeia. Nas manobras acrobáticas que naquele dia estava a executar, algo correu mal. O caça embateu numa árvore, depois numa casa e despenhou-se junto à aldeia. O piloto teve morte imediata. O seu nome era Alfredo José. E era natural de Aldeia das Dez.
A ver
Calçada romana
Localiza-se a 3 km da aldeia, no Caminho das Tapadas e no Areal.
Casa quinhentista
Junto à Capela de Santa Maria Madalena. Destaque para as molduras do vão da porta de entrada, arredondadas.
Casa da fábrica
Edifício localizado junto ao cemitério, construído no séc. XIX, que foi fábrica de cobertores.
Escola primária
Característico estabelecimento do ensino primário, construído no âmbito do “Plano dos Centenários”, no tempo do Estado Novo.
Fonte do Marmeleiro
Construída em 1915.
História
Quando, na década de 1860, a indústria dos fósforos se iniciou em Portugal, a Aldeia das Dez assumiu um papel de relevo: em 1890 existiam na aldeia duas ou três fábricas, que empregavam cerca de 50 operários. Uma das fábricas ainda existe e foi convertida em habitação privada, não visitável. Até 1899, ano em que foi concluída a estrada municipal que a liga à Ponte das Três Entradas, a Aldeia das Dez era uma povoação que vivia quase isolada.
Natureza
O rio Alvoco, que nasce na serra da Estrela, é também o rio da Aldeia das Dez. Nesta orografia sulcada numa rede de vales, aquele onde se encontra a aldeia é profundo e tem uma orientação aproximada este-oeste. Possui cerca de 30 km e o seu percurso termina na Ponte das Três Entradas, onde encontra o Alva.
A origem do nome
No “Cadastro da população do Reino (1527)” consta no termo da vila de Avô a existência do então denominado lugar dalldea onde viviam 49 moradores. Terá sido entre o séc. XVI e os séculos mais recentes que “das Dez” foi acrescentado ao nome da povoação.

Benfeita
Lucília Monteiro
SERRA DO AÇOR
Benfeita
A torre sineira da aldeia celebra, todos os 7 de maio, o fim da II Guerra Mundial com 1 620 badaladas
Esta é uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto. E é a única aldeia no mundo que exalta a paz com uma torre, um sino e um relógio. Fica próxima da Fraga da Pena e a Mata da Margaraça, que é uma das mais importantes florestas caducifólias do País.
Venha descobrir como tudo aqui é Benfeita. Percorra as ruas e sinta a frescura no encontro de duas ribeiras, a do Carcavão e a da Mata. No recuperado moinho do Figueiral e alambique, ainda é possível ver como antigamente se aproveitava a força da água. Do outro lado da rua descubra a Igreja Paroquial e o atelier da Feltrosofia, onde se fazem artesanalmente peças de feltro com um design inovador. Não se esqueça de visitar também a loja das Aldeias do Xisto e centro documental, na recuperada Casa Simões Dias.
É obrigatório subir à Fonte das Moscas e apreciar o conjunto de casario branco com as suas ruelas e passadiços característicos, nas quais se destaca a Torre da Paz, de alvenaria de xisto, com uma interessante história para contar.
Situada entre Côja e a Paisagem Protegida da Serra do Açor, a Benfeita leva-nos a seguir a ribeira da Mata, a encontrar a frescura da Fraga da Pena e o arvoredo da Mata da Margaraça.
Maior que o seu tamanho, é a religiosidade da sua população: para além da Igreja Matriz (séc. XVIII), podem encontrar-se a Capela da Nossa Senhora da Assunção, a Capela de Santa Rita e a Capela do Senhor dos Passos. Mais acima, numa colina próxima, encontra-se a Capela de S. Bartolomeu, a da Senhora da Guia e a da Senhora das Necessidades.
Modestas na construção, mas testemunhas da fé das gentes da terra, eram muitas vezes construídas ou melhoradas como promessa a um santo, por uma boa colheita ou assuntos do coração.
Há também inúmeras alminhas, espalhadas por caminhos novos e antigos, preciosas nos seus significados, formosas na sua construção, à espera de serem redescobertas.
A ver
Ponte Fundeira
Em 1880, a ponte – que primitivamente era de madeira – foi erguida em pedra.
Casa Simões Dias
Alberga a Loja Aldeias do Xisto no piso inferior.
Capela de Santa Rita
Templo do séc. XVIII, de planta octogonal, com portal orientado a oeste, retangular e de molduras trabalhadas.
Capela do Senhor dos Passos
Existia um templo primitivo que se encontrava em muito mau estado de conservação, pelo que em 1954 recebeu profundo restauro.
Alminha
Em frente à Capela de São Bartolomeu, na berma do antigo caminho de acesso à Benfeita.
Capela de Nossa Senhora da Guia
No interior merecem referência as imagens de Nª Srª da Guia, em madeira articulada, de Stº António e S. Tiago, em madeira, e duas imagens de Nª Srª com o Menino.
Capela de São Bartolomeu
A cerca de 200 metros do conjunto anterior, a capela está implantada num cabeço acima da Torre da Paz. Templo do século XVII.
História
A partir de 1955, a povoação expandiu-se para a margem esquerda da ribeira do Carcavão. No final do séc. XIX início do séc. XX, os telhados, na sua maioria, eram em ardósia. Mas, em meados do séc. XX, esse aspeto característico das aldeias da Beira Serra quase tinha desaparecido.
