O impacto das descargas elétricas de plantas e árvores sente-se na qualidade do ar, mas ainda não há conclusões sobre se tal é benéfico ou prejudicial. Há muito que se sabe que as folhas de plantas e árvores emitem pequenas descargas elétricas visíveis quando estão sob campos elétricos gerados por tempestades. As descargas assumem um tom azulado, ténue e de faíscas que brilham em torno dos objetos. Um trabalho científico analisou as descargas de oito espécies, em diferentes condições, e concluiu que há a produção de radicais que podem alterar a qualidade do ar envolvente.
O trabalho foi publicado em agosto no Journal of Geophysical Research: Atmospheres e é assinado por investigadores da Universidade de Penn State, nos EUA. “Embora pouco seja conhecido sobre quão espalhadas são estas descargas, estimamos que as coronas [as descargas] geradas nas árvores sob tempestade podem ter impacto substancial na qualidade do ar”, afirma Jena Jenkins, que liderou o estudo.
Os radicais detetados são a hidroxila (OH) e a hidroperoxila (HO2) e sabe-se que ambos são neutros e oxidam (ou roubam eletrões de) diversos componentes químicos, transformando-os noutras moléculas. “O radical hidroxila contribui para a oxidação atmosférica de muitos poluentes atmosféricos”, conta William Brune, outro dos autores, citado pelo Motherboard..
Num dos muitos cenários desenhados, o radical pode reagir com gases de efeito de estufa, como metano, removendo as moléculas nocivas da atmosfera, e ajudar a combater as alterações climáticas”. Outro cenário ilustra que o radical pode reagir com o oxigénio, criando ozono, o que pode ser tóxico para os humanos.
A equipa pretende agora investigar melhor o que acontece exatamente com a libertação destes radicais e se, em zonas com muitas árvores e plantas onde acontecem tempestades, como é que a qualidade do ar é afetada por este fenómeno.