Companhias aéreas, marítimas, empresas de exploração petrolífera e até a indústria do comércio global, todos vão ter de ajustar os sistemas de navegação para a nova localização do polo norte magnético. “O comportamento atual do polo norte magnético é algo que nunca observámos antes”, conta William Brown, especialista neste campo da British Geological Survey. Desde pelo menos o século XIX que este polo se situou no Ártico canadiano e movimenta-se para norte e este. Agora, está mais próximo da Sibéria, depois de uma aceleração recente.
O polo norte magnético é um ponto a cerca de 1900 quilómetros a sul do polo norte geográfico, o verdadeiro norte e onde o eixo da Terra encontra a superfície. O polo magnético é para onde apontam as bússolas e o local onde as linhas de campo geomagnético são verticais, não sendo um ponto fixo e estático. Comporta-se mais ou menos como uma boia sem ancora, movimentado pelo fluido de ferro que constitui o núcleo do planeta. O movimento deste ferro derretido dá origem ao campo magnético e “o fluido propriamente dito move-se tão facilmente como a água à superfície”, conta Ciaran Begann, do departamento de Geofísica do British Geological Survey, ao The Washington Post.
Desde a sua descoberta em 1831, o local foi visitado várias vezes, a última em 2007 por investigadores canadianos. A cada cinco anos, vários organismos atualizam o Modelo Magnético do Mundo, onde partilham as projeções sobre o polo norte magnético no curto prazo e o modelo IGRF, de International Geomagnetic Reference Field, que pode ser usado para investigação científica e para padrão da navegação por satélite, altitude e direcionamento, explica o jornal americano.
As medições são feitas por satélite e por observatórios em Terra, concluindo-se que desde os anos 1830 o polo magnético ‘viajou’ cerca de 2200 quilómetros para norte. Nos anos 2000, o ritmo era de cerca de 50 quilómetros por ano, tendo baixado para 35 quilómetros por ano nos últimos cinco anos. As razões da mudança de velocidade deste movimento ainda não são conhecidas, mas os especialistas teorizam que se deva a bolsas no campo magnético, onde umas ficam mais fortes e outras mais fracas.
A maior parte das pessoas não notará a diferença, com mudanças a acontecerem de um décimo a um quarto de grau por ano e as bússolas a terem uma margem de erro de um grau. Noutros segmentos, no entanto, é importante manter os sistemas com localização exata, como é o caso da aviação, dos satélites ou das aplicações de smartphones.