De acordo com a teoria formulada por Albert Einstein nada pode superar a velocidade da Luz. Os investigadores do CERN que participaram no projeto Opera recolheram durante três anos de ensaios dados que permitem acreditar que a teoria da Relatividade tem exceções.
No âmbito do projeto Opera, os especialistas do CERN descobriram partículas elementares da matéria (conhecidas por Neutrinos) que se deslocam a velocidades de 300.006 quilómetros por segundo, informa a AFP. O que significa uma velocidade seis quilómetros por segundo mais rápida que a estimada para a velocidade da luz.
Os ensaios implicaram a deslocação de neutrinos num percurso de 730 quilómetros entre a sede do CERN, em Genebra, e um laboratório subterrâneo em Gran Sasso (em Itália). A investigação teve por base a observação das "viagens" de 15 mil neutrinos entre os laboratórios suíço e italiano do CERN.
Os responsáveis do CERN estimam que numa corrida de 730 quilómetros ao longo da crosta terrestre, a velocidade alcançada pelos neutrinos permitiria um avanço de 20 metros face à velocidade da Luz.
Os testes apresentaram uma margem de erro com uma fração de segundo que é considerada um recorde no CERN. O que não impediu que os investigadores, cientes do impacto que estes resultados podem ter no estudo da Física, revissem até ao mais ínfimo pormenor todos os instrumentos de medição, bem como eventuais anomalias nos circuitos usados pelos neutrinos, ou os efeitos do afastamento das placas continentais que constituem o Planeta.
Mesmo tomando todas as cautelas, os investigadores admitem ser necessário validar estes resultados através de entidades independentes.
Apesar desta descoberta, ainda será cedo para declarar que a Teoria da Relatividade e Albert Einstein passaram de moda. Pierre Binetruy, diretor do Laboratório de Astropartículas e Cosmologia de Paris, lembra que os dados obtidos pelo projeto Opera apenas provam que a Teoria da Relatividade só é válida em certos domínios, podendo assim surgir uma nova teoria de âmbito mais global.
A velocidade alcançada pelos neutrinos pode indiciar não só que que a velocidade da luz não é o limite máximo possível, como também que as "as partículas encontraram um atalho em outra dimensão", conclui Binetruy, dando o mote para o debate sobre a existência de um universo com mais de quatro dimensões (três relativas ao espaço somada a uma quarta referente à passagem do tempo).