O Telescópio Espacial Kepler, descontinuado em novembro de 2018, observou e registou informação de centenas de milhares de estrelas em busca de mundos habitáveis fora do Sistema Solar. O acervo gerado continua a ser analisado por investigadores e um algoritmo inteligente chamado ExoMiner conseguiu identificar 300 novos planetas desconhecidos até aqui.
A análise dos cientistas passa por identificar diminuições temporárias no brilho das estrelas que possam ter sido causadas pela passagem de um planeta. No entanto, nem sempre estas diminuições se devem a exoplanetas, pelo que é necessário seguir um complexo processo para distinguir os falsos positivos. O algoritmo de IA consegue acelerar esse processo, permitindo obter resultados de forma mais rápida e mais precisa, explica o Space.com. A abordagem usada pela rede neuronal permite ainda que o algoritmo aprenda e melhore as suas capacidades com o passar do tempo e com a realização de mais análises.
Os dados do Kepler, recolhidos ao longo de pouco menos de dez anos, já serviram para identificar milhares de candidatos a exoplanetas, dos quais se confirmaram cerca de 3000, uma grande maioria dos 4569 já conhecidos até à data.
A ‘quantidade’ da estrela que fica oculta ou menos brilhante com a passagem de um exoplaneta, a duração desta diminuição e o ângulo de ocultação são alguns dos complexos dados que têm de ser avaliados para identificar este tipo de corpos.
Hamed Valizadegan, do Centro de Investigação Ames da NASA, é taxativo: “Quando o ExoMiner diz que algo é um planeta, podem ter a certeza de que é um planeta. (…) O ExoMiner é altamente preciso e de algumas formas até de maior confiança do que as máquinas classificadoras existentes e os especialistas humanos que deve emular pelos condicionamentos que existem com a classificação humana”.
O algoritmo vai ser usado também para analisar dados da missão atual TESS da NASA e da PLATO da ESA, que irá para o ar em 2026.