Um par de estudos publicados na revista Natureonde são analisados dados da sonda marciana InSight revelam que o núcleo do ‘planeta vermelho’ é mais pequeno e mais denso do que se julgava até agora. A sonda chegou a Marte em novembro de 2018 e passou quatro anos a recolher dados, gravando os efeitos das ondas sísmicas. Os dados provenientes de um impacto de meteorito em 2021 contra o planeta ajudam a perceber agora a real dimensão do núcleo.
Inicialmente, estimava-se que o núcleo marciano media entre 1800 e os 1850 quilómetros e que continha um elevado volume de elementos leves a complementar o ferro líquido pesado. “Estavamos a questionar estes resultados desde então”, conta Dongyang Huang da ETH Zurique, que assina um dos estudos. Depois da colisão do meteorito, que gerou ondas sísmicas que “iluminaram o núcleo”, a sonda recolheu leituras que disputam estas conclusões iniciais.
As novas medições sugerem que o núcleo mede entre 1630 e 1705 quilómetros e que é mais denso do que as primeiras análises. Assim, os volumes de elementos mais leves também podem existir em montantes mais razoáveis. Toda esta composição é também rodeada de uma camada de materiais derretidos, com cerca de 145 quilómetros de espessura, que contribuiu para ‘iludir’ as estimativas iniciais.
Vedran Lekic, da Universidade de Maryland e co-autor do segundo estudo, conta que esta camada serve de cobertor aquecedor do núcleo e que está a “concentrar os elementos radioativos”.