Há 15 anos que a Apple não fazia um WWDC (World Wide Developer Conference) em São José, na Califórnia. E o evento abriu com um Tim Cook confiante a dizer que este seria o «melhor WWDC de sempre». E há razões para isso, o ecossistema de programadores da Apple já tem «16 milhões de programadores registados – 3 milhões adicionados o ano passado», reforçou o CEO da Apple. Incluindo um japonês de 82 anos ou um australiano de 10 anos que já tem 5 apps registadas na loja.
E vamos às novidades. A primeira é que, finalmente, o serviço de vídeo da Amazon, Amazon Prime, já está disponível no sistema TVOS – o sistema que está na base da Apple TV. O serviço vai estar em todas as Apple TV «até ao final do ano». Este era um pedido dos utilizadores há muito tempo, mas que a concorrência entre as duas empresas tinha adiado constantemente.
Tim Cook passou, de seguida, para o Apple Watch – o smartwatch mais vendido no mundo. A empresa anunciou que a versão WatchOS 4 vai suportar a personalização da interface – algo há muito disponível em todos os equipamentos concorrentes – o que é, mais uma vez, a resposta aos muitos pedidos dos utilizadores. Até há interfaces com personagens da Disney.
Mas o principal anúncio é uma nova watchface que é suportada pela Siri (o assistente virtual, da Apple). Ou seja, será contextual. Tudo o que for mostrado é consoante a hora do dia, o calendário e outras informações provenientes de apps de terceiros.
A utilização dos smartwatches está, principalmente, relacionada com atividade física. Por isso, a Apple redesenhou as apps Activity e Workout. Que mostram agora mais informação contextual, acompanham mais atividades (exercícios de alta intensidade, por exemplo) e incentivam o utilizador durante o exercício. Finalmente, para quem gosta de fazer exercício no ginásio, vai ser possível trocar informações entre o Apple Watch e alguns dados provenientes das máquinas de exercício. O que vai permitir obter informação muito mais precisa. A nova app de música foi redesenhada para permitir uma utilização mais simples com a navegação por playlists e capas de álbuns. Isto, claro, sincronizado com os auscultadores da Apple. O Watch OS 4 vai estar disponível a seguir ao verão.
Vem aí o MacOS High Sierra
Foi Craig Federighi, responsável pelo desenvolvimento de software da Apple, que revelou o nome da nova versão do MacOS. Dentro do sistema, Federighi, destacou que o browser Safari continua a ser o mais rápido do mercado e, segundo ele, muito seguro. E a nova versão do Safari vai bloquear o autoplay dos vídeos. Ou seja, é o utilizador que vai escolher se quer, ou não, ver o vídeo em questão sempre que uma página é carregada. Outra novidade é que o browser vai ter uma tecnologia destinada a reforçar a privacidade do utilizador. Para isso, vai escondendo os dados de navegação para que não sejamos “bombardeados” com publicidade contextual, por exemplo. O novo Safari também permite que a janela seja divida para que o browser corra de um lado e se escolha qual a app que está do outro lado. Isto de forma muito mais amigável.
Dentro do MacOS, a Photos é uma das aplicações mais melhoradas. Importa, agora, todas as fotos de uma forma cronológica e tudo fica sincronizado entre os vários dispositivos Apple – uma forma de garantir que a biblioteca de imagens está disponível em todo o ecossistema.
No entanto, o mais interessante nesta nova versão do MacOS é o sistema de ficheiros. A Apple define o APFS como sistema único para a gestão de ficheiros. Quer isto dizer que vamos ter, por exemplo, acesso a transferências de ficheiros mais rápidas. Para o vídeo, o codec suportado de raiz é o H.265 o que vai permitir a reprodução otimizada de vídeo em Ultra Alta Definição, por exemplo. Para que tudo isto fique assim, rápido, a Apple anunciou uma nova versão da plataforma Metal (tecnologia para tratamento dos gráficos que a Apple desenhou e que suporta o trabalho conjunto do processador e do processador gráfico), a Metal 2, que vai lidar de forma mais acelerada com jogos e tem suporte para experiências e conteúdos de Realidade Virtual. O novo High Sierra vai estar disponível depois do verão como atualização para todos os computadores Mac.
