Os promotores imobiliários estão menos confiantes quanto à evolução do mercado residencial para os próximos três meses, antecipando “uma redução nas vendas e uma subida mais lenta dos preços”, revela o inquérito trimestral Portuguese Investment Property Survey (PIPS)., conduzido pela Confidencial Imobiliário e pela APPII (Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários).
“Os promotores imobiliários estão preocupados com todos os fatores de aumento dos custos que tornam cada vez mais difícil o lançamento de oferta para a classe média. Uma vez mais destaca-se o tempo de licenciamento das obras como sendo o principal obstáculo à atividade, com impactos muito relevantes na viabilidade das operações, em especial no quadro atual de aumentos dos custos de construção”, realçou Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII.
Para Ricardo Guimarães, Diretor da Confidencial Imobiliário, “um dos números mais relevantes neste survey é o aparente redireccionamento da promoção imobiliária para a procura internacional, depois deste mercado ter perdido quota no último par de anos. Trata-se de uma opção estratégica que permitirá aos promotores lançar obras dirigidas a segmentos mais caros, dessa forma conseguindo acomodar o aumento dos custos de construção, e para compradores com mais poder de compra, menos expostos à redução do poder de compra resultante do impacto da inflação e subida nos juros.”
Ainda assim, os promotores encaram o atual momento como conjuntural, mantendo um elevado ritmo de lançamento de novos projetos (67% diz ter novos projetos em carteira) e de procura de terrenos (56% mostram-se ativos ou muito ativos na procura de novos terrenos).
Não obstante, há uma alteração no perfil alvo dos projetos, retomando-se a maior apetência para os empreendimentos direcionados para os compradores internacionais. Neste inquérito. os promotores afirmam que 64% dos novos empreendimentos dirigem-se a um público internacional (exclusivamente ou em combinação com os nacionais). “Há 3 meses esse era o caso em 55% dos projetos. Este reposicionamento poderá ser a resposta dos promotores ao aumento persistente dos custos de construção (aumentaram 19% no último ano). Há evidência de que os custos de construção em crescimento estão a começar a ser uma realidade normalizada pelos promotores, uma vez que o tempo de licenciamento e a burocracia voltaram a ser apontados como os obstáculos mais relevantes à atividade”, refere-se no barómetro.
Pelo lado positivo, denotar que o acesso a crédito se mantém como um dos fatores menos citados como problemáticos (apesar de agravado face ao começo do ano) e, por fim, a falta de procura permanece como sendo a última das preocupações do setor, com o indicador de pressão a manter-se em níveis historicamente baixos.