Falar de sustentabilidade social das empresas é falar, também, de diversidade. O conceito alargou-se com a pandemia e contém, hoje, (quase) tudo o que compõe a individualidade de cada um. Deixou de ser (apenas) o óbvio – como a raça, o género ou a idade – para incorporar a diversidade de modos e rotinas de trabalho, de pensamento, de dinâmicas familiares, de diferentes formas de encarar a vida. E, por isso, Vanda de Jesus, especialista em transformação digital, não hesita em afirmar que, no mundo do trabalho, “o maior desafio atual é sobre lideranças. Gerir a diversidade no local de trabalho será a sua tarefa”.
O novobanco, juntamente com os media partners VISÃO e EXAME, e os parceiros estratégicos Nova SBE e PwC Portugal, reúnem esta quinta-feira especialistas, empresas e decisores políticos para refletirem sobre os padrões de sustentabilidade – ambiental, social e de governança corporativa – que desafiam organizações e comprometem o futuro global.
Num painel moderado por Margarida Vaqueiro Lopes, Editora da revista EXAME e autora da rúbrica “Girl Talk”, Anne Laure Fayard, Professora de Social Innovation da Nova SBE, Claúdia Lourenço, General Manager da Procter & Gamble e Vanda de Jesus, com larga experiência executiva e consultiva em projetos de transformação digital, juntaram-se para discutir o futuro do trabalho.
Remoto, presencial ou híbrido? Certamente flexível e diverso, assim será o futuro do trabalho. Num mercado fortemente concorrencial, a necessidade de captar e reter o talento obriga as empresas a maior flexibilidade. A especialista na área, nota que, no digital, quem quer contratar profissionais “tem de ser remote first, caso contrário perdem talento” e salienta que a função de gestores e líderes é criar as condições que permitam a cada trabalhador tomar as suas próprias de decisões. “Eu vou ao escritório todos os dias, porque gosto de estar com pessoas, mas isso sou eu. As pessoas não têm de ser como eu”.
Uma revolução no pensamento de empresas e trabalhadores, que terá sido acelerada com a pandemia, mas que já estava patente nas novas gerações. Para Anne Fayard, movimentos como o The Great Resignation são um sinal de “uma maior reflexão sobre o que o trabalho significa. E isso já está refletido na geração Z. Há quatro ou cinco meses, o New York Times publicou um artigo sobre as dificuldades dos millennials em gerir a geração Z – e eu, que não pertenço à geração millenial, fiquei muito contente em saber que até os eles têm dificuldade em gerir esta geração. Eu ensino geração Z e às vezes fico incomodada com a falta de entusiasmo deles com o que estão a fazer, mas se calhar isso é algo positivo, que nos leva a repensar o projeto”.
Se a questão é geracional, e estrutural, como liderar? Claúdia Lourenço diz ter a sorte de trabalhar para uma empresa que, há quase dois séculos, coloca as pessoas no centro das suas políticas. “Esta empresa, foi a primeira, nos EUA, em 1887, a dar o sábado aos seus trabalhadores, imaginem. E no mesmo ano, foi a primeira empresa a partilhar os lucros com os seus empregados. Essa é a chave, no séc. XIX e hoje – colocar as pessoas no centro. Para mim é fácil liderar, limito-me a seguir essa inspiração”. Para a responsável da Procter & Gamble, liderança é uma questão de serviço: “Na maioria das vezes, eu sou a pessoa na sala que sabe menos sobre o tópico sobre o qual vamos decidir. E sinto-me muito confortável com isso. Porque o meu tempo é dedicado a construir a equipa e a garantir que têm todos recursos necessários. Para mim, liderar é servir, ouvir, cuidar e aprender”.