O voluntariado corporativo é hoje uma estratégia essencial para as empresas. Longe de ser um “nice to have”, tornou-se um “must have” para organizações que buscam um impacto social significativo ao mesmo tempo que conseguem gerar mais valias e fatores de diferenciação que trazem consigo fortes vantagens competitivas.
Temas como Retenção e Atração de Talento estão na ordem do dia e representam um enorme desafio para a maioria das empresas. Algumas das mais evidentes vantagens do voluntariado corporativo residem na retenção e na atração de talentos. Colaboradores comprometidos e que se reveem nas causas e propósitos da empresa desenvolvem um orgulho de pertença que favorece a diminuição da rotatividade, potencia a performance e a produtividade e faz com que se tornem em embaixadores da empresa onde trabalham . O movimento de demissões em massa que se tornou mais visível durante a pandemia, com epicentro na América do Norte, tornou ainda mais pertinente o tema da retenção e atração de talento.
Um estudo realizado pela McKinsey & Company avaliou as razões pelas quais cerca de 13.300 pessoas se demitiram entre abril de 2021 e abril de 2022 em países como Reino unido, Estados Unidos da América, Canadá ou Singapura e os resultados foram surpreendentes. 41% referiram a falta de progressão na carreira, 36% a remuneração desadequada, 34% lideranças pouco inspiradoras e 32% a falta de um propósito na empresa para a qual trabalhavam. O alinhamento de propósito e o impacto social e ambiental da empresa estão na linha da frente das razões apresentadas, o que seria impensável há 20 anos.
Além disso, é evidente que para atrair talento, tanto os millennials como os representantes da geração Z buscam empresas cujas fronteiras de atuação vão além do mero pilar financeiro.
Tendo o talento captado e retido, o desafio passa para a dimensão do trabalho em equipa.
Mais uma vez o voluntariado surge como ferramenta única para desenvolver competências e espírito de equipa. Não só promove o aumento dos níveis de empatia, resultando em melhorias no trabalho em equipa, como a confrontação com a fragilidade social e económica em ações voluntárias relativiza pequenos conflitos internos, promovendo uma visão mais ampla, colaborativa e com uma dimensão de inclusão que sem a experiência do voluntariado seria mais difícil de conseguir.
O voluntariado é um ato de entrega e de conquista. Entregamos o nosso tempo ao outro e recebemos uma enorme aprendizagem que faz de cada indivíduo um melhor profissional e um melhor ser humano. Sendo a empatia o objetivo transformador último do voluntariado, não podemos esquecer o desenvolvimento de competências como a capacidade de liderança, comunicação, trabalho em equipa, a inclusão e a valorização da diversidade, que se desenvolvem organicamente durante o voluntariado.
É crucial que as empresas compreendam a dualidade do voluntariado corporativo. Deve sim estar alinhado com a estratégia da empresa, sem nunca esquecer que por definição, este tem uma forte dimensão pessoal. As causas abraçadas pela empresa nem sempre refletirão as paixões individuais de cada colaborador, e é vital aceitar essa diversidade de propósitos.
A formalização do voluntariado, através de uma estrutura de governança clara, é essencial. Todos os colaboradores devem compreender como podem participar, quantas vezes, e que competências estão a desenvolver. A empresa deve garantir que a participação é efetivamente voluntária e que a não participação não resultará em prejuízos profissionais.
Medir o impacto do voluntariado é fundamental. Não só para ajudar à gestão estratégica do programa de voluntariado, como para comunicar e ajudar a inspirar todos aqueles que queremos trazer para este movimento.
É importante que para além das métricas tradicionais, como horas de voluntariado e número de beneficiários diretos, as empresas comecem a olhar para outros indicadores mais holísticos como a medição do quão transformador está a ser o voluntariado. A verdadeira medida está na mudança de percepções e comportamentos dos colaboradores, conseguida especialmente pelo aumento da empatia.
Empresas mais empáticas são naturalmente mais produtivas, colaborativas e inclusivas. A empatia não é apenas uma métrica intangível, mas sim o motor que impulsiona todos os benefícios do voluntariado corporativo. Ao abraçar o compromisso social de maneira autêntica, as empresas tornam-se mais atrativas e preparadas para enfrentar os desafios presentes e futuros.
Em última análise, o voluntariado corporativo não é apenas sobre fazer o bem, mas sobre construir empresas que prosperam ao integrar e gerir estrategicamente este tema. É uma jornada que transforma não só comunidades, mas também enriquece as próprias fundações das organizações, garantindo um futuro mais sustentável e humano.