A Bang & Olufsen (B&O) está diferente. A marca dinamarquesa especializada em dispositivos de áudio – e muito associada ao segmento ultra premium em termos de preços – apresentava, em média, uma mão cheia de produtos novos por ano. Um ritmo que mais do que duplicou desde o ano passado.
“Estamos a falar de 25 novas soluções que a marca apresentou ao mercado num curto período de tempo”, resume Rui Martins, diretor comercial da Bang & Olufsen para Portugal e Espanha, em entrevista à Exame Informática. “Conseguimos crescer e dar-nos a conhecer, então vamos continuar a trabalhar nesse sentido, para que a marca continue a desenvolver-se”.
À medida que mais empresas entram no cada vez mais popular segmento dos equipamentos de áudio, a tecnológica nórdica, que celebrou recentemente 96 anos de existência, decidiu ‘defender a sua dama’. A B&O já não quer ser vista apenas como uma marca de cones metálicos que debitam som em 360° ou de sistemas de áudio que se confundem com peças de decoração, cujos preços situam-se quase sempre acima do patamar do milhar de euros. Agora também quer ser uma escolha alcançável para quem procura uns auscultadores, auriculares ou coluna portátil Bluetooth.
“Não [queremos] deixar de ser uma marca de tradição, uma marca que as pessoas conhecem e que, no limite, é aspiracional, pelos produtos que oferece, mas ao mesmo tempo [queremos] dar a conhecer mais a marca e não ser tanto essa marca de nicho que as pessoas também se habituaram a ver”, explica o diretor comercial.
Esta nova postura de mercado – mais linhas, mais produtos e preços mais abrangentes – acaba por facilitar o negócio num país com um menor poder de compra, como é o caso de Portugal. “Ajuda, não vou negar que ajuda”, confidencia Rui Martins. “Há este crescimento em Portugal, há esta aposta, é verdade que Portugal tem um poder de compra inferior à maioria dos países europeus, mas também é verdade que há [no mercado] muito cliente e muito público para esta marca”, sublinha o porta-voz.
No entanto, ressalva logo de seguida, não existe qualquer ambição da Bang & Olufsen em tornar-se numa “marca de volume”. “Efetivamente há muitas marcas, há muita guerra no mercado, guerra de localização de produto, de colocação de produtos em determinados retalhistas, guerra de preço, que continua a ser uma realidade no nosso País. Não é esse o nosso objetivo, não é aí que queremos chegar”, garante Rui Martins.
Fórmula dinamarquesa
A Bang & Olufsen vê-se como uma, entre muitas, possibilidades para quem procura um sistema de som, mas com um foco muito específico em quem quer ver garantidas três características: qualidade sonora, qualidade dos materiais de construção e, aquela que tem sido a grande nota de distinção ao longo das décadas, design. “Existe bom som, mas normalmente não vem associado a bom design ou a materiais de qualidade. Aqui a marca oferece a junção destes três patamares”, detalha o homem forte do negócio da B&O na Península Ibérica. “A marca acaba por ter importância, não deixa de ser um sinal de status [estatuto social] em algumas situações”.
A nova postura e o período de pandemia, que fez crescer a procura por produtos de áudio – dados da empresa de análise GfK apontam para um aumento de 29% na venda de auriculares e auscultadores em Portugal neste ano –, fizeram a marca dinamarquesa crescer. Sobre valores de faturação específicos, Rui Martins adianta apenas que a Bang & Olufsen em Portugal acompanha a “tendência” de “crescimento a dois dígitos” da empresa a nível global. Exemplo disso é a recente relocalização e remodelação da loja no Porto. “Este investimento também mostra o crescimento, nós não poderíamos investir se a marca não estivesse com uma boa performance em Portugal e estamos a fazê-lo.”
Atualmente a Bang & Olufsen conta com quatro lojas em Portugal, mais três espaços dentro de outros estabelecimentos comerciais – dois no El Corte Inglés (Gaia e Lisboa) e um no Fashion Clinic (Lisboa). Um número que a equipa local espera aumentar. “Estamos agora a trabalhar com alguns dos principais retalhistas do mercado para poder ter essa presença. Sempre de uma forma seletiva, mas vamos estar lá”, revelou Rui Martins.