Analistas da Microsoft detetaram que o grupo de hackers Cotton Sandstorm, que se crê ser apoiado pelo governo iraniano, interrompeu os serviços de streaming de televisão dos Emirados Árabes Unidos e difundiu um vídeo deepfake de um apresentador a ler notícias falsas sobre a guerra na faixa de Gaza. O ataque foi perpetrado com notícias geradas por Inteligência Artificial.
A peça jornalística tinha vídeos e imagens que alegavam mostrar palestinianos feridos e mortos por militares israelitas em Gaza. Foi no Telegram que o grupo de hackers publicou o ataque a pelo menos três serviços de streaming online dos Emirados, noticia o The Guardian. Em dezembro, os residentes naquele país com a set-top box HK1RBOXX viram a transmissão ser interrompida com uma mensagem “não temos hipótese que não seja piratear para vos poder passar esta mensagem” e depois entraram as imagens do apresentador a introduzir as imagens falseadas, enquanto narrava o que se via e um oráculo mostrava os totais de mortos e feridos naquele conflito.
Segundo a Microsoft, também alguns utilizadores do Canadá e do Reino Unido virão as suas transmissões interrompidas em alguns canais, incluindo a BBC, embora esta cadeia não tenha sido atacada diretamente. Numa publicação no blogue, a empresa de Redmond conta que “isto marca a primeira operação de influência iraniana que tenhamos detetado e onde a Inteligência Artificial desempenha um papel fundamental na mensagem. É um exemplo da rápida e significativa expansão do alcance das operações iranianas desde o início do conflito Israel-Hamas”.
Os conteúdos deepfake são gerados por IA para terem a aparência de serem reais e são criados com o intuito de levar os utilizadores ao engano. Este tipo de material pode vir a ser usado, por exemplo, para alterar o curso de eleições, com as presidenciais norte-americanas, nas quais já se assistiu a várias ciber-campanhas no passado. A Microsoft alerta que “à medida que se aproximam as presidenciais norte-americanas de 2024, as atividades iranianas podem evoluir o que aconteceu em 2020 quando se fizeram passar por extremistas americanos e incitaram à violência contra oficiais do governo”.