O novo iPad Pro
Há muito esperada, a nova versão do iPad tem um ecrã retina de 10,5 polegadas. Um ecrã que fica entre as duas versões já existentes (de 9,7” e de 12,9”) e tem suporte para HDR, uma maior variedade de cores e um brilho superior. A Apple introduz a tecnologia, ProMotion, que permite que o ecrã atualize a 120 Hz. Ou seja, vamos ver as transições de imagens de forma muito mais suave – algo que será muito importante na experiência de visualização e, é preciso realçar, esta taxa de atualização será selecionada automaticamente consoante o que esteja a ser visto do ecrã a cada momento. Uma tecnologia que também ajuda a uma melhor experiência com a Apple Pencil que passa a ter um tempo de resposta de 20 milissegundos.
O processador é o A10X, um novo componente desenhado pela Apple que tem 6 núcleos de processamento (e com 12 GPUs) para que seja, segundo a empresa, 30% mais rápido que a geração anterior. As câmaras (sim, há quem utilize o iPad como máquina fotográfica) são de 7 megapixéis (a frontal) e de 12 MP (a principal). A Apple diz que com o poder de processamento disponível no novo iPad Pro vai ser possível «editar vídeo em Ultra Alta Definição» diretamente no dispositivo.
Como sempre, há acessórios para tudo. Existe suporte para USB 3.0 e USB-Tipo C, mas é necessário investir em adaptadores.
O iPad Pro vai estar disponível nas versões de 10,5” e 12,9” em versões base de 64 GB de armazenamento que começam nos 649 dólares. O tablet já está disponível para compra e como seria de esperar, tira total partido do iOS 11 e das novas potencialidades do Apple Pencil (anotar em screenshots, por exemplo).
E há computadores?
Sim, há. A grande novidade é o iMac Pro. Que, segundo a empresa, é «o Mac mais poderoso que já criámos». Tanto desempenho num sistema All-in-one obrigou os engenheiros da Apple a redesenhar o sistema de refrigeração do computador para garantir que não há sobreaquecimento. Este computador vem em versões de processadores com 8, 10 ou 18 núcleos. A componente gráfica está a cargo processador gráfico Vega, da AMD. O mais recente, e poderoso, criado por aquele fabricante. A memória são uns impressionantes 128 GB de memória ECC e tem suporte para a Internet mais rápida – 10 GB Ethernet. Diz a empresa que é possível ter mais dois ecrãs de 5K ligados em simultâneo. O computador está disponível em dezembro com preços que começam nos 4999 dólares.
E, depois de dois anos sem atualizar o iMac, a empresa revelou duas novas séries com ecrãs mais brilhantes e capazes de produzir cores mais realistas. São versões de 21,5 polegadas e de 27 polegadas. Como seria de esperar, vão utilizar as versões mais recentes dos processadores da Intel (a 7ª geração) e já suportam Thunderbolt 3. A parte gráfica das configurações mais elevadas (com ecrãs Retina, resolução 4K) está entregue à AMD e o armazenamento é feito em unidades SSD que podem ir até aos 2 Terabytes. As versões de entrada vão utilizar a plataforma da Intel (Iris Plus Graphics). Na demonstração das capacidades gráficas, foi utilizado um VIVE, da HTC.
Os computadores estão disponíveis a partir de hoje. Os preços dos iMac de 21.5 começam nos 1099 dólares. Os com ecrã 4K começam nos 1299 dólares – o preço mais baixo alguma vez praticado pela Apple para um iMac com ecrã retina. Os Macbook Pro também têm novas configurações (com melhores capacidades) e preços a começar nos 1299 dólares.
O HomePod
A confirmar os rumores, a Apple apresentou uma coluna de som que recebe comandos de voz para que a Siri possa responder. O dispositivo tem apenas sete polegadas de altura (17 centímetros) e, lá dentro, tem sete tuíters para servir o som de forma direcionada; um woofer generoso garante graves e médios; e um processador, o A8, para toda inteligência inerente ao sistema. Quer isto dizer que se ajusta, segundo a Apple, ao local onde está a ser utilizado. À semelhança das colunas de som mais recentes, o Homepod pode funcionar em conjunto com outros Homepod. O objetivo é distribuí-los pela casa e controlá-los de forma autónoma, ou não.
