Vivemos rodeados de riscos, incertezas e ambiguidades. Com base na nossa experiência, vamos construindo a nossa forma de agir, sistematizada e sustentada na conformidade daquilo que nos rodeia com base na nossa perceção e noção de qualidade.
Na economia, porém, uma noção sobre o que é bom e desejável não é suficiente. A possibilidade de criar normas torna as ações e o seu produto num estado desejável, que pode e deve ser partilhado como exemplo a seguir, abrindo-nos um mundo de possibilidades. Assim, conseguimos garantir a eficiência dos nossos processos, produtos e gestão operacional de forma a conquistar a confiança de parceiros, fornecedores, e sobretudo, clientes.
Hoje, 14 de novembro, assinala-se o Dia Mundial da Qualidade. Este dia pode remeter, no contexto português, para a International Standardization Organization (ISO) e a ISO 9001, a norma mais difundida em todo o mundo, que regula a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade. Mas, na verdade, vai além disso. A data foi celebrada, pela primeira vez, pela Organização das Nações Unidas, e antes, o CQI (Chartered Quality Institute), o primeiro órgão mundial oficial dos profissionais da qualidade, já assinalava a “Semana Mundial da Qualidade”.
Mais do que uma ideia abstrata, celebra-se a vitória da Humanidade sobre o risco. Não que este se possa eliminar de forma absoluta, mas seguramente com a implementação de um Sistema Interno de Qualidade e com a garantia do cumprimento dos requisitos das normas associadas, conseguimos atuar na gestão de riscos, identificando-os e implementando ações para a sua mitigação.
Planear – Fazer – Verificar – Agir. A metodologia, que lidera a criação e aperfeiçoamento de processos, é a chave para obter a máxima rentabilidade e eficácia em qualquer negócio. Aplicável em todas as organizações, e também, a domínios de atuação mais específicos, como é o caso da Segurança de Informação, onde a norma de referência é outra: a ISO 27001, criada em 2005. Em ambos os casos, e apesar das áreas de atuação serem muito diferentes, a existência de uma metodologia internacionalmente reconhecida para chegar a um nível de desempenho faz a diferença.
Em Portugal, porém, dos 1,45 milhões de empresas ativas (dados do INE), uma breve consulta ao Instituto Português de Acreditação mostra que apenas 6.348 detém a certificação ISO 9001 e 196 ostentam a certificação ISO 27001. Porquê tão poucas, em ambos os casos? A resposta é composta por duas palavras: tempo e recursos.
O tempo é fundamental: há diagnósticos a fazer, obstáculos a resolver, medidas a criar e, mesmo após a certificação, um sistema de gestão a sustentar, num ciclo de melhoria contínua. A ISO 9001:2015 será revista em 2026. Em 2025, apenas a ISO 27001: 2022 será válida. A desatualização, numa espécie de evolução seletiva, ao estilo darwiniano, dita que apenas os mais aptos seguem o seu caminho, certificados, numa maratona de disciplina, qualidade e conjugação destas com a inovação.
Os recursos, esses, são necessários: pessoas dedicadas ao processo, auditorias a orçamentar, e um investimento contínuo em pessoas, meios tecnologia e mindset operacional. E num país onde 96% do tecido empresarial é constituído por PMEs, a escala de um negócio pode ser decisiva para que este conquiste a sua certificação.
Em setores como as TI, Saúde, Financeiro, Consultoria e Telecomunicações, a Qualidade e a Segurança de Informação não são questionáveis. Desta forma, há-que apelar a uma maior aposta estratégica do ponto de vista das empresas para este importante pilar de sustentabilidade de garantia de implementação e certificação em Qualidade, tanto pela vantagem competitiva que representa no mercado, como pela reputação e credibilidade dos produtos e serviços entregues aos clientes. Criar sinergias e partilha de boas práticas, não só internamente como em toda a comunidade empresarial, é fundamental para garantirmos a melhoria contínua junto dos stakeholders internos e externos e passarmos para um critério único de seleção: “Só com certificação!”.