O negócio da Pick explica-se em poucas palavras: alguém quer ir do ponto A para o ponto B e pega no telemóvel para ver os transportes que deve tomar e pagar os bilhetes necessários para essa viagem. Com apenas uma semana de vida, a app criada pela Ubirider já garantiu dois clientes que também são investidores: o Grupo Barraqueiro e a empresária Beatriz Barata, que lidera a Scotturb em Portugal e o Grupo Guanabara, no Brasil, aderiram à plataforma que é um misto de guia e de bilheteira ambulante. Os mentores da Ubirider estão otimistas, mas não se dão por satisfeitos: «estamos em testes com a Fertagus e já iniciámos contactos com a Carris», explica Paulo Ferreira dos Santos, líder da Ubirider.
Seja apenas a distância entre duas estações de metro, ou uma viagem que atravesse todo um continente – a Ubirider está apostada em firmar parcerias que permitam que a Pick seja como o melhor amigo do viajante. Com uma garantia: «os bilhetes comprados nesta app nunca serão mais caros que aqueles que se compram nas bilheteiras tradicionais. Quanto muito serão mais baratos. Com esta tecnologia, os operadores podem lançar promoções para bilhetes nos horários menos procurados. O que permite obter receitas para serviços que vão ser feitos de qualquer forma e por isso têm custos fixos», acrescenta o responsável da Ubirider.
Se os consumidores não têm de pagar mais para poderem comprar bilhetes de transporte públicos, então como é que a Ubirider vai fazer negócio? Paulo Ferreira dos Santos explica que os proventos da startup terão por base as comissões cobradas às empresas de transporte público. «Funcionamos como um agente que cobra uma comissão. É um modelo de negócio que já é muito usado nas viagens de longo curso», refere.
Além de fornecer indicadores úteis sobre os consumidores, operadores de transportes públicos poderão tirar partido de terem como «única infraestrutura os telemóveis dos consumidores», recordam os mentores da Ubirider.
A app Pick começou a ganhar forma com a experiência alcançada pelas múltiplas viagens do líder da Ubirider: «As pessoas necessitam de ferramentas que permitam conhecer a rede de transportes e que permitam pagar pelos bilhetes de viagem. Na minha cidade, até poderei saber como é que isto se faz, mas se for de férias para o estrangeiro é um pesadelo».
O segmento do turismo e das viagens de negócios é um dos alvos identificados pela startup portuense, mas não é o único: «O segmento mais valioso é o de quem chega ao aeroporto e está disposto a pagar para não ter chatices enquanto visita uma cidade. Mas há mais dois segmentos: um composto pelos jovens que têm grandes necessidades de mobilidade e outro que tem por base empresas, que passam a poder comprar com esta app títulos de transporte para os respetivos profissionais», descreve Paulo Ferreira dos Santos.
Ainda a dar os primeiros passos no mercado digital, a Pick pretende distinguir-se da concorrência de apps como a CityMapper ou a Moovit para se concentrar nos operadores de transportes públicos, em vez de ficar confinada aos perímetros das cidades. A este fator junta-se a possibilidade de acompanhamento do utilizador, com indicações sobre eventuais erros no trajeto.
«Há dois anos seria impensável lançar este tipo de app. Houve uma grande evolução nos serviços de cloud e também nos telemóveis, e além disso, passámos a contar com ferramentas como a SEPA que permite fazer transações eletrónicas em oito segundos para qualquer ponto da UE», conclui Paulo Ferreira dos Santos.