A pandemia forçou as empresas a correrem ao crédito para compensar o efeito da quebra dramática de receitas. O Governo anunciou linhas de crédito de 6,2 mil milhões de euros para manter a economia e o emprego à tona. A procura foi grande e esses financiamentos garantidos até 90% pelo Estado esgotaram rápido, o que ajuda a explicar que o crédito às empresas esteja a acelerar ao ritmo mais rápido desde 2009, segundo dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal.
No final de junho, os bancos tinham um total de 70,87 mil milhões de euros de crédito a empresas nos seus balanços. Apesar de o montante total estar bastante longe do máximo de 118 mil milhões de euros atingido em 2010, o crédito está a acelerar. Nos primeiros seis meses do ano, os bancos aumentaram em 3,85 mil milhões de euros o valor destinado às empresas.
A taxa de variação anual foi de 5,6% no mês de junho. E o Banco de Portugal explica essa subida com os contributos dos “empréstimos concedidos às microempresas e às pequenas empresas, cujas taxas de variação anual aumentaram, respetivamente, 1,7 pontos percentuais e 1,8 pontos percentuais, para 10,6% e 8,9%”. O setor do alojamento e da restauração é o que tem um dos maiores crescimentos no crédito obtido. No primeiro semestre o valor aumentou mais de 19% para 5,94 mil milhões de euros. Estes dados são mais um indicador de que, regra geral, são as empresas de menor dimensão e ligadas ao turismo as que mais tiveram de procurar alternativas de financiamento para fazer face ao colapso das receitas.
Apesar do crescimento do crédito, dada a dimensão da crise, as empresas têm solicitado mais financiamento. No início do mês, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, anunciou que iria ser lançada uma nova linha de crédito no valor de mil milhões de euros para micro e pequenas empresas.