Há dois anos e meio quando a pandemia começou, muitos auguraram o fim de boa parte do Alojamento Local acreditando que esses apartamentos transitariam para o mercado de arrendamento tradicional. Puro engano. Alguns de facto migraram para o arrendamento mas de média duração e apostaram no mercado dos nómadas digitais. Outros foram colocados à venda. Poucos ficaram ligados aos tradicionais contratos de cinco anos de arrendamento o que explica agora o regresso de centenas de apartamentos ao mercado turístico, mais especificamente 2.500 fogos, segundo dados da Confidencial Imobiliário.
Assim, no 2º trimestre deste ano, Lisboa e o Porto somavam, em conjunto, 6.500 fogos de tipologias T0/T1 ativos no Alojamento Local, de acordo com os dados do SIR-Alojamento Local, gerido pela Confidencial Imobiliário. Lisboa agrega 3.400 fogos T0/T1 ativos e o Porto os outros 3.100. Os dados incidem sobre apartamentos de tipologia T0 e T1 com registo de Alojamento Local listados nas plataformas de reserva e que exibem atividade de vendas e ocupação regulares.
Trata-se de uma oferta que recupera cerca de 2.500 fogos para a atividade do Alojamento Local face ao mesmo período do ano passado, quando o número de apartamentos T0/T1 com atividade regular nas plataformas de reserva em Lisboa e Porto rondava apenas as 4.000 unidades, repartidas equitativamente entre as duas cidades.
“Apesar desta trajetória de recuperação da oferta ativa no Alojamento Local, o mercado continua subdimensionado face ao período pré-Covid, alerta a Confidencial.
Recorde-se que no final de 2019, Lisboa e o Porto contabilizavam, em conjunto, cerca de 10.000 fogos T0/T1 com atividade regular no Alojamento Local. Do volume de fogos em atividade neste período, cerca de 6.000 situavam-se em Lisboa e 4.000 no Porto.
De acordo com Ricardo Guimarães, Diretor da Confidencial Imobiliário, “a redução da oferta ativa foi um dos efeitos mais vincados da pandemia. O regresso dos alojamentos ao mercado tem sido lento, refletindo a desconfiança dos proprietários face a uma atividade que se manteve anémica durante muito tempo. Desde o verão passado que se nota um regresso paulatino de apartamentos ao AL e o atual nível de oferta, embora ainda distante dos padrões pré-pandemia, reflete a maior confiança dos proprietários neste mercado, o qual alcançou no verão indicadores de desempenho que não só deixam para trás o período do Covid, como estabelecem novos máximos”.
De acordo com os dados do SIR-Alojamento Local, apesar de ser um mercado de menor dimensão face ao pré-Covid, o Alojamento Local registou no 2º trimestre “um desempenho em máximos históricos”. Lisboa rompeu recordes de ocupação, rentabilidade e diárias, registando uma ocupação média de 73%, um RevPAR de 78€ e uma diária média de 108€. No Porto, as diárias médias “também estão em máximos”, refere-se no relatório, atingindo os 91€ no 2º trimestre, ao passo que o RevPAR alcançou o anterior recorde, de 53€, e a ocupação está a aproximar-se dos níveis máximos do mercado, ao atingir 58% no 2º trimestre deste ano.