Como é óbvio, o serviço Apple Music é suportado de origem e vai ser possível controlar outros dispositivos que estejam incluídos dentro do Home Kit, da Apple.
O funcionamento é muito semelhante ao Echo, da Amazon, ou ao Google Home, da Google. E o Homepod vai estar disponível por 349 dólares, mais caro que os rivais já mencionados. Chega em Dezembro mas, para já, só aos EUA, Reino Unido e Austrália.
Há um novo iOS, o 11
Tim Cook voltou criticar a fragmentação do Android. Indicando que o iOS 10 está instalado em 86% dos dispositivos disponíveis. Em comparação, a versão 7, do Android, está em apenas 7% dos equipamentos. Hoje, foi revelado o iOS 11. O sistema tem várias novidades. A que vai agradar mais aos utilizadores é o facto do iMessage estar agora sincronizado com todos os dispositivos. Exato: todas as mensagens em tempo real, o que significa que pode acompanhar as conversas sempre que muda de dispositivo.
A bandeja das apps também foi redesenhada. Surge, agora, no final do ecrã, onde é possível alternar rapidamente entre as aplicações abertas.
Há novidades sobre o Apple Pay. O sistema ainda não está disponível em Portugal, no entanto, ficámos a saber que agora é possível fazer pagamentos entre os utilizadores da app. Um sistema que continua a implicar o reconhecimento biométrico e que está disponível, por exemplo, dentro do iMessage.
E a Siri está mais inteligente. Vai conseguir fazer traduções em simultâneo de Inglês para outros idiomas – para já, apenas para Chinês, Francês e Espanhol. Também está melhor a sugerir conteúdos e a antecipar necessidades – sugerir uma entrada no calendário depois de fazermos uma reserva de um hotel, por exemplo. Agora, até sugere palavras que possamos usar em mensagens tendo em conta buscas feitas na Internet.
A fotografia é das funcionalidades mais utilizadas no iPhone. Diz a Apple que os utilizadores deste smartphone fazem 1 trilião de fotos anualmente. Por isso, há formatos de vídeo e foto que permitem melhor compressão (sem perder qualidade) e suporte para HDR em modos de fotografia com pouca luz ambiente e um maior nível de estabilização ótica (para as fotos não ficarem tremidas). Em termos de utilização da câmara, a Apple acrescentou uma série de efeitos “inspirados” em algumas das apps mais populares do mercado.
Em termos de utilização do sistema, há um novo centro de notificações que reúne, num espaço mais pequeno, mais informação e o ecrã de bloqueio também mostra mais informação.
Ainda sobre o iOS 11, a app Maps tem, agora, informações mais pormenorizadas (as lojas dentro de um centro comercial, por exemplo) e fornece comandos de condução em antecipação (tipo: daqui a pouco vai virar à esquerda). A grande novidade relaciona-se com o CarPlay (o iOS para ser usado nos automóveis). Agora, o iPhone desliga-se sempre que o carro estiver em movimento (em automóveis que tenham CarPlay, claro). Uma funcionalidade que privilegia a segurança de condução – afinal, o objetivo é que o condutor mantenha os olhos na estrada – mas que pode ser desbloqueada se o utilizador marcar a opção: “Não estou a conduzir”. Afinal, alguém com um iPhone pode estar dentro do carro… sem ser o condutor.
Ainda sobre software, e este evento é para programadores, a Apple revelou que tem um Kit (ARKit) de software desenhado para experiências em Realidade Aumentada e que, em termos de Machine Learning, o sistema incluído na API Vision, consegue fazer o reconhecimento de faces de forma muito mais rápida que o Pixel, da Google, e do S8, da Samsung. Sim, foram estes os exemplos utilizados.
Quanto à Realidade Aumentada, quando os programadores começarem a desenhar experiências para este ambiente, a Apple garante que milhões de iPads e iPhones vão estar prontos a reproduzi-las. O que vai constituir um dos maiores ecossistemas de Realidade Aumentada do mercado. As demonstrações efetuadas hoje pela Apple em Realidade Aumentada foram feitas sobre iPads e iPhones e, não podemos deixar de realçar, são semelhantes ao que já vimos por parte da Google ou da Microsoft.