Os promotores e mediadores imobiliários não antecipam quebra dos preços para os próximos 12 meses, apesar de ser já evidente um abrandamento da procura. Esta é a principal conclusão do mais recente inquérito de confiança do mercado residencial português, o Portuguese Housing Market Survey (PHMS). que revela ainda que os resultados de março mostram que as expetativas quanto à evolução dos preços das casas no próximo ano estão até mais positivas do que no inquérito anterior, passando de um saldo líquido de respostas de +20% em fevereiro para + 27% em março.
Este sentimento desenvolve-se num contexto de abrandamento da procura, com os indicadores quer de novas intenções de compra quer de vendas acordadas a permanecerem em terreno negativo. Em março, um saldo líquido de -30% dos inquiridos reportou um decréscimo na procura por parte de novos compradores em março. Ao mesmo tempo, o saldo líquido para as vendas acordadas foi de -10%.
Os resultados do PHMS de março começam, assim, “a confirmar a resiliência dos preços, apesar das condições económicas e monetárias adversas dos últimos meses e do consequente abrandamento da procura”, destaca Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
O responsável explica que “a conjuntura de forte aumento das taxas de juro e de elevada inflação abriu, para muitos, um cenário potencial de descida ou até colapso dos preços. Contudo, vários indicadores de mercado começam a confirmar a resiliência dos preços, num contexto em que as expetativas quanto à inflação e aos juros são agora de estabilização, enquanto as condições estruturais do mercado residencial não se alteraram. Continuamos a lidar com uma falta crónica de casas para venda, agora ainda mais comprometida pelo aumento dos custos de construção. E esta é uma situação que a iniciativa governamental não parece conseguir resolver”.
Tarrant Parsons, Senior Economist do RICS, reforça esta ideia, ao sublinhar que “a falta de oferta vai continuar a influenciar o comportamento dos preços, com os inquiridos a anteciparem que os valores médios das casas vão continuar a subir ao longo do próximo ano”. Isto, apesar de “a atividade no mercado residencial ter condições para continuar sob pressão, com alguns indicadores ainda em terreno negativo e os inquiridos a anteciparem a continuação de uma quebra nas vendas. Os custos mais elevados do crédito à habitação vão continuar a pressionar a procura e não se espera que este fator se dissipe tão cedo, uma vez que o BCE deverá fazer novos aumentos da taxa de juro”.
Relativamente ao mercado de arrendamento, o inquérito de março confirma um cenário de procura em crescimento a esbarrar numa oferta em compressão, daí resultando um aumento das rendas, com expetativas de que esta situação continua a verificar-se nos próximos meses.
O Portuguese Housing Market Survey (PHMS) é um inquérito mensal de confiança desenvolvido pela Confidencial Imobiliário em parceria com o RICS, o qual reflete o sentimento de promotores e mediadores imobiliários que operam no mercado residencial.