Durante a pandemia, muitas das grandes tecnológicas avançaram com grandes projetos de contratação de novos funcionários. Agora, com o cenário económico menos positivo e algumas incertezas em todo o mundo, quase todo o setor tecnológico está a reduzir postos de trabalho e a realizar grandes vagas de despedimentos. A Apple, por seu lado, tem conseguido, para já, passar ao lado destes despedimentos. De acordo com dados recolhidos pela Bloomberg, a atual posição mais confortável da Apple deve-se ao facto de ter contratado de forma mais eficiente do que as tecnológicas concorrentes.
A abordagem mais conservadora da Apple sobretudo no período da pandemia acabou por traduzir-se num rácio superior de receita por cada nova contratação e em ter contratado menos funcionários do que as outras rivais, como Amazon, Google, Meta e Microsoft, entre outras.
Peter Garnry, da Saxo Bank, afirma que “isto sinaliza uma melhor qualidade de gestão da Apple comparada com outras tecnológicas que claramente leram mal os sinais durante a pandemia”.
Muitas das tecnológicas admitem agora que contrataram acima das possibilidades e necessidades. A Apple aumentou o número de funcionários em 20%, de 2020 e 2022, comparado com 60% de aumento na Alphabet e de quase 100% na Amazon. Só a Alphabet e a Amazon, por exemplo, anunciaram o despedimento de mais de 30 mil pessoas no total.
Shannon Cross, do Crédit Suisse Group AG, explica que “a Apple é frugal por natureza. Chega ao ponto da gestão que a direção faz dos dólares dos investidores e que se foca em investir nas oportunidades de crescimento”.
Apesar de ainda não ter anunciado uma grande vaga de despedimentos, a Apple tornou mais restrita a política de contratações da empresa e colocou o travão em alguns gastos que a empresa não considera prioritários. Numa apresentação de resultados em 2022, Tim Cook, diretor executivo da Apple, tinha afirmado que a empresa iria ser mais “deliberativa” na forma como gastaria dinheiro nos próximos trimestres, mas garantindo que continuaria a investir em áreas cruciais para a tecnológica, como o segmento da Investigação e Desenvolvimento (I&D).