“Não joga como um computador e também não joga como um humano”. Quando Demis Hassabis apresentou os resultados de um novo sistema de inteligência Artificial, o AlphaZero, que em apenas nove horas aprendeu, do zero, a jogar xadrez a um nível sobrehumano, muitos pensaram que fosse um exagero típico de quem está orgulhoso da sua criação. Mas o tempo mostrou que Hassabis, diretor executivo da Deepmind, considerada como a mais avançada empresa de Inteligência Artificial (IA) da atualidade, não só estava certo, como iria provocar uma onda de choque nos circuitos do xadrez.
Estamos no final de 2017 e o mundo conhecia pela primeira vez um motor de xadrez (chess engine, em inglês) – um programa de computador capaz de jogar xadrez –, baseado em redes neuronais, uma subcategoria de IA que a partir de um conjunto de dados consegue estabelecer relações, nem sempre diretas, entre elementos para atingir um objetivo – uma lógica semelhante à forma de aprendizagem do cérebro humano. Mas o AlphaZero não aprendeu só a jogar xadrez – ultrapassou os melhores humanos e os melhores sistemas digitais, em larga escala. Fez jogadas que nem homens nem máquinas tinham arriscado até então.