Nas últimas duas décadas, a ideia das antigas Cruzadas tem aflorado de novo aos espíritos, à medida que um velho fantasma parece reaparecer no nosso subconsciente. Primeiro foram as ameaças verbais e físicas que a Al Qaeda dirigiu ao Ocidente; depois, a invasão do Iraque, numa aventura a que não faltaram os Corações de Leão, Barbarruivas e Saladinos dos novos tempos; agora é a ofensiva do Exército do denominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante que nos faz evocar tempos idos. Existirá de facto um confronto permanente e latente entre dois mundos, a velha Cristandade (a que agora chamamos Ocidente) e o Islão? Mais do que choque, existe complementaridade.
O ser humano é uno, e as ideologias laicas ou religiosas apenas servem para justificar a emergência de interesses inconfessáveis. Longe de insistir em separar, o importante é unir frações desavindas de um mundo multifacetado e, por isso, belo.
Seja como for, o pretexto é excelente para que evoquemos e tentemos compreender a época das Cruzadas as “verdadeiras”, aquelas que se desenrolaram entre os sécs. XI e XIII; foi essa a época que assistiu à primeira expansão europeia para fora dos limites do continente. Foi também a que definiu muitos dos contornos do nosso quotidiano, desenhado pelo intercâmbio de conhecimentos, gostos e hábitos.
Ex Oriente lux, diziam os latinos; ora, depois dos séculos sombrios, o facho dessa luz que do Oriente nos iluminou foi transportado pelos árabes, co-atores dos franj (como chamavam aos cruzados) numa história de amor-ódio.
Para tanto, recorremos a um painel de historiadores e investigadores da Idade Média, coordenado por Hermenegildo Fernandes e José Varandas, professores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e responsáveis pelo Centro de História daquela instituição.
Com a sua inestimável colaboração, que agradecemos, foi desenhada e elaborada a revista que o leitor tem agora nas mãos.
Uma cuidada recolha iconográfica e uma cartografia tanto quanto possível clara, didática e atrativa integram esta edição, empreendida na linha divulgadora mas rigorosa que vem animando desde o início a VISÃO História.
Sumário:
Linha do Tempo
As Cruzadas do Oriente…………………………………………………..4
Mapa Os caminhos da guerra……………………………………6
O MUNDO DAS CRUZADAS
A luta pelo Mediterrâneo……………………………………………….8
Cronologia………………………………………………………………………………….16
A Europa a caminho da Terra Santa………………….20
No coração de uma época…………………………………………..24
O saque de Constantinopla………………………………………..28
Os novos poderes islâmicos ……………………………………..32
A GUERRA
Um conflito em larga escala………………………………………38
‘Guerra Justa’ e ‘Guerra Santa’………………………………39
Alarcos, a última vitória almóada…………………………43
Hattin, a grande vitória muçulmana………………….46
O cerco e a queda de Jerusalém……………………………48
Mapa Reconquista a ocidente…………………………………50
Lisboa na rota dos cruzados……………………………………..52
A tomada de Silves…………………………………………………………….58
Ordens militares,
as unidades de elite………………………………………………………….60
FIGURAS
Leonor de Aquitânia,
nas origens do amor cortês……………………………………….66
Saladino, entre a Jihad e a cavalaria………………….68
Frederico II, o mestre da ‘realpolitik’…………………69
Baybars, o sultão mameluco…………………………………….70
Godofredo de Bulhão, o rei sem coroa…………….70
Ricardo I de Inglaterra, ‘Coração de Leão’……71
IMPACTOS
A nova vida do Ocidente……………………………………………….74
A circulação das ideias num
espaço desunificado…………………………………………………………78
Jerusalém, no horizonte medieval………………………83
Cairo, o coração fatímida…………………………………………….84
Constantinopla, a grande metrópole………………..85
Damasco, ‘paraíso do Oriente’………………………………..86
Palermo, árabe e nómada……………………………………………87
Sevilha, a ‘nova Córdova’……………………………………………..88
Lisboa, da Alcáçova ao ‘souq’………………………………….89
OUTROS TEMPOS
Cruzadas depois das Cruzadas………………………………92
Califado e jihadismo………………………………………………………..94
Livros, era uma vez………………………………………………………….96
O olhar dos árabes………………………………….