A 12ª edição do EDP University Challenge está em fase de avaliação de projectos. Novidades sobre os semifinalistas só vamos ter em Setembro, mas esta é uma boa oportunidade para perceber como estão alguns dos vencedores das edições anteriores desta iniciativa que visa aproximar o mundo empresarial do académico. Saber de que forma é que a participação neste desafio lhes marcou a vida profissional. E descobrir se voltariam a embarcar nesta aventura.
Tiago Luís (34 anos, gestor) venceu o EDP University Challenge de 2009. É o participante mais antigo com quem falámos e tem a particularidade de ter concorrido duas vezes, em dois anos consecutivos, ao University Challenge. “O primeiro ano foi essencialmente uma experiência de aprendizagem e humildade, na medida em que não tendo ganho (de facto, estivemos longe disso) percebemos que estávamos ainda muito longe do nível exigido para vencer uma competição universitária como esta (que reunia alguns dos melhores alunos das melhores universidades de gestão, marketing e comunicação do país), pelo que numa segunda hipótese teríamos que estar bastante melhor preparados. Assim aconteceu em 2009, ano em que vencemos a competição com um projecto bastante mais complexo e consistente. Nesse ano em concreto o tema da edição foi «A EDP e as Energias Renováveis: um futuro lado a lado»”, conta.
Curiosamente, é na área de Comunicação e Sustentabilidade da EDP Comercial que hoje trabalha. O Challenge foi o primeiro projecto com ligação ao mundo profissional na sua área de estudo. “Foi uma experiência que complementou sobremaneira a minha aprendizagem académica e que, simultaneamente, acelerou o meu processo de maturação profissional, na medida em que me permitiu trabalhar precocemente num cenário muito próximo do real. Lembro-me, na altura, de ter a distinta convicção de o projecto me ter permitido – e aos meus colegas de grupo – ganhar um avanço considerável face à maioria dos meus colegas de turma no que diz respeito ao conhecimento teórico, e acima de tudo à preparação para o mercado de trabalho”, recorda.
Capacidade de aprendizagem e superação, perseverança e humildade são alguns dos aspectos que Tiago Luís retém desta experiência que teve ainda enquanto estudante e que lhe marcaram o percurso profissional.
Eliana Valado (31 anos, gestora) também ficou pela EDP, neste caso a Renováveis, em Madrid, onde desempenha a função de Gestora de Comunicação Digital, no seguimento do projecto apresentado por si e pelo seu grupo, sobre “Sensibilização da População Portuguesa relativamente à Eficiência Energética”. “O tema já era premente na altura, e deu-nos muito gozo fazer este projeto e dar asas à imaginação sem limitação de budget”, recorda a vencedora do EDP University Challenge já lá vão oito anos.
Se repetiria a experiência? “Sem dúvida. Não só pelo percurso que me permitiu traçar até aqui e que já soma projectos tao díspares como um Relatório e Contas, uma experiência na rádio, uns quantos sites, acompanhar um blog e até estar nos bastidores do University Challenge, mas porque permite criar, divagar e acima de tudo sair da zona de conforto. Quando dás por ti estás em cima de um palco a vender a tua ideia, a ser marketeer no verdeiro sentido da palavra”, afirma.
Ana Guerra (23 anos, gestora de marketing) considera que o EDP University Challenge, que venceu em 2016, foi dos projectos mais completos que teve na faculdade. “Fomos conhecer verdadeiramente a realidade com que estavamos a trabalhar, analisamos o que foi feito lá fora, fizemos vários questionários, entre outros métodos para conseguir chegar às melhores soluções. Este projeto exigia não só a aplicação de conhecimentos de Marketing como a nível de Gestão, Estratégia, Finanças e até Recursos Humanos, o que tornou o desafio muito mais interessante. Felizmente também houve possibilidade de explorar outros modelos e conceitos nunca antes falados nas aulas”, recorda.
Hoje, enquanto PR & Social media Manager da marca Xbox da Microsoft Portugal, destaca que o facto de ter sido um projeto que exigiu uma pesquisa e aprendizagem 360 foi fundamental para o seu trabalho. “Estou constantemente a implementar ideias novas e ter de resolver problemas com os quais nunca me deparei”, frisa.
Já Inês Correia (20 anos, estudante) ainda não consegue avaliar o peso que a participação no EDP University Challenge – foi a vencedora da edição passada e ainda está a terminar a licenciatura – teve na sua carreira. Aluna do curso de Audiovisual e Multimédia da Escola Superior de Comunicação Social, Inês destaca a importância dos conhecimentos e métodos de trabalho adquiridos no decorrer do projecto: “aprendi bastante no Pitch Bootcamp sobre empreendedorismo, as áreas de gestão e negócios que não estavam directamente relacionadas com a minha área, e por isso foi uma mais valia”. Mas não tem dúvidas de que voltaria a viver esta experiência: “houve um excelente trabalho de equipa e acho que foi uma parte importante para a realização deste projecto. Se concorresse novamente não seria sozinha pois acho que o trabalho de equipa e o facto de haver partilha de conhecimentos, opiniões e experiências é fundamental para concretizar um projecto bem sucedido”.
Empresas vs. universidades
Um dos objectivos desta iniciativa é também aproximar a EDP do conhecimento e talento existentes no mundo académico, contribuindo, em simultâneo, para a formação de novas gerações, pondo-as em contacto com as dinâmicas da realidade empresarial. Nessa matéria, e segundo a opinião de todos os vencedores contactados, é um projecto vencedor. “Tempos houve em Portugal em que estes dois mundos andavam praticamente de costas voltadas, como se pertencessem a realidades alternativas sem qualquer tipo de interconexão. Contudo, apesar de a tendência ser de evidente melhoria, tal não significa que o cenário atual seja idílico. Há ainda muito por fazer com vista a incentivar a cooperação entre o sector empresarial e as universidades que permita aumentar exponencialmente os investimentos em I&D e o desenvolvimento de uma cultura de empreendedorismo, que facilitem a valorização e monetarização da excelente ciência que se faz em Portugal e que acredito constituírem condições absolutamente vitais para o crescimento, diferenciação e competitividade da economia nacional. Espero que lá possamos chegar num futuro não muito distante”, considera Tiago Luís, secundado por Eliana Valado: “havia uma grande lacuna no ensino, porque nos dotavam de ferramentas teóricas mas tínhamos pouco contacto com a realidade empresarial. Neste tipo de concursos, há uma aproximação ao mercado de trabalho porque estás a dar resposta a um briefing lançado por uma marca e entregas uma proposta como se fosses uma micro agência. Quem te avalia é a marca e a análise que fazem é meramente estratégica e empresarial. Não és penalizado porque não referiste o tal autor no quarto parágrafo”.
Eliana conclui ainda que “em 10 anos a oferta aumentou, e há oportunidades para todas às áreas do saber”, sendo que Ana Guerra sente que cada vez mais surgem organizações onde os estudantes podem aplicar os ensinamentos em projectos reais. Porém, isto ainda depende muito da cultura da universidade em si e não propriamente do programa curricular. “Reconheço que ainda há muito caminho para fazer e estou entusiasmada para ver novas colaborações entre empresas, universidades e até escolas”, refere.