É um novo recorde no Reino Unido para a condução autónoma. Não só em termos de distância percorrida (cerca de 370 km), mas também no que diz respeito à complexidade do percurso. O Nissan LEAF partiu do centro de desenvolvimento The HumanDrive Consortium, na Universidade de Cranfield (próximo de Londres), e chegou oito horas depois à fábrica da Nissan, que produz os LEAF para a Europa, situada em Sunderland, no norte de Inglaterra. Sempre em condução autónoma, exceto durante as quatro paragens que foram feitas para carregar a bateria e trocar de “condutor” (por razões de segurança tem de existir sempre um piloto humano preparado para assumir o controlo da viatura).
Durante a viagem, o LEAF de desenvolvimento percorreu diferentes tipos de estrada, incluindo autoestrada e estradas rurais, e lidou com dificuldades como carros estacionados nas bermas, semáforos, rotundas, chuva, estradas com piso em mau estado e sem marcações.
O carro recordista é um dos LEAF usados pela Nissan para desenvolver a tecnologia de condução autónoma. Um sistema de seis LIDAR direcionados (“radares” de luz”), três instalados na frente e outros três na traseira, dois LIDAR de 360 graus instalados no tejadilho e um conjunto de câmaras. Computadores a bordo combinam a informação destes radares e câmaras para criar uma imagem 3D de tudo o que rodeia o veículo, bem como identificar sinais de trânsito e semáforos. Esta informação é depois conjugada com dados de GPS e mapas detalhados para garantir condução verdadeiramente autónoma.
Apesar de esta experiência só ter sido divulgada agora, a viagem, denominada Grand Drive, decorreu em novembro passado. Numa altura em que a meteorologia também não era favorável, com chuva e nevoeiro.
À boleia num LEAF autónomo
A Exame Informática teve a oportunidade de experimentar o carro recordista. Não durante 300 quilómetros, mas numa parte do percurso desafiante. E verificámos como a tecnologia conseguiu lidar bastante bem com situações de trânsito real, incluindo estradas secundárias em mau estado. Graças à informação do GPS, o carro até é capaz de desacelerar antes das bandas sonoras, embora não seja (ainda) capaz de evitar os muitos buracos encontrados no percurso. Mas lidou bem com semáforos, rotundas, algumas delas congestionadas. Neste aspeto, ficámos impressionados com a forma como o carro é capaz de acelerar no momento certo em bifurcações e para entrar em estradas com muito trânsito. Incluindo o modo como usa as faixas de aceleração e desaceleração para entrar e sair das autoestradas.
Veja aqui um resumo da nossa experiência feito em direto via Facebook Live
Consórcio HumanDrive
O centro de desenvolvimento situado na Universidade de Cranfield não é um exclusivo da Nissan. É casa de um consórcio que inclui o apoio do estado britânico e envolve universidades e empresas privadas. A Hitachi é um dos parceiros, estando responsável pelo desenvolvimento de soluções com base em Inteligência Artificial que recorrem à recolha de dados de carros conduzidos por humanos para gerar algoritmos que permitam uma condução autónoma mais eficiente. Isto porque o grande objetivo deste consórcio é desenvolver tecnologia de condução autónoma com comportamento semelhante à condução humana. Isto porque os responsáveis deste consórcio acreditam que esta será a melhor forma de as pessoas se sentirem mais confortáveis e seguras a bordo de um carro autónomo.