De que forma participa a Microsoft na Web Summmit?
Já fui orador o ano passado com a nossa solução de Cloud para empresas. Este ano estamos a promover a plataforma para startups. O que alinha com a Web Summit. Além disso, criámos o espaço Creator (a Microsoft abriu as portas da sede no Parque das Nações aos empreendedores que queiram espaço para trabalhar e providenciou transporte entre as duas localizações) e podemos contactar com as startups e levá-las até ao nosso espaço.
A Morgan Stanley prevê que a área de Cloud represente, em 2018, 30% da faturação da Microsoft. O que está a mudar? Porquê este crescimento? (Nos mais recentes resultados financeiros as ações da Microsoft atingiram um valor histórico, 60 dólares, que só se tinha verificado em 1999. O crescimento da área Cloud foi um dos responsáveis por estes resultados)
A procura por soluções Cloud está a explodir. Aliás, basta ver aqui como as startups estão a usar estas tecnologias. A utilização de Azure por parte das startups está a crescer 30% mensalmente. E mais números: 40% das nossas receitas nesta plataforma advêm de startups.
Antevê que o Cloud venha a ser o maior negócio dentro da Microsoft?
O potencial de mercado das tecnologias Cloud é muito vasto e a Microsoft tem capacidades que a colocam como um dos principais players nesta área. Estamos em 38 regiões e temos uma série de plataformas e tecnologias certificadas e confiáveis. O Office 365, por exemplo, é uma ferramenta de transformação digital das empresas.
Setor Público, mercados emergentes… quais são as áreas que identifica como tendo maior potencial de crescimento para o mercado Cloud?
O potencial é transversal a todo o tipo de organizações. Estas tecnologias estão a transformar as mais variadas indústrias e negócios.
E a segurança? O receio ainda é a principal preocupação quando uma empresa começa a ponderar a adoção de uma solução Cloud?
Estamos a assistir a uma moderação de perceção sobre a segurança da Cloud. Aliás, há dois aspetos a ter em conta quando analisamos esta questão. Por um lado, temos a segurança embutida na estrutura tecnológica; por outro, a segurança que o cliente (a empresa) tem de trazer para a solução. No que se refere à estrutura tecnológica, a perceção das empresas mudou muito nos últimos 12 meses. Antes existia um receio latente sobre as capacidades dessa estrutura em manter a informação segura e, agora, as empresas acham que a solução que têm “em casa” é mais insegura do que a que possam usar baseada em Cloud.
Consegue identificar as razões dessa mudança comportamental?
Sim. O nosso negócio baseia-se em confiança. A Microsoft investe mil milhões de dólares anualmente em segurança. Não há muitas empresas capazes de investir esse valor no desenvolvimento de plataformas seguras para Cloud.
Continuando a falar de comportamentos, ainda existe um choque de culturas dentro das empresas? Onde um setor quer investir em tecnologias para mudar o negócio e outro se mantém mais “tradicional” e adverso a essa transformação?
Há 5 anos eu vi muitos desses casos. Hoje, são menos. As empresas perceberam que a Cloud está no seu caminho de futuro. Agora, oiço os CEO e CIO a dizer: “Cloud First” (ou seja, a transposição para a Cloud deve ser uma prioridade).
A abordagem por uma Cloud Híbrida (mistura parte dos dados públicos e outros privados) ainda é mais fácil para conquistas as empresas?
Sim. Apesar de terem uma “mentalidade Cloud”, a maior parte destas empresas tem “on premise” (na infraestrutura local) muitas aplicações, dados e sistemas que não, simplesmente, desligar. Por isso, é raro encontrar uma empresa que, basicamente, “desligue as luzes” e fique na Cloud. É um processo, uma viagem. E a solução híbrida é a que mais se adequa nessas situações.
As organizações governamentais poderiam ter ganhos significativos com a utilização de soluções Cloud. No entanto, há muitos constrangimentos legais. Vê alguma mudança neste setor?
A Microsoft trabalha de perto com os reguladores para garantir que existem condições legais para que os dados possam ser movidos para a Cloud. E há informações que, exatamente devido ao quadro legal, têm de ficar dentro dos países. Aí entram as soluções híbridas de que já falámos.
Qual é a sua posição sobre Blockchain? Sei que a Microsoft está a trabalhar com uma empresa australiana nessa tecnologia. É mais segura? (Blockchain é uma rede de dados onde cada transação é assinada digitalmente e verificada por toda a rede)
Não diria que é mais segura. Tem mais integridade a partir do momento que temos acesso ao histórico de todas as transações feitas na rede. O que é um beneficio. No entanto, é necessária sempre uma infraestrutura de Cloud resiliente e segura que mantenha o Blockchain também ele seguro. E é aí que entra o Azure, da Microsoft.
Como é que vê tendências como a Internet das Coisas, o Big Data, a Inteligência Artificial… como é que vê o futuro destas tecnologias que vão gerar grandes quantidades de dados e a necessidade de os transformar em informação?
Esse é um futuro que nós, Microsoft, estamos a ajudar a construir. Temos equipas a desenvolver soluções para a Internet das Coisas, desenvolvemos tecnologias para analisar grandes quantidades de informação e estamos muito focados na Inteligência Artificial com sistemas, por exemplo, baseados em Realidade Aumentada. São grandes apostas nossas.
O Mark também é escritor. Tem várias obras de ficção publicadas onde a personagem central é Jeff Aiken, um perito em cibersegurança. Se essa personagem se confrontasse com o mesmo dilema que foi colocado a Edward Snowden, o que faria? Seria fiel ao empregador?
O Jeff Aiken é muito fiel e trabalha para o governo. Por isso, tenho a certeza que se manteria fiel.