Numa das pontas do corredor principal do moderno edifício da NATO, em Bruxelas, fica o salão do Conselho do Atlântico Norte, conhecido pela sigla NAC. As instalações são excelentes. Tem, no centro, uma enorme mesa oval, com abertura ao meio, para que os repórteres fotográficos ali acreditados façam o seu trabalho, no início das sessões. Mas as reuniões são secretas: num dos extremos da mesa, senta-se o secretário-geral, o neerlandês Mark Rutte e, ao seu lado direito, o comandante supremo aliado da Europa em exercício, general Christopher Cavoli. Há pelo menos dois écrãs gigantes que permitem ouvir comunicações efetuadas remotamente, como as do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nos primeiros meses de guerra, em que não saía da Ucrânia. Há sinais luminosos a recordar a todos os participantes que as discussões ali mantidas são classificadas como segredo da NATO. Telemóveis ficam à porta.
O comandante supremo aliado da Europa (na sigla, o SACEUR), que encontrámos, no início desta descrição, sentado ao lado de Rutte, tem sido sempre, desde Eisenhower (em 1951), um norte-americano, que acumula com as funções de supremo comandante de todas as tropas dos EUA estacionadas na Europa. Em tempos de guerra, esse papel pode significar acesso ilimitado às informações da inteligência dos EUA, bem como aos seus recursos, incluindo as armas atómicas. E há mais funções-chave, desempenhadas pelos americanos: o comando de forças aéreas e terrestres e o comando das forças da NATO no Mediterrâneo.
Esta semana, o Washigton Post revelou um memorando interno da Administração Trump em que se admite o corte total (repetimos,total) de financiamento para a NATO (e igual, medida para a ONU e diversas organizações e projetos de assistência humanitária em todo o mundo).
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