Sam Altman está de volta à OpenAI e vai ocupar o cargo de diretor executivo (CEO). Apesar de este não ser, muito provavelmente, o último episódio numa semana altamente conturbada da startup de Inteligência Artificial (IA), promete pelo menos trazer alguma estabilidade à empresa que teve três CEO em seis dias.
O anúncio do acordo entre as partes foi feito pela própria OpenAI, que além do regresso de Sam Altman implica também o regresso de Greg Brockman – presidente do conselho de administração que se tinha demitido em solidariedade com o despedimento de Altman. “Estamos a colaborar para acertar os detalhes [do regresso]. Muito obrigado pela vossa paciência neste processo”, adiantou Sam Altman na rede social X.
A OpenAI confirmou também que haverá um novo conselho de administração, que será composto por Bret Taylor (ex-diretor de tecnologia do Facebook e ex-diretor executivo da Salesforce), Larry Summers (ex-secretário do Tesouro dos EUA) e Adam D’Angelo – este último, CEO da Quora, também fazia parte do conselho de administração que despediu Sam Altman, mas terá sido mantido para ajudar na transição entre administrações.
E esta não deverá ser a composição final. Segundo a publicação The Verge, está a ser preparada uma nova estrutura para a administração da OpenAI que será composta por nove pessoas (mais três do que anteriormente), com um destes lugares a ser ocupado por Sam Altman e outro por uma pessoa nomeada pela Microsoft (a tecnológica tem mais de 10 mil milhões de dólares investidos na OpenAI).
Além de Adam D’Angelo, Ilya Sutskever, Helen Toner e Tasha McCauley foram os outros três membros da administração anterior que votaram a favor do despedimento de Sam Altman. Sutskever, que é cientista chefe na OpenAI, vai manter-se na empresa.
Ainda não é conhecido o futuro de Emmett Shear, o último a ser nomeado diretor executivo temporário da OpenAI.
O regresso de Sam Altman à liderança da OpenAI acontece após um despedimento inesperado e uma sucessão de reviravoltas: depois do anúncio das saídas na sexta-feira passada, foi nomeada uma CEO temporária, Mira Murati (até então diretora de tecnologia da OpenAI); após o tumulto que as saídas de Altman e Brockman gerou, a OpenAI tentou negociar com ambos o regresso à empresa. Segundo várias publicações norte-americanas, os executivos até admitiam voltar, mas o conselho de administração em funções teria de sair; sem um acordo entre as partes, a Microsoft anunciou a contratação de Sam Altman e Greg Brockman, para liderar uma nova equipa de investigação de tecnologias de Inteligência Artificial na gigante norte-americana (que, à luz dos acontecimentos atuais, fica sem efeito); após este anúncio, quase 700 funcionários da OpenAI assinaram uma carta a ameaçar a demissão caso os cofundadores da empresa não fossem reintegrados nas suas posições; após seis dias de indecisão, o conselho de admnistração aceitou sair para que Sam Altman e Greg Brockman pudessem regressar.
De sublinhar que ainda não são conhecidos muitos detalhes sobre os motivos que levaram ao despedimento inicial – a única justificação oficial continua a ser “que ele [Sam Altman] não foi consistentemente franco nas suas comunicações com a administração, dificultando a capacidade de exercer as suas responsabilidades”.
OpenAI, a empresa do momento
A OpenAI é uma das mais proeminentes tecnológicas do momento. A empresa, especializada em sistemas de Inteligência Artificial, lançou no final do ano passado o ChatGPT, um assistente digital que é capaz de interpretar e escrever texto com uma qualidade próxima à de um humano. O sucesso deste produto de Inteligência Artificial generativa, que já tem mais de 100 milhões de utilizadores por semana, gerou uma verdadeira corrida pelo lançamento de ferramentas de IA generativa, incluindo por gigantes como a Google e a Microsoft.
Além do ChatGPT, a OpenAI tem lançado outras ferramentas baseadas em Inteligência Artificial que provocaram ‘choques’ na comunidade tecnológica pelas avançadas capacidades das ferramentas. São exemplos o Dall-E, que consegue transformar comandos de texto em imagens, e o Copilot, que é capaz de gerar código de programação também com uma qualidade semelhante à dos humanos.
O grande passo para a ribalta da Inteligência Artificial foi dado em 2018, quando a startup lançou o seu primeiro grande modelo linguístico (large language model, LLM, no original em inglês) denominado GPT (transformador generativo pré-treinado, em tradução livre). Este sistema melhorou dramaticamente a capacidade de um sistema para reconhecer e gerar, por meio de texto, a forma como os humanos comunicam, a chamada linguagem natural. Esta é a tecnologia que está na base do ChatGPT. Atualmente, o LLM da OpenAI já vai na quarta grande versão, tendo sido recentemente anunciado o GPT-4 Turbo e confirmado que o GPT-5, com capacidades de “superinteligência”, já está em desenvolvimento.