A Amazon quer que os legisladores nos EUA tenham tempo e oportunidade para regular o uso do software de reconhecimento facial Rekognition e anunciou que vai suspender o acesso das autoridades a esta solução. Também esta semana, a IBM já tinha anunciado que iria parar o fornecimento do seu software de reconhecimento facial para vigilância de massas ou discriminação racial. Já ontem, a Microsoft também revelou estar a aguardar a regulação federal dos EUA antes de começar a disponibilizar a tecnologia de reconhecimento à polícia.
No caso da Amazon, o comunicado de imprensa salienta que “esperamos que esta moratória de um ano dê ao Congresso o tempo suficiente para implementar as regras apropriadas e estamos disponíveis para ajudar, se tal nos for solicitado”, cita a BBC. A empresa vai continuar a ceder a Rekognition a organizações que combatem o tráfico humano. No caso da polícia, a tecnologia é usada, por exemplo, para comparar a foto tirada com o telemóvel de um agente a bases de dados de suspeitos e criminosos procurados. No entanto, há vários estudos que demonstram que estes algoritmos identificam erradamente pessoas negras ou de outras minorias, aumentando o número de falsos positivos e contribuindo para a discriminação racial.
A IBM, no início da semana, anunciou a retirada da sua solução do mercado para poderem ser feitos mais testes para estes ‘desvios’.
Já no lado da Microsoft, a empresa realça em comunicado que “não vendemos a nossa tecnologia de reconhecimento aos departamentos de Polícia dos EUA hoje e até que haja uma forte lei nacional, defendendo os direitos humanos, não o vamos fazer”, cita o The Washington Post.
Os ativistas e defensores das liberdades dos cidadãos recordam que, ao gerar falsos positivos, estas tecnologias podem levar a detenções injustas e contribuir para aquecer ainda mais os ânimos nas ruas. Matt Cage, do American Civil Liberties Union, sublinha que “quanto até os fabricantes de soluções de reconhecimento facial recusam vender esta tecnologia de vigilância por ser tão perigosa, os legisladores não podem ignorar as ameaças aos nossos direitos e liberdades”.