Portugal, um país rico em história, tem revelado um notável empreendedorismo nos últimos anos, demonstrando um forte dinamismo empresarial. Segundo o Eurostat, foi o quinto país da zona euro que viu mais empresas nascer do primeiro para o segundo trimestre de 2023, depois da Irlanda, Eslováquia, Alemanha e Estónia, demonstrando dinamismo mesmo na fase de constrangimentos macroeconómicos e geopolíticos. A nação de navegadores é agora um lugar onde os empreendedores anseiam pelo crescimento dos seus negócios e prosperar em termos competitivos. Contudo, estes empresários ainda têm pela frente um “inimigo” que os impede de viver o seu espírito empreendedor: a burocracia. Quem mais sofre com este entrave são as pequenas e médias empresas (PMEs) que representam 99,9% do tecido empresarial nacional.
O primeiro contratempo dá-se assim que um empresário quer criar e registar uma empresa, tratando-se de um processo altamente burocrático e complexo. Para abrir uma conta comercial, ainda é necessário ir a um balcão físico e estima-se que o tempo de espera possa ser de uma a quatro semanas. Assim, o processo de criação de uma empresa, o longo tempo de espera para registá-la, o atraso considerável na abertura de uma conta bancária e as dificuldades em encontrar serviços de contabilidade a preços de confiança tornaram-se uma fonte crescente de frustração para muitos. Depois, os procedimentos inerentes à gestão de uma empresa como, por exemplo, a obtenção de licenças e o cumprimento de obrigações fiscais e contabilísticas causam também muitas dores de cabeça aos empresários. A ausência de integração em termos de sistemas de faturação, gestão e acesso à conta empresarial impõem a resolução manual de todos esses processos, o que pode ser bastante dispendioso e ineficiente. Além disso, no caso das PMEs, tratando-se de empresas que, muitas vezes, não dispõem de recursos administrativos, acabamos por ver muitos gestores a despender 10 horas semanais a “tratar de papelada”. Nos tempos que correm, onde a agilidade e a capacidade de adaptação são cruciais para o sucesso empresarial, essas horas poderiam ser direcionadas para atividades que agregam valor ao negócio e o ajudam a prosperar.
Como se tudo isto não bastasse, os empreendedores têm ainda de lidar com a esfera legal inerente a um negócio que, apesar de fundamental, exige um conhecimento e cumprimento complexos; o desconhecimento ou a interpretação incorreta das leis podem resultar em multas, litígios e, em última instância, colocar em risco a sobrevivência do negócio.
A era contemporânea exige que as empresas sejam ágeis, inovadoras, competitivas e capazes de se adaptar rapidamente a mudanças no mercado. No entanto, quando os gestores de PMEs são sobrecarregados com burocracia, o seu potencial empreendedor é frequentemente sufocado. Por isso, torna-se fundamental promover a digitalização e a integração destes procedimentos, a fim de otimizar a gestão empresarial. A abertura de contas totalmente digitais já estava disponível para os consumidores e agora estendeu-se também às empresas. A integração de contas empresariais com serviços de pagamento, faturação, acompanhamento de faturas, gestão de despesas e acompanhamento direto e periódico através do auxílio de contabilistas simplifica as operações e facilita a vida das empresas, proporcionando um sistema completo que engloba todas as necessidades financeiras num só lugar. Colocar o cliente no centro das nossas operações deve ser a prioridade, visando oferecer maior comodidade, eficiência e personalização, com o objetivo de tornar o empreendedorismo acessível a todos.
Simplificar a “papelada” e reduzir a burocracia não só libertaria tempo e recursos, como também permitiria que as PMEs se concentrassem no que melhor fazem: criar produtos inovadores, fornecer serviços e contribuir para o crescimento económico do País.