Pode parecer estranho, mas há um facto que era melhor que se começasse a entranhar: as eleições europeias que se vão realizar daqui a precisamente um mês, a 9 de junho, podem vir ter muito mais influência nas nossas vidas do que as legislativas realizadas a 10 de março último e que conduziram à formação do atual governo. Hoje, quando se celebra o 74.º aniversário da declaração Schuman que conduziu à criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, precursora da atual União Europeia, é um bom momento para o lembrar.
Durante 24 horas, celebramos o Dia da Europa e, por essa razão, alguns monumentos aparecem iluminados com as cores da UE e, um pouco por todo o lado, realizam-se diversas iniciativas para assinalar a data. Este é o dia dos grandes discursos sobre o sonho europeu e em que, por instantes, até podemos ficar com a ideia de que o futuro da União Europeia vai passar a ocupar o centro do debate político.
No entanto, o mais certo é que tudo isso, mais uma vez, não passe de uma ilusão. É verdade que, segundo o Barómetro da Política Europeia realizado para a Fundação Francisco Manuel dos Santos, os portugueses até se afirmam como uns dos maiores defensores do projeto europeu, no conjunto dos 27 estados-membros. Mas também é verdade que, como revela um outro estudo, da Euroconsumers, mais de metade dos portugueses não consegue identificar o nome de um eurodeputado que o representa nas instituições europeias. E um terço dos eleitores afirma, desde já, que não pretende deslocar-se às mesas de voto daqui a um mês – nas eleições que, historicamente, têm já as maiores taxas de abstenção, comparativamente com as outras.
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