Natureza
A Benfeita está a um passo da Mata da Margaraça (Reserva Natural e Reserva Biogenética do Conselho da Europa), um exemplo raro de vegetação original das encostas xistosasl, com sobreiros, castanheiros, aveleiras, cerejeiras e nogueiras. A Fraga da Pena, com quedas de água e vegetação muito próprias, é uma zona igualmente notável.

Fajão
Fajão
Embora algumas fachadas estejam rebocadas e pintadas, são predominantemente utilizadas cores tradicionais (branco e ocre), o que dá uma forte identidade à imagem da aldeia
É uma antiga vila, encaixada numa pitoresca concha da serra, alcandorada sobre o rio Ceira, perto da sua nascente, entre altos e gigantescos penedos de quartzito, cuja configuração faz lembrar antigos castelos naturais. Quem quiser fazer alpinismo e escalar estes penedos, poderá usufruir de um espetáculo único.
As obras de requalificação da aldeia começaram em setembro de 2003 e abrangeram, além de espaços públicos, imóveis particulares. Os proprietários demoliram, voluntariamente, parte dos seus imóveis e Fajão ganhou uma aura mais pitoresca.
Fajão exibe as suas casas em xisto, exemplos da arquitetura típica da zona. Possui uma malha urbana complexa. Toda ela conflui, de forma sinuosa, para o adro da Igreja Matriz. O declive em que se foi implantando é atenuado por vielas oblíquas com rampas e degraus. O material de construção predominante é o xisto – ora de tom escuro ora de tom quase ocre – e, de quando em vez, o quartzito. Embora algumas fachadas estejam rebocadas e pintadas, são predominantemente utilizadas cores tradicionais (branco e ocre) o que dá uma forte identidade à imagem da aldeia.
A aldeia recebe-nos com a hospitalidade das suas gentes e com a beleza surpreendente das suas casas. Cada uma tem uma história feita de pequenos pormenores e de configurações inovadoras, que respeitam e elogiam as linhas tradicionais. É preciso andar devagar e apreciar o namoro entre o xisto e as madeiras de portas e janelas, ou reparar como a cor das paredes parece iluminar todas as ruas por dentro, e que todas elas nos guiam para a luz dos espaços mais amplos. No exterior destacam-se os telhados em lousa e as carpintarias de linhas sóbrias. As janelas de vidro inteiro e duplo, com portadas interiores, conferem leveza a toda a estrutura dos edifícios. As portas, encimadas por padieiras em madeira, apresentam em alguns casos um tradicional postigo de vidro. Aqui e ali, algumas paredes rebocadas e pintadas de amarelo-torrado alegram a vila com um colorido pontual. Vale a pena apreciar as aldrabas, os postigos e cercas, as cimalhas e as paredes curvas, as fontes ou as varandas.
O património religioso merece uma atenção particular, a começar pela Igreja Matriz, dedicada a Nª Srª da Assunção, cuja construção se iniciou em 1788 e se concluiu no ano seguinte. Lá dentro encontramos uma série de imagens religiosas, do século XVI. Ainda há duas capelas, modestas mas pitorescas, e a antiga casa da Câmara, que também serviu como tribunal e cadeia. Embora mantenha a planta original, está reconvertido em unidade de alojamento. Algumas casas particulares do século XIX também merecem ser visitadas. Fajão tem ainda o museu Monsenhor Nunes Pereira. É do interesse de quem quer aprofundar um pouco o seu conhecimento sobre a história da aldeia, apreciando ao mesmo tempo obras de arte feitas em xisto.
A ver
Antiga casa da Câmara, tribunal e cadeia
Embora mantenha a planta, desde que foi vendida a particulares sofreu várias intervenções que transfiguraram a sua antiga feição, nomeadamente ao nível dos vãos. Atualmente, o edifício alberga uma unidade de alojamento.
Antiga escola primária
Edifício construído no âmbito de uma intervenção geral no País denominada “Plano dos Centenários” com a qual o Estado Novo pretendeu facultar a instrução a todas as crianças. A iniciativa era desenvolvida em articulação com as câmaras municipais.
Lavadouro público
Este equipamento, da década de 50 ou 60 do séc. XX, mantém inalteradas as suas características arquitetónicas e materiais construtivos.
Fonte Velha
Situa-se abaixo do adro da igreja, ponto de água que terá sido determinante para o estabelecimento do povoado neste local.
Alminha
Localizada na estrada para o rio Ceira.
História
Em 1233, o prior do mosteiro de S. Pedro de Folques (Arganil), D. Pedro Mendes, concedeu Foral a “dez Povoadores de Seira, que depois se chamou Fajão”, no contexto da política que visava criar comunidades de homens livres que garantissem o povoamento do território cristão. Foi o primeiro foral atribuído pelo mosteiro.
Natureza
Os limites da aldeia tocam no Sítio de Importância Comunitária – Complexo do Açor (Penedos de Fajão) da Rede Natura 2000. Um notável Freixo (Fraxinus angustifolia) está implantado no adro da Igreja e os azereiros abundam nas margens do rio Ceira. Aliás, perto da aldeia fica a nascente do rio.
Onde fica
Fajão localiza-se no coração da serra do Açor, junto à formação quartzítica denominada penedos de Fajão e sobranceira à margem esquerda do rio Ceira.
A origem do nome
Pinho Leal defende que Fajão deriva etimologicamente de Fayão, vocábulo godo correspondente a um nome próprio masculino.
Sobral de S Miguel.
