Para marcar a chegada aos 30 anos, a VISÃO lança a rubrica multimédia “Ideias com VISÃO”. Serão 30 semanas, 30 visionários, 30 ideias para fazer agora. Da ciência à saúde, das artes ao humor, das empresas ao ambiente, figuras de referência nas mais variadas áreas darão os seus contributos para pensar um Portugal melhor. Semanalmente em papel e aqui em vídeo.
A minha ideia não é minha nem é nova, mas é importante: precisamos de investir, pelo menos, 3% do PIB em Ciência e inovação. Na verdade, existe um grande consenso em redor desta ideia: já há muitos anos que a maioria dos países europeus anda a prometê-la. Sabemos que a Ciência e o conhecimento são os pilares do desenvolvimento dos países. Sem este tipo de investimento, estamos a atrasar o nosso desenvolvimento social e o nosso desenvolvimento económico.
Este compromisso, ou este pacto, dos 3% do PIB é importante por várias razões. Em primeiro lugar, pelo simples facto de existir: só assim conseguimos dizer, como País, “nós vamos fazer isto”. Em segundo lugar, sem este valor, não estamos a conseguir utilizar todo o potencial humano, todo o potencial de infraestrutura, todo o potencial científico que já temos. A Ciência não se faz sem investimento. E é realmente um investimento: por exemplo, se não tivéssemos investigado o RNA, não teríamos tido as vacinas tão rapidamente durante a pandemia. É por esse motivo que o devemos fazer: porque podemos – temos pessoas bem treinadas, bons cérebros; porque devemos – fazer ciência faz parte de um processo conjunto da Humanidade que nos permite ir avançando ao longo dos milénios (e porque é que os portugueses não hão de fazer parte desse movimento de tentar transformar as vidas em algo melhor?); por fim, também porque não sabemos – de cada vez que fazemos investigação, é difícil saber o que ela nos vai dar, é difícil ter tudo planeado. Por isso, é muito importante que o investimento seja feito na Ciência e nos processos científicos e não só nas suas possíveis aplicações.
Em suma, investir 3% do PIB em Ciência e inovação é fundamental, não só porque podemos fazê-lo mas também porque devemos fazê-lo. Se Portugal fizesse este investimento, daria provas deste compromisso de longo prazo, que já nos deu muitas coisas (como telemóveis e vacinas) e que nos ajuda a perceber porque é que somos como somos, porque é que o céu é azul. É muito importante que o façamos.