Os promotores imobiliários recuperaram a confiança no mercado de venda de habitação e já não estão interessados em investir no arrendamento. O último inquérito Portuguese Investment Property Survey, realizado pela Confidencial Imobiliário em associação com a APPII, revela que os promotores estão cada vez mais motivados “pela contínua melhoria nos indicadores de atividade, que entraram em terreno positivo pela primeira vez desde início da pandemia” e que “antecipam uma evolução claramente positiva para os próximos três meses”.
O sentimento geral, diz a Confidencial, “é de que os preços se mantenham estáveis no futuro próximo, com uma variação residual de +0,3%, ao passo que as vendas deverão crescer em torno dos 5%”.
O inquérito revela, assim, que o Indicador de Sentimento recuperou 60 pontos face aos -54 pontos que registava no 2º trimestre de 2020, atingindo 6 pontos no trimestre em curso.
A evolução positiva das expetativas de mercado traduz-se, em contrapartida, num menor interesse pelo arrendamento. “Se no 1º trimestre esta tipologia de investimento era considera atrativa ou muito atrativa para 73% dos inquiridos, no atual trimestre esse indicador cai para 58%. Ao mesmo tempo, aumenta de 21% para 39% a proporção de investidores que olha este tipo de produto como uma possibilidade remota de investimento”, é realçado no estudo.
“O bom desempenho do mercado de vendas e a quebra confirmada das rendas, conforme mostra o Índice de Rendas Residenciais da Confidencial Imobiliário, poderão explicar este desinteresse comparativamente ao trimestre anterior, quando as expetativas de evolução do mercado de venda se tinham deteriorado”, explica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
Também Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII- Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários, recentemente empossado, fez questão de notar que “os promotores reconhecem, sem dúvida, o potencial do mercado de arrendamento mas perante um contexto operacional onde persistem elevados custos de produção, muitos entraves em termos de burocracia, além de instabilidade legislativa grave, muitas das intenções de investimento acabam por ser travadas”.
O responsável lembra que existem muitos constrangimentos ao desenvolvimento deste tipo de investimento e isso acaba por desmotivar os promotores, especialmente face a um mercado de venda com boas perspetivas de evolução e que já provou que é resiliente a grandes choques conjunturais. “Enquanto não resolvermos, ou pelo menos mitigarmos, este tipo de problemas, vamos continuar sem ter um mercado de arrendamento em Portugal e muito menos um mercado de arrendamento acessível aos portugueses, onde os custos de contexto são especialmente sentidos e inviabilizadores”, rematou o presidente da APPII.