Porque é que a onda de populismo que já teve impacto em vários países europeus não chegou ou não se faz sentir em Portugal? O ministro Adjunto e da Economia tem uma explicação. Ou melhor, um “segredo”: distribuir bem e de forma justa o resultado da recuperação económica do País nos últimos anos.
“Penso que o segredo, aí, é que a população perceba que, embora tenhamos sofrido juntos durante a crise, os frutos da recuperação são amplamente dispersos e distribuídos de forma justa,” defendeu Pedro Siza Vieira esta quarta-feira a partir de Davos, a estância suíça onde a elite financeira e económica está reunida até amanhã no Fórum Económico Mundial.
Em declarações à estação de televisão CNBC, o ministro sublinhou a “forte recuperação” da economia nos últimos três anos, a descida do desemprego e a subida das exportações e dos salários para exemplificar os “frutos da recuperação,” depois da política de devolução de rendimentos levada a cabo pelo Governo socialista no pós-troika com o apoio da esquerda parlamentar.
“A Europa tem sido uma promessa de paz, democracia e prosperidade e quando a população sente que isso está a faltar, o descontentamento surge. Politicamente, estamos muito preocupados em que todos recebam o seu quinhão da recuperação,” acrescentou o governante.
No vídeo com cerca de três minutos, Pedro Siza Vieira mostrou-se otimista perante o cenário de arrefecimento económico nas principais economias da Zona Euro, considerando que fatores como a descida do rácio da dívida pública (que continua a ser a terceira mais alta da União Europeia) e privada sobre o PIB e o excedente externo deixam o país em “boa forma” e insistindo que as projeções apontam para que Portugal continue a crescer nos próximos anos acima da média europeia.
Se isso acontece no caso do FMI – que esta semana reviu em baixa as perspetivas para os 19 países do euro, para um crescimento de 1,6% em 2019 e nas últimas estimativas, anteriores a esta revisão, esperava que a economia portuguesa avançasse 1,8% – já no caso da Comissão Europeia é esperado que Portugal cresça 1,8%, abaixo da média de 1,9% projetados para a Zona Euro. As previsões do Governo, inscritas no Orçamento do Estado, apontam para um crescimento de 2,2% da economia nacional no final deste ano.
Na entrevista à CNBC, Siza Vieira admitiu ainda que a crescente exposição internacional da economia, em particular ao mercado intracomunitário, traz desafios ao País: “A recuperação tem sido sustentada em crescimento significativo do investimento privado e exportações e, quando passamos de uma economia em que as exportações passam de 30% para 44% do PIB, ficamos dependentes da evolução da procura externa.”