“Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?” A pergunta de retórica está na Bíblia, Evangelho segundo Mateus, como forma de identificar falsos profetas, e podia ecoar na Conferência Episcopal Portuguesa nos dias de hoje. Como pode uma Igreja espalhar a voz de deus, amar e ser amada, se no seu seio há espinhos e ervas daninhas?
A resposta, perante os relatos sérios dos abusos sexuais no seu seio, parece óbvia para crentes e não crentes, mas as hierarquias da Igreja Católica em Portugal teimam em não o reconhecer e agir, à revelia do que mais uma vez pediu o Papa Francisco esta semana. E assim deixam adensar aquela que é vista por muitos como a maior crise moral e existencial da instituição em cinco décadas, desde a Reforma.
Ainda não foi desta que os Bispos portugueses deram uma resposta firme como esperava o Presidente da República perante o que identificou como “desilusão”. Depois das críticas contundentes do Chefe de Estado, veio apenas uma espécie de retratação pífia da Igreja. Em comunicado, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa declarou-se ontem comprometido com uma política de “tolerância zero” perante os abusos sexuais na Igreja Católica.
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