A Neuralink vai poder testar o aparelho que visa ligar o cérebro humano a uma máquina, depois de ter recebido a aprovação da entidade reguladora nos EUA. No entanto, nem todos ficaram satisfeitos com este potencial avanço da Ciência. Em causa está o comportamento de Elon Muk, o seu registo histórico na liderança de outras empresas e também preocupações com o bem-estar animal durante as experiências da Neuralink.
Laura Cabrera, especialista em neuroética, expressa os seus receios: “será que ele [Musk] vai olhar para o implante do cérebro como algo que requer não só regulação adicional, mas também considerações éticas? Ou irá tratar isto como qualquer outro gadget?”. A ambição, por vezes desmesurada, o desejo de ser o primeiro e a liderança algo errática da Twitter são algumas das características e histórico de Musk que realçam estes receios.
A Neuralink trabalha no segmento das interfaces homem-máquina já desde 2016 e criou BCI (de brain-computer interface) chamado Link – um chip de computador com elétrodos que pode ser cosido à superfície do cérebro e se liga a eletrónica externa. Musk alegou que o dispositivo pode ser usado com fins terapêuticos, para tratar de condições como cegueira, paralisia ou depressão, entre outros. O objetivo do executivo é criar um aparelho de utilização genérica que pode ser usado para ligar os cérebros dos humanos a supercomputadores e que também ajudem as pessoas a tirar mais partido da Inteligência Artificial. Por outro lado, já deixou no ar também a ideia de que o dispositivo pode servir para extrair os pensamentos e funcionar como uma espécie de backup ou “alma digital”.
Desde 2021 têm surgido imagens e vídeos dos testes da Neuralink em animais, com este dispositivo a ser usado para que macacos consigam jogar Pong ou escrever no computador, só com o uso da mente. Agora, a FDA (Food and Drug Administration) dos EUA deu aprovação para os testes clínicos em humanos, embora o âmbito e a configuração destes testes não sejam claros para já.