Sobral de S. Miguel
A origem desta aldeia remonta à era romana e esteve sempre associada às antigas rotas comerciais
As casas tradicionais possuem uma arquitetura simples, que tem maior destaque nos balcões e varandas soalheiras, normalmente sombreadas por videiras.
Os edifícios particulares – muitos construídos em xisto – são o ex-líbris da aldeia, mas há muito mais para ver em Sobral de São Miguel. Desde as suas três pontes, das quais a mais emblemática é a Ponte do Caratão, por onde passava a Rota do Sal, até à Casa Museu João dos Santos, onde se encontram expostas várias peças do antigo quotidiano dos habitantes da aldeia.
Como não poderia deixar de ser, Sobral de São Miguel tem o seu próprio património religioso. Disso é exemplo a Igreja Matriz de Sobral de S. Miguel que, tal como hoje se encontra, é fruto das obras de ampliação efetuadas no séc. XX (1933), sendo a torre sineira erguida no ano de 1937. A aldeia também tem uma capela em homenagem a Santa Bárbara, mandada erigir pelos mineiros em 1938.
Quem quiser fazer uma viagem no tempo e ver como se vivia na aldeia deve visitar algumas das construções tradicionais de Sobral de São Miguel: o lagar de azeite, o moinho e, ainda, distribuídos pela aldeia, vários fornos comunitários.
A fonte designada como Fonte do Caratão, também conhecida como Fonte da Ponte, foi construída em 1900 – e é um local muito pitoresco.
A ver
Antiga escola primária
Edifício resultante do “Plano dos Centenários” do Estado Novo, com dois pisos, o que indicia que por aqui existiu uma significativa população escolar.
Capela de Santa Bárbara
Edificada em 1940, quando a exploração do volfrâmio era a ocupação de muitos e a grandeza de alguns.
Eira
No local onde confluem as duas ribeiras que originam a ribeira do Porsim, que atravessa a aldeia.
Tronco de ferrar
Junto à eira, este era o equipamento utilizado para imobilizar as bestas enquanto eram ferradas.
Natureza
No extremo oeste da aldeia, a ribeira do Carvalho e a ribeira da Cabrieira casam as suas águas e aí nasce a ribeira do Porsim, que atravessa o povoado.
Território
Sobral de São Miguel possui, nas suas imediações, duas pedreiras onde se explora xisto, lousa e ardósia. Do ventre destas serranias já saiu pedra para obras em algumas outras Aldeias do Xisto, para algumas Aldeias Históricas, para França e para a Bélgica.
A origem do nome
Sobral deriva do termo latino suberale que significa mata de sobreiros ou terreno onde crescem sobreiros. Assim, aquando da fundação da aldeia, na sua envolvente, esta árvore seria abundante ou existiriam umas quantas de porte notável. O que ainda hoje acontece.

Vila Cova de Alba
Direitos Reservados
Vila Cova de Alva
Nobre aldeia, de dignidade exemplar, marcada pela dimensão dos seus edifícios e espaços públicos
É a Aldeia do Xisto que possui o maior conjunto monumental, nomeadamente por nela uma ordem religiosa ter estabelecido um convento. Convida, por isso, a caminhar e a descansar pelos espaços públicos da aldeia, como o Largo da Igreja Matriz e do Pelourinho, onde coabitam dois solares do séc. XVII, e a descobrir os muitos monumentos religiosos e civis, como o Solar dos Condes da Guarda, o Solar Abreu Mesquita, o edifício dos Osório Cabral e ainda a Rua Quinhentista. Mas há ainda o rio Alva que, com a sua praia fluvial, é uma refrescante tentação nos dias quentes.
Vila Cova de Alva é uma aldeia de apreciável dimensão, com muitas novas construções na envolvente ao núcleo central. A via que passava pela muito antiga Igreja de S. João de Alqueidão, e que se dirigia ao ponto de atravessamento do Alva, estruturou a malha urbana da aldeia. A passagem da EN342 alterou essa estruturação, que se passou a estabelecer nas bermas desta via, aliviando o núcleo antigo de modernas intervenções.
O material de construção predominante é o xisto, recorrendo-se ao granito para os elementos nobres das construções.
A ver
Pedra de armas quinhentista
Pedra de armas (Castelo Branco, Britos, Costas e Castros) e pedra gravada com a data 1536, implantada na frontaria de um edifício atualmente descaracterizado.
Casa da Praça (ou Edifício dos Osório Cabral)
Construído no início do séc. XVII, foi a antiga Casa da Câmara, tribunal e cadeia. Janelas de sacada com verga cornijada e guardas em ferro da época.
Capela de Nossa Senhora da Assunção
Portal com arco de volta perfeita, sobre o qual se sobrepõem um corpo com a pedra de armas.
Fonte de São Sebastião
Fonte profusamente decorada com azulejos.
História
Vila Cova de Alva é povoação de origem remota, à qual foi concedida carta de foral pelo bispo de Coimbra, D. Estêvão Annes Brochardo (bispado: 1304-1318). Os bispos de Coimbra são tidos como donatários da região desde o reinado de D. Sancho I.
Natureza
A Zelha (Acer monspessulanus), uma espécie arbórea pouco comum, ocorre com abundância na margem esquerda do rio Alva, junto à aldeia.
Onde fica
A aldeia está implantada na margem esquerda do rio Alva. As suas gentes souberam proteger os férteis terrenos agrícolas das zonas mais baixas, desenvolvendo-se a povoação ao longo da elevação que culmina no local da Igreja Matriz.
