No já “longínquo” outono de 2021, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa criou uma regra – não escrita – que, desde então, passou a condicionar a vida política portuguesa; a de que um Governo não pode sobreviver se o Orçamento do Estado que apresentar for chumbado no Parlamento. Com essa sua interpretação, Marcelo acabou por ditar o fim da Geringonça e, em simultâneo, abriu o caminho que, poucos meses depois, permitiu a maioria absoluta conquistada pelo PS de António Costa.
As circunstâncias mudaram, mas o veredito que paira no ar continua a ser o mesmo: o PSD de Luís Montenegro governa com maioria relativa, mas parece ter a sua sobrevivência dependente da aprovação do OE que apresentar dentro de poucas semanas, que está dependente do “chumbo” ou não do PS, agora liderado por Pedro Nuno Santos.
O imbróglio está montado, bem como a novela que vai marcar os próximos dias: todos os partidos esticam a corda e, num coro desafinado a várias vozes, ameaçam levar o País de novo para eleições. O guião é evidente: Montenegro repete o discurso de vitimização do “deixem-nos governar”, celebrizado por Cavaco Silva, enquanto Pedro Nuno Santos procura mostrar-se firme e vai impondo “linhas vermelhas” dificilmente consensuais. Pelo meio e mesmo contra a sua natureza, Marcelo Rebelo de Sousa faz todos os esforços para permanecer em silêncio, ao mesmo tempo que André Ventura procura todas as oportunidades para se tentar imiscuir numa conversa para que, aparentemente, ninguém o quer convidar ou ter por perto.
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