As empresas, universidades e outras organizações de investigação portuguesas registaram, em 2021, um total de 286 pedidos de patentes no Instituto Europeu de Patentes (IEP), o que representa um crescimento de 13,9% face ao ano anterior.
Este foi o volume mais alto de sempre de pedidos de patentes feitos por entidades portuguesas junto deste instituto, contrariando a tendência de 2020, que teve uma quebra de 7,7%.
Apesar da pandemia, Portugal conseguiu, por um lado, registar o maior crescimento de toda a Europa (se excetuarmos os países que fizerem menos de 200 pedidos) e, por outro, atingir uma taxa de crescimento cinco vezes superior à média da União Europeia.
As tecnologias de informática foram o setor que esteve mais ativo, tendo triplicado o número de pedidos de patentes, passando de 10 em 2020, para 32 no ano passado.
Para António Campinos, presidente do IEP, esta elevada procura de patentes no ano passado “demonstra que a inovação se tem mantido robusta”.
A Biotecnologia, com 31 registos, foi o segundo setor que mais patentes apresentou, seguindo-se a tecnologia médica, com 29 registos.
Outra das áreas que tem mostrado uma grande inovação em Portugal é a dos transportes. Este setor registou 15 novas patentes, o que representou um crescimento de 114% face a 2020.
“Esta procura evidencia a criatividade e a resiliência dos inovadores na Europa e no mundo. A apresentação de um maior número de pedidos de patentes e o forte crescimento das tecnologias digitais constitui uma prova inequívoca da transformação digital que está a ocorrer em todos os sectores e indústrias”, reforça António Campinos
A Feedzai, empresa que usa a inteligência artificial para prevenir e detetar fraudes no sistema financeiro, foi a entidade portuguesa com o maior registo de patentes em 2021, com um total de 17.
A Universidade do Minho conseguiu o segundo lugar neste ranking, com 13 patentes apresentadas, enquanto a Sword Health, o novo unicórnio nacional que oferece serviços de fisioterapia através das plataformas digitais, atingiu os 12 registos.
A Novadelta, do Grupo Nabeiro, empresa de um setor tradicional como o comércio e indústria de cafés, surge na quarta posição com 11 pedidos.
Entidade | Patentes |
Feedzai | 17 |
Universidade do Minho | 13 |
Sword Health | 12 |
Novadelta | 11 |
Universidade do Porto | 9 |
Instituto Politécnico de Leiria | 7 |
Universidade de Aveiro | 7 |
Oli – Sistemas Sanitários | 6 |
Raiz Inst. Inv. Floresta e Papel | 6 |
Abyssal | 5 |
Entre as dez organizações que mais pedidos de patentes fizeram no ano passado, cinco são universidades ou institutos de investigação, o que demonstra o papel fundamental que estes organismos têm na inovação portuguesa. São eles a Universidade do Minho, a Universidade do Porto, a Universidade de Aveiro, o Instituto Politécnico de Leiria e o Instituto de Investigação da Floresta e do Papel. Juntos, conseguem representar 45% do total dos pedidos de patentes feitos pelos 10 maiores requerentes nacionais.
O Norte do País mantem-se como a região que mais patentes regista, com um total de 114. No entanto, verificou uma quebra de 18,6% face ao ano passado. Já a zona Centro, com 91 patentes, conseguiu o aumento de 133,3%, enquanto Lisboa fica pela quarta posição com 56 patentes, o que representa um crescimento de 40%.
Os Açores são a única região de Portugal que não apresentou qualquer patente de inovação no ano passado.
Região | Patentes | Quota | Variação |
Norte | 114 | 40% | -18,6% |
Centro | 91 | 31,9% | 133,3% |
Lisboa | 56 | 19,6% | 40% |
Alentejo | 12 | 4,2% | -25% |
Algarve | 9 | 3,2% | 50% |
Madeira | 3 | 1,1% | -57,1% |
Açores | 0 | 0% | 0% |
O avanço da China
O IEP recebeu no ano passado um total de 188 600 pedidos de patentes, o que representa um aumento de 4,5% em relação a 2020. A comunicação digital e a tecnologia informática são as áreas de investigação que mais crescem, seguindo-se-lhes os produtos farmacêuticos e a biotecnologia.
Os registos de entidades internacionais, que pretendem proteger as suas invenções no mercado europeu têm vindo a conquistar terreno face às instituições sediadas na Europa. Atualmente, apenas 44% das patentes tem origem diretamente em território europeu, quando em 2013, representavam 50%.
A China é o país que mais cresceu no registo de patentes na Europa, conseguindo um aumento de 24%, sobretudo por causa da Huawei, a empresa que lidera as patentes na Europa, com um total de 3 544 registos a darem entrada no IEP.
Já a Coreia do Sul, com a Samsung e a LG, conseguiu mais de seis mil patentes. A Ericsson e a Siemens, com 1884 e 1720 patentes, respetivamente, são as empresas europeias que lideram este ranking.
Entre 2020 e 2021, os registos de patentes pelos principais países em matéria de inovação mantiveram-se praticamente estáveis. A Alemanha verificou uma ligeira subida de 0,3%, enquanto a França e o Reino Unido baixaram 0,7% e 1,2% respetivamente.
Em contrapartida, os restantes países da Europa contrariaram esta tendência. Para além de Portugal, que cresceu 13,9%, a Suécia aumentou 12%, a Finlândia 11,2%, a Dinamarca 9,2% e a Espanha 8,9%.