A pandemia estimulou novas necessidades habitacionais e também uma ligação maior à natureza levando um número crescente de pessoas a investir na construção de casas em terrenos fora das cidades, sejam estes comprados recentemente, sejam heranças de família que começam agora a ter uso.
Para perceber como funciona o crédito habitação para situações em que se quer construir uma casa, a empresa especializada em finanças pessoais e familiares, Doutor Finanças, compilou um manual de apoio para se perceber até que ponto compensa avançar para esta opção.
“Estamos num período marcado pela prevalência do teletrabalho e pelas perspetivas de que muitas empresas mantenham um modelo laboral que reforce o papel do trabalho remoto, diminuindo também a necessidade de nos deslocarmos para o escritório. Nesta nova realidade estamos a assistir a um aumento da procura por crédito para construção de casas. Viver 24 sobre 24 horas no mesmo espaço, que é a casa, mas também o escritório e a sala de aulas, levou muitas pessoas a pensarem noutras soluções, mesmo que fora dos grandes centros”,salientou Rui Bairrada, CEO do Doutor Finanças.
E em algumas situações “construir uma casa pode ficar mais barato do que comprar uma casa”, afiança a empresa, no seu comunicado, lembrando que nestas situações, as pessoas tendem em alargar o raio geográfico onde estão dispostas a residir. Neste contexto, é fundamental que se perceba como funciona o crédito para construção de habitação.
Atualmente é possível conseguir um crédito para se comprar o terreno e para construir a casa, num processo que corre em paralelo na mesma instituição. Depois de aprovado, este crédito é disponibilizado por tranches (entre três e seis), à medida que a obra for avançando. Ou seja, há um financiamento que é libertado para a compra do terreno e à medida que a obra vai avançando é alvo de vistorias e são disponibilizadas novas parcelas do financiamento.
Neste contexto, o cliente beneficia de um período de carência de capital, que pode variar entre os 24 e os 36 meses, de forma que o cliente tenha um encargo menor enquanto a sua casa não está concluída.
De realçar, que existem uma série de vantagens e desvantagens no recurso a este tipo de financiamento que devem ser tidas em consideração antes de se avançar, diz o Doutor Finanças:
Vantagens
. Oportunidade de construir uma casa à medida.
. Possibilidade de ter prazos mais alargados, o que leva a ter prestações mais baixas.
. Possibilidade de carência de capital, entre os 24 e os 36 meses.
. O IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) para construção é menor face ao da compra de uma casa (nova ou usada). Isto porque o imposto é pago apenas sobre o valor do terreno que é transacionado. Ou seja, dado que se trata de uma construção e não de uma compra, não temos de pagar o IMT da casa, apenas do nosso terreno.
Desvantagens
. Processo mais lento, relativamente à compra de uma casa construída.
. Necessidade de ter capital próprio. Há instituições que financiam, no máximo 90% do valor do terreno e no projeto de construção, enquanto outros podem financiar 80% para o terreno e chegar aos 100% no da construção. Esta é uma desvantagem que se verifica também no crédito habitação tradicional, uma vez que os bancos só podem financiar em até 90% da operação.
. Nalgumas situações, a tranche só é libertada se existir já alguma obra feita e se a avaliação feita pelo avaliador cumprir com os valores que permitam libertar a próxima parcela do financiamento.
. Como são necessárias visitas por parte de um avaliador à obra há um custo extra, uma vez que estas avaliações são pagas pelo cliente.
. Quanto mais tempo demorar a construção, mais juros temos de pagar. Especialmente se decorrer algum período de carência de capital, que faz com que o cliente pague apenas os juros sem que o montante em dívida seja reduzido.
Além disso, o crédito para construção é um processo mais complexo e demorado que o crédito habitação tradicional, uma vez que o processo de construção tem uma influência direta sobre o processo de financiamento.
Além de todas estas questões particulares, para que o processo de financiamento para a construção seja aprovado é necessário cumprir algumas condições, à semelhança de um crédito para aquisição de habitação:
- Terreno com viabilidade para construção;
- Apresentação de orçamentos detalhados;
- Deter toda a documentação pessoal necessária;
- Ter uma taxa de esforço comportável com o pedido de um financiamento;
- Estabilidade profissional e financeira;
- Possuir um histórico limpo no Banco de Portugal;
- Ter um montante disponível para a entrada.
Estas condições podem diferir de banco para banco e variar de acordo com o perfil do cliente. Também com o recurso a este crédito é necessário recorrer à contratação de seguros, nomeadamente o de vida e o multirriscos.
Sempre que residam dúvidas sobre a melhor opção de financiamento, a regra de ouro é sempre fazer simulações das várias soluções disponíveis e procurar ajuda especializada que possa contribuir para uma melhor tomada de decisão.