A pandemia afastou os turistas e muitas das casas de alojamento local que estavam direcionadas para este segmento foram canalizadas para o arrendamento a mais longo prazo. Um reforço na oferta do stock de imóveis neste mercado que poderá justificar a curva descendente nos preços praticados nas rendas em Lisboa revelada hoje nos números da Confidencial Imobiliário e para a qual os especialistas do mercado já tinham avisado.
“O 2º trimestre de 2020 veio confirmar a tendência de redução das rendas das casas em Lisboa, com os valores contratados na capital a desceram 6,9% em termos trimestrais e 8,7% em termos homólogos”, refere o comunicado da empresa no âmbito do Índice de Rendas Residenciais (IRR), que monitoriza o desempenho das rendas registadas nos contratos de arrendamento.
“Trata-se da descida em cadeia mais acentuada desde que este Índice acompanha o comportamento do mercado de arrendamento de Lisboa, em 2010”, sublinha-se no relatório. Em termos homólogos, só uma vez, no 4º trimestre de 2012, em pleno ciclo recessivo do mercado, se observou uma descida mais vincada, então de -9,1%.
Recorde-se que no 1º trimestre de 2020, Lisboa registou a primeira descida homóloga das rendas em seis anos (-1,8%), consolidando um percurso de dois anos de sucessivos abrandamentos.
A nível nacional, depois de sustentar as rendas em patamares positivos no 1º trimestre, o mercado também cedeu no 2º trimestre, registando uma descida em cadeia de 2,8%. Tal como em Lisboa, esta foi a contração trimestral mais acentuada do IRR nos últimos 10 anos. Ainda assim, as rendas em Portugal Continental continuam 2,4% acima do mesmo período de 2019.
O Porto manteve as rendas estáveis no 2º trimestre, apresentando uma variação de 0,4% face ao trimestre anterior. Em termos homólogos, o mercado do Porto continuou a registar uma variação ainda expressiva tendo em conta o atual contexto, cum uma subida de 6,5% face a igual período do ano passado.