Álvaro
ZÊZERE
Álvaro
Esta aldeia, que pertenceu outrora à Ordem de Malta, esconde um notável património religioso
A aldeia de Álvaro estende-se ao longo do viso de uma encosta sobranceira ao rio Zêzere, acomodada na albufeira do Cabril. É uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto. Isto não significa que o material de construção predominante não seja o xisto. Apenas que a esmagadora maioria das fachadas dos edifícios está rebocada e pintada de branco, apresentando, aqui e ali, vãos de cores garridas. Rica em património religioso, a aldeia foi outrora uma importante povoação para as ordens religiosas, nomeadamente a Ordem de Malta, que deixou inúmeros testemunhos da sua presença. A Igreja da Misericórdia exige uma visita, mas para conhecer bem esta aldeia há que fazer o circuito das Capelas. Nelas encontrará manifestações importantíssimas de arte sacra, desde pinturas a artefactos singulares, como por exemplo uma imagem do Senhor dos Passos, um Sacrário Renascentista ou ainda um Cristo morto com as Santas Mulheres e S. João Evangelista.
Aos pés da aldeia, estende-se a albufeira da barragem do Cabril e as suas infraestruturas fluviais, um lugar para ir a banhos ou simplesmente para se apreciar a paisagem ondulante de montes e serras que se alonga até à Estrela. A malha urbana desenvolve-se quase linearmente ao longo de três arruamentos principais.
No património religioso de Álvaro contam-se sete capelas – Santo António,
S. Sebastião, Nossa Senhora da Nazaré, Igreja da Misericórdia, S. Gens, Nossa Senhora da Consolação e S. Pedro, das quais cinco estão situadas dentro da povoação e duas na zona envolvente. Existem ainda mais dez capelas na freguesia de Álvaro e no interior de cada uma delas guarda-se um admirável acervo religioso. Em redor da aldeia, os caminhos ostentam inúmeras alminhas.
A ver
Igreja Matriz de São Tiago Maior
Fonte de baixo
Fonte de mergulho, toda em xisto e com reboco antigo, provavelmente do séc. XVI.
Edifício da Junta de Freguesia
Implantado no local dos antigos Paços de Concelho, de quando Álvaro foi vila. Esse edifício foi demolido e no seu lugar construída a escola primária, que aí funcionou até à abertura do novo edifício, no tempo do Estado Novo – altura em que foi reconvertido passando a albergar a sede da Junta de Freguesia.
Antiga escola primária
Edifício construído na época do Estado Novo ao abrigo e segundo o modelo regional estabelecido pelo denominado “Plano das Construções”.
Edifício da antiga padaria
José Rosa e esposa – antigos habitantes de Álvaro e importantes beneméritos da Santa Casa da Misericórdia – adquiriram o edifício a um antigo padeiro da aldeia. O edifício mantém-se interior e exteriormente como um elemento de arqueologia industrial na povoação.
Capela de Santo António
Localizada no extremo poente da aldeia, data do séc. XVII. É um templo de planta quadrada, alpendrado, com contraforte do lado norte que tem no topo uma sineirita. Portal em xisto.
História
Álvaro terá sido fundada na linha de defesa contra os mouros, em local estratégico de passagem do Zêzere.
Natureza
Os meandros do rio Zêzere, um dos geossítios do Geopark Naturtejo classificado pela UNESCO, transformam este local num dos mais belos vales fluviais portugueses.
A mata de Álvaro sempre teve um valor excecional, nomeadamente como amostra da vegetação espontânea de natureza climática ali existente. Pelas encostas íngremes circundantes são evidentes as monoculturas de pinheiro-bravo (pinus pinaster), mas é a oliveira (olea europaea) que se apresenta como um elemento marcante da paisagem rural.
A origem do nome
Apontam-se duas hipóteses. Segundo algumas fontes, um criado de nome Álvaro Pires terá ficado encarregue de defender e povoar o sítio, o que terá dado nome à povoação. Por outro lado, álvaro em português arcaico significava álamo ou choupo-branco, espécie característica de zonas ribeirinhas. Certo é que álvaro surge noutros topónimos das proximidades
Barroca
Barroca
Nesta aldeia, continua a respirar-se um ambiente rural, pautado pelos seus ciclos agrícolas
A parte mais antiga da Barroca está implantada ao longo de um pequeno morro, ladeado por duas linhas de água profundamente cavadas, formando um conjunto perpendicular ao curso do Zêzere, com o qual confina.
A Casa Grande, antigo solar do séc. XVIII, é onde hoje funciona o Centro Dinamizador das Aldeias do Xisto.
A paisagem circundante é enquadrada pelo pinhal e pelas pirâmides das escombreiras da Lavaria do Cabeço do Pião, que já pertenceram às Minas da Panasqueira.
No caminho que leva à beira do Zêzere descobrem-se antigos moinhos que laboravam com a força do rio. O espelho de água e a paisagem impõem um momento de pausa, antes de se atravessar a ponte pedonal para a outra margem e descobrir as gravuras rupestres que os nossos antepassados ali deixaram gravadas na rocha há milhares de anos.
A Casa Grande também alberga um Centro de Interpretação deste património e desafia-nos a percorrer a Rota da Arte Rupestre do Pinhal Interior.
