Cadernos e manuais, lapiseira e canetas de cor, lápis, borracha e afiadeira. Nalguns dias, o compasso; a régua e o esquadro. Noutros ainda, o saco para a educação física. Quem nasceu até meados da década de 1990, não se recorda de ser preciso carregar muitos mais utensílios na mochila a caminho da escola. Apenas, talvez, uma bola de debaixo do braço, para usar naquele futebol caótico que se joga no cimento dos recreios, em que todos maltratam a bola, enquanto gritam “passa, passa, chuta, chuta”.
Hoje, porém, quem passar junto a uma escola à hora do intervalo não vê muito disto. Observa, muitas vezes, apenas silêncio. E grupos de crianças e adolescentes sentados no chão, enfileirados, de costas apoiadas à parede enrugada dos blocos, cabeças curvadas, segurando com as duas mãos um ecrã iluminado, que é mantido à distância de apenas cinco centímetros dos olhos. Ao lado, podem estar as/os melhores amigas/os, mas poucas palavras trocam até a campainha voltar a tocar para a aula seguinte. Se comunicam, por vezes, é porque ainda lhes restam dados móveis para gastar em mensagens tecladas entre si.