O mercado automóvel tem sofrido com o elevado grau de incerteza dos últimos meses relativo ao fornecimento de componentes e às disrupções – nem sempre concretizadas – das cadeias de abastecimento. No entanto, 2023 parece voltar a sorrir para as marcas que têm nos mais ricos do planeta os grandes consumidores.
Tanto a Porsche como a Aston Martin apresentaram hoje resultados melhores do que o esperado, sobretudo no que ao volume de negócios diz respeito. Números do Financial Times e da Reuters mostram que as receitas da empresa britânica aumentaram 27% para 295,9 milhões de libras, no primeiro trimestre do ano e em termos homólogos. O preço médio dos modelos da marca eternizada por James Bond subiu para 180 mil libras. Já a Porsche deu conta de um aumento dos gastos dos consumidores nos extras – no fundo, na personalização que garante ainda mais exclusividade – o que se traduziu num aumento de receitas na ordem dos 25,5%, para 10,1 mil milhões de euros, face a igual período do ano anterior.
A Stellantis – cujo CEO é o português Carlos Tavares, que visitou recentemente a sua fábrica em Portugal – registou uma subida de 14% nas receitas do primeiro trimestre, impulsionada por preços estáveis e um aumento na produção, uma vez que a escassez de chips que assolou a indústria automobilística durante três anos começou finalmente a diminuir. Mas a empresa revelou ainda que o stock de automóveis não vendidos aumento para 1,3 milhões de veículos.
E também não são tudo boas notícias, do lado da Aston Martin, que continua sem conseguir registar lucros. Ainda assim, conseguiu reduzir os prejuízos, antes de impostos, relativamente ao primeiro trimestre do ano passado: 74 milhões de libras, ao invés dos 112 milhões de 2022. O resultado operacional, porém, agravou-se, com a AM a registar perdas de 50,9 milhões de libras, penalizada pelos custos despendidos com os próximos modelos híbridos e elétricos da marca, e também com um aumento dos gastos na produção do hiperdesportivo Valkyrie.
“Desde o início do ano que temos visto a procura pelos nossos produtos a aumentar, tendo praticamente os nossos carros desportivos todos vendidos até ao final do ano”, afirmou um otimista Lance Stroll, presidente-executivo da companhia, citado pela agência Reuters.
A administração da empresa acredita que vai fechar o ano com resultados positivos, e também espera que 2023 seja o último ano de investimento significativo na área de desenvolvimento.
Por seu lado, a Porsche mantem-se no verde, com um resultado líquido antes de impostos a rondar os 1,8 mil milhões de euros, graças à forte procura pelos modelos mais caros da construtura – que são também aqueles em que os clientes gastam mais dinheiro na personalização. A China tem sido o principal mercado da empresa, representando mais de 25% das vendas entre janeiro e março deste ano.
“Os mercados em todo o mundo mantêm-se voláteis, portanto estamos ainda mais satisfeitos com os nossos resultados”, referiu Lutz Meschke, diretor financeiro da Porsche, citado pelo Financial Times. O responsável aproveitou para revelar que a marca espera aumentar ainda mais os preços dos seus automóveis no próximo ano, com o elétrico Macan a custar mais 10% a 15% do que o seu homónimo a combustão.