A aldeia possui um conjunto de construções periférico, mais ou menos disperso, edificado nos últimos 30 anos do séc. XX. Na praça central da sua malha urbana, destaque para a parte antiga da aldeia, essencialmente estruturada por três ruas, ligadas por várias ruelas.
O material de construção predominante é o xisto, embora uma parte significativa das fachadas dos edifícios esteja rebocada e pintada, principalmente de branco. Existe um número significativo de construções aristocráticas dos séculos XVIII e XIX, de maiores dimensões, integralmente em xisto, facto pouco comum na rede das Aldeias do Xisto.
Na aldeia pisam-se pavimentos em seixos rolados, mas junto ao rio encontramos as lajes de uma antiga calçada medieval. Nas ruas compactas, as casas possuem por vezes passadiços ao nível do primeiro andar e deixam adivinhar, nos seus pequenos detalhes, a vontade de conferir emoções à construção. Fora do perímetro da aldeia, as construções dedicadas aos trabalhos do campo pontuam caminhos de terra batida, entre as pequenas propriedades disseminadas pelas encostas. Através de passadiços e de belos percursos à beira-rio alcançam-se achados arqueológicos que poderão existir há mais de 12 mil a 20 mil anos.
A este património juntam-se belos exemplares religiosos como as capelas de Nossa Senhora da Rocha, São Romão, São Roque e Nossa Senhora da Agonia.
A ver
Lavadouro
Com traços arquitetónicos da época do Estado Novo.
Chafariz dos Namorados
Equipamento em granito, datado de 1915.
Fonte Ribeira da Bica
Equipamento em granito.
Cantinho dos Palermas
Ponto de encontro, ironicamente batizado pelos habitantes.
Capela de Nª Srª da Rocha
Instituída pela família Fabião.
Capela de S. Romão
Na padieira do portal encontra–se gravada a data 1720.
Capela de Nossa Senhora da Agonia
Templo de 1713.
História
Graças à atividade no couto mineiro da Panasqueira, o séc. XX trouxe trabalho e riqueza. Com o fim da II Guerra Mundial, a atividade mineira reduziu-se drasticamente. Muitos procuraram o futuro noutros horizontes. Os que regressaram já no final do século, edificaram as construções que circundam a velha aldeia.
Natureza
A densa e diversificada mata ribeirinha, que reveste as margens do Zêzere a montante do açude, serve de abrigo à lontra que, ao fim do dia, corre agitada sobre as pedras que emergem no rio ou desliza suavemente sobre a superfície das suas águas tranquilas.
A origem do nome
O nome Barroca pode estar relacionado com várias origens: numa das versões do Portugalliae, de Fernando Álvaro Seco, datado de 1600 – tido como uma das primeiras representações cartográficas da totalidade do território continental português – encontra-se Abaroqua na localização da atual Barroca.
Janeiro de baixo
Janeiro de Baixo
A aldeia estabeleceu-se sobre uma extensa saliência da margem direita do Zêzere
O Zêzere encontrou aqui, no seu curso, um duro obstáculo rochoso que teve de contornar. Um moinho escavado na rocha saúda a sua chegada. Ali à frente podemos desfrutá-lo no parque de campismo ou na praia fluvial com o seu extenso areal. O núcleo central da aldeia, a sua igreja e capelas sentem a envolvência do rio. A povoação viu crescer as casas num padrão irregular, ajustadas da forma mais conveniente aos declives do terreno. As paredes dos edifícios, em alvenaria argamassada, sofrem de idade avançada, e as remodelações introduzidas, em muitos casos pela mão do povo, deram nova vida a Janeiro de Baixo. Muitas fachadas dos edifícios estão rebocadas e pintadas, a maioria recorrendo a cores tradicionais. Dentro da aldeia há todo um conjunto de pontos de interesse, desde o património religioso e arquitetónico, passando pelas recentes infraestruturas para acolher os visitantes, até à curiosa memória do “Tronco”, lugar onde antigamente se ferravam os animais.
A ver
Fonte de mergulho
Monumento, datável do séc. XVIII, construído em xisto.
Capela de São Sebastião
Templo singelo, próximo do Largo da Igreja, com alpendre recente, em estrutura de madeira.
Alminha
Construída em xisto, na Rua do Outeiro, à entrada da aldeia.
Moinho escavado na rocha
Ruínas de azenha e moinho junto ao Zêzere.
História
Os testemunhos arqueológicos existentes nas proximidades – nomeadamente, um túmulo antropomórfico – remetem o povoamento do local para a Alta Idade Média, relacionando-o com a atividade relativa à mineração do ouro. Em 1320 aparece referenciada no arrolamento paroquial (como que um diretório das igrejas e mosteiros então existentes).
Natureza
A Garganta do Zêzere – integrado no Geopark Naturtejo – encontra-se nas imediações da aldeia (na saída para Cambas). A proximidade deste rio e o ecossistema ribeirinho propicia a presença de algumas espécies de aves de maior porte, como a garça-cinzenta e o corvo-marinho (no outono e no inverno).
Onde fica
A aldeia situa-se no concelho de Pampilhosa da Serra, uma zona repleta de contrastes, constituída ora por vales profundos e tranquilos ora por picos agrestes e rochosos. A povoação fica como que empoleirada numa minúscula colina a que chamam serra do Muradal. É quase uma península existente entre as velozes águas do rio Zêzere.

