Sempre que um governo ou até uma universidade propõe a criação de novos cursos de Medicina já se sabe o que acontece no País das urgências fechadas por falta de médicos: corre a Ordem respetiva, acompanhada no coro por alguns sindicatos, a clamar que não são precisos mais médicos em Portugal.
Estamos a assistir agora a mais um episódio desse folhetim, desde que, na festa do Pontal, e perante o acumular de problemas nos serviços de urgência, o primeiro-ministro Luís Montenegro anunciou a criação de dois novos cursos de Medicina nas universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro e de Évora, com o objetivo de “tratar estratégica e estruturalmente” os problemas que afetam o País na área da Saúde.
Claro que não será a abertura de novos cursos a resolver o problema imediato que se vive nas urgências. Só dentro de uma década, na melhor das hipóteses, é que esses futuros médicos poderão estar a colmatar as faltas de especialistas que agora se verificam, nomeadamente nas urgências de Obstetrícia e Ginecologia do Serviço Nacional de Saúde, com todos os problemas a que temos assistido nas últimas semanas. Como também é discutível que o Governo, por si só, tenha o poder de abrir esses novos cursos e, muito menos, de indicar qualquer prazo fiável para que os mesmos entrem em funcionamento.
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