Digitalização, automação, inteligência artificial, cloud, machine learning. Hoje, é raro passarmos um dia sem depararmos com notícias sobre o impacto da digitalização, da inteligência artificial ou da realidade virtual no mundo do trabalho. A repercussão e o ritmo da disrupção tecnológica nas organizações estão a aumentar e, para estarem preparadas para a mudança, as empresas precisam de apostar numa cultura de inovação.
Segundo dados do estudo da ManpowerGroup sobre Liderança na Era Digital, em poucos anos veremos como 30% da receita das empresas advirá de novos modelos de negócio, o que vai obrigar a uma rápida adaptação à mudança. Mais do que nunca, as empresas precisam de estar preparadas para assumirem riscos calculados, corrigir estratégias e otimizar resultados.
Para tal, a transformação tem de começar no topo da pirâmide. Os líderes da era digital necessitam de adotar uma nova forma de conduzir as organizações, mais preparada, e que pense antecipadamente o negócio de forma a captar oportunidades e a aumentar a competitividade. Segundo o estudo The Digital Advantage da Capgemini Consulting, as empresas que adotam a transformação digital são 26% mais rentáveis do que os seus concorrentes e beneficiam de um valor de mercado 12% mais elevado.
Embora a disrupção tecnológica não seja uma novidade, a verdade é que os ciclos de negócios são hoje mais curtos. Atualmente, as organizações têm menos de seis meses para se adaptarem à mudança. E ser capaz de fazer essa transformação, de forma rápida, pode significar a diferença entre falhanço e sucesso.
Estamos preparados?
Mas a questão fulcral não é se as organizações estão a fazer o caminho da transformação digital, mas se estão preparadas para esta mudança. E a verdade é que a maior parte das empresas, mesmo aquelas mais adiantadas neste caminho, considera que o seu fluxo de trabalho e os seus líderes não estão ainda preparados para enfrentarem os desafios da transformação digital. A mentalidade prevalente e o desafiar das competências adquiridas, assim como a resistência a novas formas de trabalhar e o facto de se sentirem “esmagados” pela complexidade do processo, impedem muitas organizações de alcançarem uma transformação digital efetiva.
Os líderes de hoje têm de ser capazes de manter os negócios a funcionar, enquanto se preparam para um futuro diferente e incerto.
Atualmente, 89% dos líderes de negócios referem estar a planear, testar e implementar iniciativas digitais, 47% dos CEO já iniciaram a transformação digital e 34% compreenderam já o contributo da transformação para o crescimento do negócio. Onde quer que as empresas estejam na sua jornada digital, o rumo é claro: elas precisam de ser ainda mais ágeis a curto prazo, enquanto se adaptam a longo prazo.
Isto significa que os líderes de hoje têm de ser capazes de manter os negócios a funcionar, enquanto se preparam para um futuro diferente e incerto. Perante este cenário, o imperativo para encontrar os líderes certos, que conduzam aos comportamentos certos, nunca assumiu tamanha importância.
Contudo, é um facto que os métodos existentes para identificar e desenvolver líderes têm de ser repensados, e 87% dos responsáveis de recursos de humanos não acreditam ter o talento de liderança necessário para conduzirem as empresas ao sucesso. O fosso entre a ideia tradicional do que é uma liderança eficiente e o que é, na realidade, necessário para alcançar uma performance sustentada na era digital começa a ser cada vez mais evidente.
Identificar e cultivar os novos líderes digitais
Mas a boa notícia é que a liderança na era digital não significa uma substituição total dos atributos fundamentais para uma liderança eficaz. O mais eficaz é a aplicação da regra 80/20. Ou seja, 80% das competências que sempre tornaram os líderes eficazes devem permanecer as mesmas. Falamos de características como a adaptabilidade, motivação, resiliência e inteligência que, associadas à curiosidade, à learnability ou à capacidade de aprender, ao conhecimento e às competências digitais, assumem uma importância ainda maior, perante a necessidade de liderar uma rápida transformação digital.
Claro que, além destas características ditas convencionais, um líder preparado para a transformação digital precisa de demonstrar, de forma consistente, que também dispõe dos restantes 20% de competências necessárias, que compreendem questões como a capacidade de desencadear talento, de melhorar a performance e a audácia para liderar.
Hoje, as organizações têm menos de seis meses para se adaptar à mudança. E ser capaz de fazer essa transformação, de forma rápida, pode significar a diferença entre falhanço e sucesso
Em resumo: para liderar na era digital, os líderes de negócios necessitam de combinar o melhor da inteligência humana com a tecnologia e uma visão de futuro. Todas as organizações, seja qual for o seu estádio de transformação, terão de identificar, cultivar e desenvolver a sua atual força de trabalho e os seus futuros líderes, de forma a potenciar o que é humanamente possível no mundo digital.
Os líderes que conseguirem conduzir a estratégia da organização, definir uma cultura de inovação e transmitir uma visão e um rumo muito claros aos colaboradores conseguirão transformar, com sucesso, as organizações.