Janeiro de Cima
José Caria
Janeiro de Cima
Onde o Zêzere assume um papel principal
No núcleo antigo da aldeia, caminha-se sem pressas pelo emaranhado de ruas sinuosas em que as casas se encostam umas às outras, revelando as suas características fachadas em xisto, ponteadas por seixos redondos e brancos. É por aqui que se escondem segredos, como a Casa das Tecedeiras, que reinventam tradições. Em Janeiro de Cima, a arquitetura em xisto apresenta a particularidade de incluir seixos brancos, rolados, provenientes do leito do rio Zêzere. As primeiras casas da aldeia cresceram em redor da Igreja Velha e é dali que saem um conjunto de ruas estreitas e orgânicas, de fisionomia própria, que se vão articular com becos e ruelas, pátios e quelhas, numa estrutura medieval de grande valor patrimonial.
A ver
Igreja Nova
Templo moderno (séc. XX) edificado na então área periférica da povoação, quando a Igreja Velha já se evidenciava sem capacidade para receber todos quantos pretendiam assistir às cerimónias de culto.
Capela do Divino Espírito Santo
Templo com provável fundação no séc. XVI.
Capela de Nª Srª do Livramento
A caminho da Capela de S. Sebastião.
Balcões
Na aldeia há um número significativo de balcões, que testemunham a utilização habitacional do piso superior, enquanto o piso inferior serviria para animais e alfaias.
História
A representação cartográfica de Janeiro de Cima remonta a 1600, mostrando a sua existência no século XV. Alguns elementos construtivos da Igreja Velha e algumas das imagens religiosas aí existentes parecem confirmá-lo. Três edifícios particulares da aldeia, atribuíveis aos séculos XVII e XVIII, atestam a importância da povoação nessa época.
Natureza
É nas imediações da aldeia que se encontra o Geomonumento Meandros do Zêzere, integrado no Geopark Naturtejo.
Onde fica
Janeiro de Cima situa-se no concelho do Fundão (40 km), numa zona plana da margem esquerda do Zêzere, onde termina a vertente noroeste da serra da Gardunha.
A origem do nome
Conta a lenda que, pelo século XVI ou XVII, um senhor possuidor de vastos domínios e pai de dois filhos, ambos com o nome Januário, decidiu dividir por eles as suas posses: um ficou com os domínios da margem direita e o outro com os domínios da margem esquerda. Situação que terá dado origem à designação Janeiro, aplicada às duas aldeias.
Mosteiro
Mosteiro
A aldeia que também é uma praia
Tudo nesta aldeia sempre girou em torno da água. Hoje é sinónimo de lazer e a razão perfeita para uma visita prolongada. Principalmente nos dias quentes de verão: Mosteiro goza do privilégio de ter uma praia dentro da povoação. Convidamo-lo não só a visitar mas a mergulhar nesta aldeia. Esta é uma pequena localidade de cariz rural, onde a água e a agricultura são elementos fundamentais que condicionaram positivamente o seu desenvolvimento, possuindo o maior regadio do concelho de Pedrógão Grande. A aldeia do Mosteiro desenvolveu-se na margem direita da ribeira de Pera. Os terrenos férteis situados perto do leito da ribeira promoveram a criação de hortas e moinhos que sustentavam a população da aldeia, que vivia da agricultura. Por isso mesmo, visita obrigatória são os moinhos, as levadas, os lagares e regadios que serviram como infraestruturas-base durante séculos e agora são polos de atração turística.
A ver
Praia fluvial
Tem grandes espaços verdes, uma zona extensa de água e uma pequena cascata com riacho, perpendicular à zona fluvial. Os pinhais e os castiçais são altos e densos, proporcionando sombras bastante frescas e agradáveis.
Restaurante Fugas
Localizado na Praia Fluvial do Mosteiro, um antigo lagar de azeite reconstruído em pedra de forma original é hoje um restaurante. Um espaço acolhedor junto aos recantos da ribeira de Pera.
Natureza
A ribeira de Pera nasce entre o Trevim e o Santo António da Neve, nos pontos mais elevados da serra da Lousã. Em Castanheira de Pera, na Praia Fluvial das Rocas, as suas águas formam ondas. Mais tarde contornarão o Penedo Granada, em frente a Pedrógão Pequeno, e juntar-se-ão às águas do Zêzere na albufeira da barragem da Bouçã. A aldeia concentra-se no fundo de um vale, com uma praia fluvial muito convidativa!
Onde fica
A aldeia de Mosteiro situa-se no concelho de Pedrógão Grande. Está implantada em ambas as margens da ribeira de Pera, mas predomina na margem esquerda.
O vale desta ribeira é um dos principais rasgos na vertente sul da serra da Lousã.
Pedrogão Pequeno
Pedrógão Pequeno
Onde o património arqueológico surpreende
Antiga vila, junto à margem esquerda do Zêzere, está a poucos quilómetros de Pedrógão Grande e da barragem do Cabril. Do seu património destacam-se a igreja matriz e a ponte filipina sobre o Zêzere. Em terras do xisto há um Pedrógão – afloramento de granito – que deu pedra para cantarias de portas e janelas. Em Pedrógão Pequeno o xisto esconde-se sob rebocos alvos. Esta é uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto. Para descobrir, a vista do alto do Monte da Senhora da Confiança e a velha estrada que, sobre uma antiga ponte Filipina, nos leva ao Zêzere. É obrigatório provar a sopa de peixe.
Pedrógão Pequeno encerra tesouros arqueológicos que apetece explorar: um troço de calçada romana que conduzia a um ramal de acesso a um castro da Idade do Ferro; uma muralha castreja plena de vestígios ainda por estudar; um conjunto de estelas discoides que podem representar a crença na vida além-túmulo.
