Qian Yuan lidera um grupo de trabalho da Universidade do Arizona que apresentou uma teoria invulgar: duas zonas misteriosamente densas encontradas perto do núcleo da Terra podem ser vestígios de Theia, um mundo alienígena que chocou com o nosso planeta há muitos milhões de anos, num acontecimento que, aponta outra teoria, poderá ter dado origem à Lua. O estudo foi apresentado na semana passada durante a conferência especializada em Ciências Lunares e Planetárias.
Os estudantes acreditam que as duas massas que medem centenas de quilómetros em altura e milhares em comprimento, localizadas a 1600 quilómetros de profundidade, são “os maiores meteoritos se forem na sua maioria o manto de Theia”, cita a publicação Vice. A equipa explica que estes dois blocos estão sob o Oceano Pacífico e a zona de África Ocidental e que podem ter sido resultado do impacto de Theia, um mundo alienígena, com a Terra, durante os seus anos formativos. Desse impacto terá surgido também a Lua.
A teoria segue o pensamento avançado pela ’hipótese do impacto gigantesco’ ensinada por Mikhail Zolotov naquela universidade e que refere que a Lua se formou na sequência de uma catastrófica colisão há 4,5 mil milhões de anos, nos primórdios de formação da Terra. Ao planeta que colidiu com a Terra convencionou chamar-se Theia, inspirado na mitologia grega. Um dos pontos frágeis desta hipótese é que, até à data, não se encontrou qualquer vestígio de Theia. E foi assim que Yuan sugeriu a ideia de que as massas presentes junto ao núcleo terrestre pudessem, afinal, ter uma proveniência alienígena.
Os cálculos feitos pela equipa mostram que a massa total destes dois blocos adicionada à massa da Lua é quase igual à massa de Marte, dimensões que que se acredita serem as mesmas do planeta hipotético Theia. O impacto terá causado necessariamente alguma perda de massa, o que justifica a diferença entre a soma das massas e a que o planeta terá tido originalmente.
A densidade dos vestígios presentes junto do núcleo é 2 a 3% maior do que o manto que a rodeia, coincidindo estes valores com o que se estima que o núcleo de Theia tivesse, constituindo outra evidência que reforça a teoria avançada por Yuan.