Diz-se que a verdade vem sempre à tona, e as esculturas de Soraia Domingos, expõem verdades que não podemos ignorar. Feitas a partir de quatro toneladas de plástico e resíduos não passíveis de serem reciclados recolhidos pela Brigada do Mar ao longo da costa portuguesa, bem como de redes de pesca perdidas no oceano e recolhidas pela Marinha Portuguesa, integram a missão do projeto TransforMAR, desenvolvido pelo LIDL, com o intuito de sensibilizar os portugueses para a preservação do nosso litoral.
Segundo o Parlamento Europeu, mais de 80% do lixo encontrado nas praias da União Europeia é plástico, na sua maioria de utilização única. Por sua vez, um relatório da ONU (“Da Poluição à Solução: Uma Análise Global sobre Lixo Marinho e Poluição Plástica) estima que “até 2040, os mares devem receber entre 23 e 37 milhões de toneladas destes resíduos por ano”. A crise é global, mas em Portugal, um país com mais de 900km de costa, torna-se mais difícil de contornar sem o esforço de todos.

É por isso que a cadeia de supermercados LIDL, em colaboração com o Electrão, procura apelar à cidadania dos portugueses. Enquanto na região Centro do país, perto do paredão da praia da Nazaré, Soraia Domingos criou uma onda gigante de resíduos, descrita como “o canhão que ninguém quer surfar”, uns quilómetros mais a norte, em Vila Nova de Gaia, um “labirinto de redes de pesca” pretende ser uma experiência imersiva representativa do estado atual dos oceanos e do perigo para as espécies marinhas, alertando para esta problemática de abandono das redes de pesca no oceano. A mesma pode ser apreciada junto à ciclovia e Praia das Pedras Amarelas, em Canidelo. Finalmente, no Sul, na praia da Rocha, em Portimão, uma tartaruga feita de resíduos leva-nos a refletir sobre o futuro das espécies marinhas.
Nas palavras da artista, estas instalações “deixam de ser os resíduos que estavam a poluir e a destruir os habitats e as vidas de várias espécies marinhas” para passarem “a ser os transmissores da mensagem de alerta para essa problemática.”

Há mar e mar, há ir e TransforMAR
Para além de alertar para a necessidade de preservação dos oceanos, o projeto TransforMAR, desenvolvido em parceria com a Electrão e com o apoio da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), Brigada do Mar, Marinha e Quercus, procura sensibilizar os veraneantes para a reutilização, reciclagem e redução de materiais plásticos.
Promovendo um modelo de economia circular, cada edição retornou à comunidade, sob a forma de bens ou valor, o plástico recolhido ou transformado; no caso desta 5ª edição, em t-shirts fabricadas em Portugal, 100% derivadas de plástico reciclado.
Desde o seu lançamento em 2018, já foram recolhidas mais de 110 toneladas de plástico nas praias de norte a sul do país. Mas, tal como o mar que se perde no horizonte, este é ainda um projeto com muito para dar.