Com um património riquíssimo, tem muito para ver: via romana, ponte filipina do Cabril, pelourinho, edifícios particulares de séculos distintos, Cantina Escolar Manuel Ramos e muitos outros pontos de interesse.
A ver
Antigo Hospital da Misericórdia
O edifício teve funcionamento hospitalar mas está hoje em ruínas.
Ponte do Ribeiro
Junto à EN2. É uma ponte de um só arco abatido, mas levemente subido ao centro.
Capelas de Santo António, São Sebastião e Santa Maria Madalena
As duas primeiras anteriores a 1730, a última construída em 1893.
Via-sacra
O circuito das 14 estações encontra-se estabelecido entre o centro da aldeia
e o topo do Monte da Srª da Confiança. Todas as estações possuem representação da respetiva cena da via-sacra em moderno painel de azulejos.
História
A fundação de Pedrógão Pequeno é atribuída a um cônsul romano de nome Aulio Cursio (150 a.C.).
O domínio romano deixou vários testemunhos, dos quais a antiga ponte sobre o Zêzere.
Natureza
Pedrógão Pequeno está inserido numa extensa mancha xistosa do Centro do País, em posição sobranceira ao profundo vale do rio Zêzere.
Onde fica
Sede de freguesia do concelho da Sertã, Distrito de Castelo Branco, Pedrógão Pequeno estende-se por 4 275 hectares na margem esquerda do Zêzere, no extremo da província da Beira Baixa, próximo do local onde foi construído o paredão da barragem do Cabril.
Água Formosa
TEJO-OCREZA
Água Formosa
Bem no centro de Portugal, onde a tradição renasce e se reinventa
A 10 quilómetros do Centro Geodésico de Portugal, a aldeia esconde-se, entre a ribeira da Corga e a ribeira da Galega, numa encosta. Aqui ainda se encontram vestígios das tradições antigas, como os vários fornos a lenha espalhados pela aldeia; mas também evidências de tradições ligadas à utilização da força da água.
Nesta aldeia somos cativados pela sincera simpatia dos habitantes, pelo caminho calcetado que conduz à fonte de água puríssima, um antídoto para o calor que também mata a sede de descanso. Experimente ainda atravessar a ponte pedonal sobre a ribeira para apreciar uma outra perspetiva da aldeia. Com a requalificação da aldeia surgiram novos habitantes, e uma unidade de alojamento surgiu num dos últimos anos. Há novas hortas à volta de toda a aldeia e árvores de fruto.
A aldeia revive. O património existente corresponde a um conjunto de construções tradicionais que parecem fazer parte da paisagem desde tempos remotos.
A ver
Eira dos Réis
Na periferia da aldeia e onde, pelos finais do verão, ainda se seca o milho, os feijões e a palha.
Forno a lenha
No centro da aldeia, ainda em funcionamento… e não só para cozer pão.
Azenha
De cerca de uma dúzia de azenhas que existia ao longo da ribeira, apenas subsistem três e destas apenas uma ainda está em funcionamento.
Natureza
Nas águas da ribeira podemos ver cágados e mesmo lontras. Nas margens, bem próximo da água, podemos observar o feto-real (Osmunda regalis), um dos maiores fetos que ocorrem em Portugal, com grandes e lindas frondes. Cada uma pode atingir mais de um metro de comprimento.
A origem do nome
Apesar das suas dimensões reduzidas, os habitantes de Água Formosa dividem a aldeia em dez áreas distintas, cada uma com um nome bem curioso: Badalinho, Tulhas, Horta de Milho, Horta da Nogueira, Lajes, Hortinha, Sobreiros, Horta da Levada, Labrusca e Rua da Eira.
Sarzedas
Sarzedas
A única aldeia do xisto que teve um título nobiliárquico atribuído
Sarzedas distingue-se pelos traços de cor que lhe marcam as fachadas das casas rebocadas a caminho da fonte da vila. Antiga vila e sede de concelho, o seu pelourinho, o largo, as igrejas e as capelas sobressaem numa malha urbana com casas de belo traçado e volumes grandiosos. No Alto de São Jacinto, junto à igreja Matriz, o campanário com a sua torre sineira ergue-se solitário sobre a aldeia. Está-se bem aqui, a pensar na história deste lugar cujo povoamento se deve a D. Gil Sanches.
O material de construção predominante é o xisto. A grande maioria das fachadas está rebocada e pintada, nalguns casos utilizando cores garridas em decorações características da Beira Baixa.
O título de Conde de Sarzedas foi criado em 1630, por Filipe III, e utilizado por vários titulares. Os Condes de Sarzedas tiveram a sua moradia no Palácio da Palhavã, em Lisboa, edifício hoje ocupado pela Embaixada de Espanha.
A ver
Património
Pelourinho, igreja matriz, torre sineira, Capela da Misericórdia, fonte da vila
Capela de São Pedro
Datada de 1603. Templo de linhas muito simples. No interior conserva uma imagem do padroeiro.
Capela de Santo António
Pequeno templo de planta retangular, orientado a poente. Portal de ombreiras retas e padieira ligeiramente curvado. Pequena janela à direita e óculo por cima do portal.
