O Departamento de Justiça dos EUA insiste na necessidade de a Google vender o navegador de internet Chrome. Num documento submetido ao tribunal distrital do estado da Columbia, a propósito de um processo em curso de práticas anticoncorrenciais da tecnológica americana, os procuradores mantêm a proposta de venda do Chrome como uma forma de contrariar o domínio da Google no setor das pesquisas online.
“A conduta ilegal da Google criou um Golias económico, que causa estragos no mercado para garantir que – independentemente daquilo que aconteça – a Google ganha sempre (…) O povo americano é, assim, forçado a aceitar as exigências desenfreadas e as preferências ideológicas de um leviatã económico, em troca de um motor de busca de que o público possa gostar”, defende o Departamento de Justiça no documento submetido a tribunal.
Esta é a segunda vez que o Departamento de Justiça sugere a venda do Chrome como um dos remédios a adotar pela Google no desfecho deste processo. Além da insistência, esta posição é destacada pelos meios de comunicação norte-americanos como um sinal de que a nova administração liderada por Donald Trump estará a seguir a mesma linha de posicionamento assumida na presidência Biden.
Em agosto do ano passado, o tribunal distrital do estado da Columbia considerou a Google culpada de práticas ilegais para manter o monopólio das pesquisas online, algo que ficou provado pelos acordos estabelecidos pela tecnológica com outras empresas (como fabricantes de smartphones) para impedir que outros motores de busca ganhassem proeminência. Só no ano de 2021, a Google gastou mais de 20 mil milhões de dólares nestes acordos.
Já um outro pedido feito anteriormente pelo Departamento de Justiça dos EUA, e que na prática faria com que a Google tivesse de vender as participações em empresas de Inteligência Artificial que pudessem vir a criar produtos relacionados com a pesquisa de informação, foi agora alterado para que a empresa tenha, pelo menos, de notificar as autoridades federais e estatais sempre que faz investimentos em empresas de IA.
Segundo o The New York Times, a Google tenciona recorrer da decisão do juiz e também apresentou na semana passada o seu próprio conjunto de recomendações para evitar uma condenação mais pesada. O juiz do caso vai pronunciar-se sobre as propostas do Departamento de Justiça e da Google numa audiência a realizar em abril.