História
Para Sarzedas a História documentada começa em 1210, quando D. Sancho I (reinado: 1185-1211), com o cognome O Povoador, solicita ao concelho da Covilhã, um herdamento (uma herança) dentro do seu termo para o monarca entregar ao seu filho bastardo, D. Gil Sanches, e ao clérigo fidalgo,
D. Paio Pais, seu arcediago.
Natureza
Sarzedas foi implantada na paisagem da charneca, como que ainda ameaçada pelas alturas da serra do Muradal.
Onde fica
A aldeia de Sarzedas insere-se no concelho de Castelo Branco (18 km), região da Beira Interior Sul. Está situada à beira daquela que foi, desde o séc. XVIII e até grande parte do séc. XX, a principal estrada de Castelo Branco para Proença-a-Nova, Sertã, Abrantes/Lisboa e Coimbra.
Figueira
Figueira
Aqui o forno comunitário ainda tem o quente aroma do pão acabado de cozer
Figueira é uma aldeia em xisto, praticamente plana e de fácil circulação. O seu núcleo central esconde no seu emaranhado de ruelas o forno comunitário. Na sua envolvente, terrenos agrícolas povoados de oliveiras dão origem ao “ouro verde” que já foi a riqueza da aldeia.
O acesso à aldeia coloca-nos numa bifurcação cujos caminhos envolvem o casco antigo do povoado, que forma um labirinto onde a todo o momento a presença de múltiplos pormenores da arquitetura tradicional nos transporta para outros tempos. Hortas, quintais, arrumos agrícolas, currais e capoeiras convivem em todo o espaço urbano.
O material de construção predominante é o xisto, embora algumas fachadas dos edifícios estejam rebocadas e pintadas. Existe um padrão construtivo na utilização do xisto que distingue esta das outras Aldeias do Xisto: muitas ombreiras das portas são irregulares e em alguns muros constatamos um pouco comum assentamento vertical do xisto. Os quintais são delimitados por lajes de xisto espetadas na vertical.
Sente-se aqui um modo de vida comunitário outrora partilhado. Exemplo é o forno comunitário, a eira, e as “portas” da aldeia que se fechavam de modo a proteger os animais dos lobos que, pela noite, rondavam em busca de alimento. Os largos existentes mantêm-se em terra onde pasta e/ou circula o gado, o mesmo que ainda anda pelas ruas da aldeia.
A ver
Loja das Aldeias do Xisto
Variada gama de produtos e pão cozido em forno de lenha. É aqui o restaurante
Casa Ti’Augusta.
Casa da família Balau
É o edifício mais notável da aldeia (séc. XIX).
Forno comunitário
É o ex-líbris da aldeia. Continua a cozer pão.
Moinhos
Existem vários ao longo das margens da ribeira, possíveis de visitar.
História
O núcleo central da aldeia poderá remontar ao séc. XVII. Consta que por aqui existiram famílias que detinham o saber da utilização da pedra em construções. A aldeia terá sido uma escola onde esse saber ficou guardado.
Natureza
Aqui nasce a ribeira da Figueira, que aflui à ribeira das Moitas, a qual, muitas mais curvas e contracurvas depois, encontra o rio Ocreza e este o Tejo.
A origem do nome
Na aldeia e pela sua envolvente, as figueiras são muito frequentes. Não será despropositado ligarmos o nome da aldeia a esta árvore fruteira, quer pela sua abundância já no passado quer por algum exemplar mais notável que tenha existido em qualquer ponto central da aldeia.
Martim Branco
Martim Branco
Parece parada no tempo, é verdade, mas mantém a genuidade… de outros tempos
A aldeia ficou ali, ao lado da ribeira, a ver as pessoas a partir. E assim permaneceu durante muito tempo, até que, há alguns anos, despertou dessa dormência. Os fornos comunitários são os elementos mais interessantes em Martim Branco. Basta provar o pão para perceber porquê…
Num terreno de variados relevos, ora altos ora baixos, ora estreitos ora largos, ora arredondados ora bicudos, é neste tipo de paisagem que vive Martim Branco. Esteios de xisto erguem-se nos quintais. Antes dividiam propriedades, agora unificam a identidade da aldeia. Algumas casas testemunham o raro casamento do xisto com o granito, união de materiais que garante a qualidade e a perenidade dos imóveis. As portas ostentam belas e vistosas ferragens.
Martim Branco é uma aldeia de pequena dimensão, situada entre penedias de xisto e de quartzo, que não possui qualquer património construído do tipo religioso ou cultural. A aldeia desenvolve-se a partir de duas vias – a Rua Principal e a Rua da Bica –, apresentando uma configuração longitudinal.
História
D. Sancho I solicitou para o seu filho D. Gil Sanches a concessão de Sarzedas, na forma de herança.
A régia pretensão foi atendida e, em 1212, D. Gil Sanches e Paio Pais concedem foral e costumes, com vista a restaurá-la e a povoá-la. Foi a partir dessa data que a ocupação da freguesia de Almaceda, onde se inclui a povoação de Martim Branco, se tornou uma realidade.
Natureza
Ao longo da ribeira de Almaceda abundam essências florestais comuns em quase toda a Beira Baixa: o pinheiro, o sobreiro, a azinheira e a oliveira. A fauna é variada: raposas, coelhos, lebres, perdizes, tordos, tentilhões, pintassilgos, codornizes, cucos e cotovias.
Onde ficar
Distando um total de 24 km de Castelo Branco, Martim Branco está apenas a escassos 2 km da EN112, a estrada que de Castelo Branco passa entre a serra do Muradal e da Gardunha, rompendo a serra do Açor a caminho da serra da Lousã.